Taboão da Serra completa 65 anos com ‘polêmica’ municipalização da Régis e ‘apagão’ na segurança

Aprígio não soube explicar como o aumento de semáforos melhorará trânsito na BR-116, e governo não diz quando o sistema de videomonitoramento será restabelecido

Especial para o VERBO ONLINE

Carro ilhado na estrada São Francisco em frente a shopping; ARC retira câmeras após o governo Aprígio não renovar contrato e cometer 'vícios' em nova licitação | Divulgação

Taboão da Serra completa 65 anos nesta segunda-feira (19) com anúncio da polêmica municipalização da rodovia Régis Bittencourt – seis quilômetros na cidade – e em situação crítica sem precedentes na história do município, com “apagão” no sistema de comunicação e monitoramento da Guarda Civil Municipal. No aniversário, o prefeito Aprígio (Podemos) não entregará sequer uma obra para a população. Mas moradores receberam “presente” na véspera – nova enchente.

O governo Aprígio realizará o ato de municipalização da Régis às 11h, na futura sede da prefeitura. Com a medida, a rodovia (chamada de BR-116), do km 268,9 a 275,4 (início do município até a divisa com Embu das Artes), deixará de ser administrada pelo governo federal – e, por concessão, pela empresa Arteris – e passará para a prefeitura. Por conta da transferência de gestão, o evento terá a presença do ministro dos Transportes, Renan Filho, de acordo com o Executivo.

Segundo o informe do governo, o Aprígio diz que, “após a realização de estudos de viabilidade, inúmeras reuniões com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e outros órgãos, o trecho de Taboão da Serra da BR será nosso, será do povo”. Mas, ao contrário da fala ufanista, a ideia é rejeitada pela população. Aprígio também atraiu a oposição dos prefeitos da região por não apresentar nenhum projeto. Ele só o fez na sexta-feira (16) após duras críticas.

Aprígio ainda fala que a municipalização “irá impactar positivamente a vida de todos os moradores com a criação de novas conexões, facilidade de deslocamentos, menos tempo nos percursos”. Porém, entrevistado pela Rádio Bandeirantes na quinta-feira (15), ele se limitou a afirmar que vai implantar seis cruzamentos com semáforos no trecho e não soube explicar como a ação vai melhorar o trânsito. Ele fez comparação “equivocada” com a avenida Francisco Morato.

“É uma avenida que ninguém reclama, que tem vários cruzamentos, que tem várias opções para os motoristas saírem, e não vira a fila de trânsito. A gente quer esse modelo para Taboão”, disse Aprígio. No entanto, a Francisco Morato tinha longos congestionamentos com os mesmos cruzamentos existentes hoje e só passou a ter maior fluidez após total reconfiguração na mobilidade urbana local, com avenida paralela, chegada do metrô e a construção do próprio rodoanel.

“Vamos fazer o último retorno por volta de 2 quilômetros depois da Paulo Ayres [Parque Pinheiros]”, disse Aprígio. “O senhor está querendo fazer vários cruzamentos na rodovia?”, questionou o jornalista. “É o que os meus técnicos, o pessoal da engenharia recomenda”, respondeu. Diante da avaliação de que semáforos geram mais trânsito, Aprígio não convenceu. “Confesso que falei, falei com o senhor e estou com dificuldade de entender essa lógica”, encerrou o entrevistador.

Por outro lado, os moradores têm uma certeza, de que estão menos protegidos, sobre Taboão estar mais uma vez no noticiário “negativo” da imprensa. A TV Globo mostrou na sexta-feira (16) o “apagão no monitoramento da cidade”. “Esta cena, de retirada de equipamentos, deve se repetir por toda a cidade por pelo menos quatro dias. São mais de 80 câmeras, fixas e móveis, e que já estavam sem operar, ou seja, sem registrar nada, desde o fim do mês passado”, diz o “SP1”.

“O contrato com a ARC Comércio, Construção e Administração de Serviços foi encerrado em 20 de janeiro. Um mês antes, a prefeitura abriu uma licitação para contratar uma nova empresa. Mas, em 12 de janeiro, o Tribunal de Contas do Estado apontou erros e pediu a suspensão do processo. A então responsável pelo serviço enviou um protocolo para a prefeitura, reforçando o interesse na prorrogação do contrato, e alertando que os equipamentos seriam desligados”, relata.

O jornal informa que as imagens captadas pelo sistema de câmeras eram acompanhadas pela central de videomonitoramento da Guarda Civil Municipal, em tempo real. “Segundo GCMs, os monitores agora estão deste jeito, pretos, no escuro”, diz a repórter. O “SP1” ouviu um GCM sem mostrar o rosto, a pedido do guarda. Ele explicou que o sistema é fundamental para prisão de criminosos e reclamou das condições de trabalho. “Nós estamos às cegas”, critica o GCM.

Procurada pelo “SP1”, a prefeitura disse que “o contrato em discussão com a empresa ARC diz respeito à comunicação interna, entre viaturas, ambulâncias e departamentos, que já foi restabelecida com recursos do município”, e, por fim, informou acreditar “que até meados de abril terá um sistema mais moderno e eficaz”. O governo Aprígio não falou uma palavra sobre o tema da reportagem. “A nota não cita os serviços de videomonitoramento da cidade”, diz o apresentador.

A licitação foi suspensa, entre outros vícios, por fixar especificações técnicas idênticas à de um fabricante. Sobre o aviso, a Executivo não respondeu à empresa. “O [secretário Wagner Eckstein] Junior não quis recebê-la [sobre renovação do contrato]”, diz um munícipe que acompanha a gestão pública. Aos 65 anos, Taboão está vulnerável à criminalidade. E sem zeladoria. A cidade registrou neste domingo (18) novos alagamentos no largo do Taboão e na estrada São Francisco.

VEJA REPORTAGEM DO ‘SP1’ SOBRE ‘APAGÃO’ NO SISTEMA DE VIDEOMONITORAMENTO DE TABOÃO

Vídeo – TV Globo

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