Érica diz que ‘até hoje estive no governo’ e rompe com Aprígio; Luzia tenta impedir fala de ex-aliada

Vereadora indica fazer agora oposição após ter constantes pedidos de serviços não atendidos e ver reduto eleitoral ser 'invadido' por concorrentes a mando do Executivo

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Apoiadores de Érica repudiam Sandro em sessão solene; vereadora critica governo e rompe com Aprígio diante de queixa de Luzia, de braços abertos | AO/Verbo/Divulgação

A vereadora Érica Franquini (PSDB) rompeu publicamente com o prefeito Aprígio (Podemos) na quarta-feira (29) em situação muito constrangedora para o governo, durante sessão solene de entrega da medalha “Zumbi dos Palmares”, em homenagem a cidadãos negros de Taboão da Serra, e com intervenção destemperada da vereadora Luzia Aprígio (Podemos), mulher do prefeito, e cena “vexatória” para um parlamentar “submisso” ao Executivo, Sandro Ayres (Podemos).

Após meses de relação conflituosa com o “núcleo duro” do governo, comandado pelo secretário Wagner Eckstein Junior (Administração), genro de Aprígio – descrito como “prepotente” -, Érica deixou de apoiar o prefeito após ter constantes pedidos de serviços, sobretudo na região do Intercap, não atendidos por secretários. Ela ainda viu o Executivo “mandar” pré-candidatos a vereador “invadirem” o próprio reduto eleitoral, como Gilmar Emerson, o Gigante (Podemos).

Durante o dia, assessores de Érica bateram boca com Gigante durante poda de uma árvore que estaria sendo feita irregularmente, na rua Emica Noguti Seo, no Intercap. À noite, a vereadora levou apoiadores para a Câmara para se manifestar contra o Executivo. Antes da sessão começar, em reunião, Sandro teria provocado a colega, ao dizer que Érica tem um “problema gigante”, em referência ao concorrente, livre-nomeado do governo – “apadrinhado” de Luzia.

Ao discursar para entregar a medalha, Sandro foi alvo de protesto dos cerca de 30 apoiadores de Érica que estavam na galeria. Em defesa do “G-9” (governistas de apoio crítico ao Executivo), integrado por Érica, o presidente André Egydio (Podemos) também fustigou o colega, ao dizer que devia ter a mesma conduta de uma das pessoas que homenageou. “O senhor falou uma palavra importante: cultive essa amizade, cultive essa lealdade”, disse, ao apontar “traição”.

Sandro já tinha deixado a tribuna durante a fala de Egydio. Ele voltou e retrucou. “Eu nunca irei me corromper, sempre serei essa pessoa honesta, simples, humilde, que veio da periferia. E tenho lealdade ao governo Aprígio, que hoje faço parte”, disse. Sandro chegou a citar Luzia Aprígio, além do Podemos, para que visse que tem obediência “canina” ao prefeito. Ao reagir, porém, foi chamado por apoiadores de Érica, de forma chula, de “chupetinha”, e ouviu gritos de “Seja homem”.

Em meio ao clima tenso, Érica, com semblante de fúria – apesar das recomendações de “calma” de Egydio -, passou a ser o centro das atenções, com fala aguardada com grande expectativa. Apesar da sessão de homenagens, ela não adiou o anúncio do rompimento. Agradeceu aos apoiadores, diante de futura represália. “Vocês me emocionam. Mostram que são mulheres e homens corajosos, porque ‘vai’ vir investidas”, disse. Os livre-nomeados dela já foram demitidos.

Érica reforçou o tom ao saudar o vice-prefeito José Vicente Buscarini – nome vetado no governo – e agradecer ao secretário José Vanderlei (Transporte), “por todas as vezes que atendeu” ao ligar. “Infelizmente, fico triste por outros secretários que não atendem telefone de vereador”, criticou. Sob desgaste, Aprígio evitou ir à sessão e mandou Vanderlei como representante. Após fala sobre a luta da população negra, Érica mirou o Executivo e indicou passar a ser oposição.

“Dinheiro, nada me corrompe. Às vezes, você me ganha pelo amor. Mas pela força não me ganha […]. Sou uma mulher de garra, de coragem, de palavra. Até hoje eu estive no governo, defendendo e lutando, por tudo”, declarou Érica. Irritada, Luzia levantou e abriu os braços, reclamando que tal discurso era incabível. Porém, Egydio não interrompeu Érica. Alguns vereadores riram. Ao final, Érica prometeu entrevista para falar da decisão. Ela já recebe ataques do governo.

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