PSOL lança Dinha Souza pré-candidata a vice-prefeita; ex-PT critica adesão do partido a Aprígio

Governo Aprígio 'não me representa', reprova Dinha, que foi filiada ao PT por mais de 20 anos; ela será vice de Nil Félix, 'uma pessoa com história de luta muito bonita', diz

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Dinha Souza, ex-filiada do PT, é lançada pré-candidata a vice-prefeita pelo PSOL-Rede ao lado de Nil, sob aplausos do ex-vereador Paulo Félix (dir.), pai da professora | Divulgação

O PSOL, em federação com a Rede, lançou no sábado (6) Cláudia Souza, a Dinha, como pré-candidata a vice-prefeita de Taboão da Serra na chapa da professora Nil Félix, em ato no “Casarão da Luta”, de movimentos de sem-teto na cidade. Dinha era filiada ao PT, há 24 anos, mas deixou o partido por conta do alinhamento político de militantes petistas ao governo Aprígio (Podemos). Pelo menos 12 membros do PT ocupam cargos – com altos salários – no Executivo.

Dinha, de 55 anos, preta e feminista, formada assistente social, é educadora popular, pela valorização da cultura negra e contra o racismo. Ela foi a candidata a vereadora mais votada pelo PT em 2020 (380 votos). Ela demonstrava certo incômodo no PT desde que a sigla aderiu a Aprígio, no ínicio do governo, por conta de um parceiro de militância, Gerusael Ribeiro, ser tratado pelo prefeito como desafeto. Em 2021, Aprígio vetou Geru ao receber dirigentes petistas no gabinete.

Dinha falou com o VERBO. Ela não esconde que deixou o PT por aderir a Aprígio. “Por divergências ao apoio ao governo, que não me representa. Durante a minha militância, me tornei defensora das políticas públicas, e não vejo nenhum investimento nos segmentos em que mais atuo, na luta pelas mulheres vítimas de todo tipo de violência, contra o racismo, na defesa da moradia, do transporte público de qualidade, do diálogo com os trabalhadores”, afirma.

“Em Taboão, o recurso para a saúde e a cultura é vergonhoso”, critica Dinha. Ela vê ainda que o Executivo “oculta” parceria com o governo federal – Aprígio está alinhado ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), bolsonarista. “Outra questão relevante é a prática de ocultar os benefícios feitos pelo governo Lula no município. Como o partido caminha a passos largos para apoiá-lo [Aprígio], eu não tive alternativa a não ser me afastar, não compartilho dessa decisão”, diz.

Dinha também cita afinidades com a colega de chapa e o novo grupo político. “Conheço muito bem a trajetória da companheira Nil Félix, uma pessoa que tem uma história de luta muito bonita, defensora da educação, do direito à moradia, da cultura, saúde, entre outros. Conheço também a história de luta do PSOL, partido de esquerda que sempre respeitei por defender as pautas que acredito serem extremamente importantes para garantir a inclusão social”, afirma.

“Quando fui convidada pelo PSOL para ser candidata a vice, entendi que se eu queria fortalecer as minhas lutas esse era o caminho certo, apesar de ter laços fortes com o PT por ter militado por muitos anos e ter total segurança de que é o partido que estabeleceu a maioria das políticas públicas. Mas infelizmente o caminho que está sendo desenhado pelo partido em Taboão não me deixou alternativa senão me afastar”, enfatiza Dinha, em nítida frustração com o rumo do PT.

O PSOL-Rede é a única das seis candidaturas com definição do nome à vice-prefeitura. No ato, a federação apresentou também a chapa de pré-candidatos a vereador – 14. O grupo fala em “efetivamente disputar a prefeitura e eleger 2 ou 3 vereadores”, porém, reconhece que não será fácil. “Mas não nos falta disposição, convicção de nossas ideias e a certeza de que se faz necessário derrotar o bolsonarismo e o atraso na nossa cidade, seja na prefeitura, seja na Câmara”, diz.

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