Secretário estadual de Saúde de SP diz que irá investir em telemedicina, ampliar vacinação e reativar leitos

Eleuses Paiva disse que Estado será 'referência em saúde digital'; em entrevista, ele afirmou que 'paciente continuará a ir até a unidade básica e será atendido via teleconsulta'

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Paiva com Tarcísio; novo secretário disse que um dos desafios é a implantação de filas únicas, regionalizadas, que terão como o foco inicial os procedimentos oncológicos | GSP

O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Eleuses Paiva, disse que vai investir em tecnologia para melhorar o atendimento à população, com fortalecimento da atenção primária (serviços nas UBSs), ao ser empossado nesta segunda-feira (9) pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em centro de convenções no centro da capital. Ele falou que outra prioridade é ampliar a campanha de vacinação, mas já foi reticente antes sobre a obrigatoriedade da imunização.

“Iremos investir em tecnologias digitais fortalecendo a atenção primária em saúde e a integração com a assistência de média e alta complexidade, promovendo assim a organização de redes assistenciais regionalizadas e hierarquizadas. Nosso objetivo é transformar o Estado em referência da saúde digital”, disse Paiva. Ao “Bom Dia São Paulo” (TV Globo) na quarta-feira (4), ele foi mais claro e disse que vai usar a telemedicina para desafogar as filas nas UBSs.

Paiva falou em fazer parcerias com instituições de ensino na saúde para permitir que especialistas atendam os pacientes nos postos, mas de forma remota, pelo computador. A estratégia seria uma alternativa à dificuldade da população em acessar a internet. “Modelo começa com as universidades, em pequenos municípios e, depois, ampliar para o Estado. […] O paciente continuará a ir até a unidade básica e será atendido via teleconsulta dentro da unidade”, disse.

Tarcísio demonstrou entusiasmo pelo modelo de atendimento. “São Paulo sempre foi referência em tudo, em especial em saúde. Como referência, vamos dar um salto tecnológico e levar a telemedicina para a ponta, aumentando a eficácia da atenção básica para descomprimir urgências e emergências” destacou. Ele indicou ter determinado que o secretário se empenhe pela iniciativa ao dizer que será um dos grandes trabalhos desenvolvidos pelo chefe da pasta.

Paiva frisou a importância da prevenção de doenças e o reforço da cobertura vacinal – única menção ao tema no informe do governo. Ao telejornal, ele disse que irá investir em campanha para ampliar a adesão, mas se esquivou sobre a obrigatoriedade da vacinação infantil. “O que nós queremos levar é informação para sociedade. Eu acho muito mais importante que a obrigatoriedade uma campanha de conhecimento, levar informações técnicas e científicas”, disse.

Na campanha eleitoral, Tarcísio se disse contrário à obrigatoriedade da imunização das crianças, apesar das exigências legais. As escolas de São Paulo têm obrigação, por lei, de informar o conselho tutelar caso os pais não apresentem o comprovante de vacinação dos filhos. A criança não deixa de ir a escola se não estiver vacinada. Mas, diz o Estatuto da Criança e do Adolescente, “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”.

Paiva também apresentou para o auditório lotado de profissionais da saúde e autoridades a preocupação com os leitos não utilizados. Ao telejornal, ele disse que “temos hoje sete mil leitos inativados no Estado de São Paulo ou por falta de custeio – o Estado não teve condições de custear adequadamente – ou por falta de recursos humanos”. Ele disse que dois andares do Icesp, hospital referência em câncer, estão inativos, mas prometeu sanar o problema em 90 dias.

O secretário disse ainda que a gestão assumiu o Hospital das Clínicas com 400 leitos desativados, o Hospital São Paulo com outros 380 e a Santa Casa com 300 leitos desativados. “Eu não tenho no orçamento deste ano custeio para esses 7 mil leitos fechados. Nós já estamos conversando com o governador Tarcísio para estarmos procurando custeio e montarmos gradativamente uma logística e para podermos ter esses leitos funcionando”, declarou Paiva na entrevista.

Paiva – médico e filiado ao PSD – disse ainda querer atuar com os prefeitos. “O SUS é tripartite. Temos que trabalhar juntos: Estados, Municípios e União para alcançarmos um SUS com serviços de qualidade e de forma oportuna. Estamos abertos ao diálogo e ao trabalho conjunto em prol da população de São Paulo”, afirmou, ao pontuar como principais desafios a implantação de filas únicas, regionalizadas, com foco inicial nos procedimentos oncológicos.

O prefeito de Itapecerica da Serra, Francisco Nakano (PL), e a superintendente (secretária) municipal de Saúde, Patrícia Nicastro, acompanharam a transmissão de cargo ao novo secretário. “Estamos trabalhando por uma parceria que vai trazer frutos a Itapecerica da Serra, com investimentos importantes nos próximos anos”, disse. Em agosto de 2021, Nakano prometeu a construção na cidade de uma unidade de pronto-atendimento (UPA), embora o projeto seja federal.

> Colaborou o repórter Adilson Oliveira, do VERBO, em Itapecerica da Serra

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