Pelé morre aos 82 anos em SP; ‘foi um gênio, o maior atleta que vi jogar’, diz padre de Taboão

Internado há exato um mês, o 'Rei do Futebol' não resistiu a complicações do câncer de cólon; irlandês 'cidadão taboanense', Kirano lembra encontro com 'ídolo', em 1975

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Pelé com camisa suja, em mistura de futebol-arte e entrega em campo; fã, padre Kirano 'entrevista' 'Atleta do Século' em encontro em junho de 1975 na Vila Belmiro | Divulgação

Não é novidade nenhuma que Pelé, além dos brasileiros, é reverenciado pelos estrangeiros. Nascido no exterior, um “cidadão” de Taboão da Serra (com título outorgado) esteve com o maior jogador da história do esporte mais popular do Brasil em representação de que o “Rei do Futebol” goza de admiração universal e planetária. O padre Kirano (Kieran) Ridge, irlandês, foi recebido, há quase 50 anos, pelo “gênio, o maior atleta que vi jogar”, como o define o religioso-fã.

O ex-jogador de futebol Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, morreu nesta quinta-feira (29), às 15h27, aos 82 anos, em São Paulo, de complicações do câncer de cólon. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein desde 29 de novembro para tratar uma infecção respiratória e reavaliação da quimioterapia. No último dia 21, os médicos viram que o tumor tinha progredido, em indicação de que começava a comprometer o rim e o coração do “Atleta do Século 20”.

Nascido em 23 de outubro de 1940 em Três Corações (MG), Pelé viveu a maior parte da infância e adolescência em Bauru (SP), mas fez carreira no Santos Futebol Clube, ao qual chegou com 15 anos, o time do coração e do qual é o maior índolo – e no qual começou a conquistar o mundo. Pela equipe da Vila Belmiro, ele anotou 1.091 gols, além de 95 pela seleção brasileira e 64 pelo Cosmos (EUA). No total, 1.282. Pelé é o único tricampeão da Copa do Mundo (1958/1962/1970).

Kirano, da Paróquia São João Batista, conheceu Pelé em 1975 – ele falou com o VERBO sobre o episódio nesta quinta, após a morte do ex-atleta. À época, ele atuava em uma igreja na zona norte de São Paulo. Apaixonado pelo esporte, ele não hesitou a um convite – estar com o símbolo do futebol-arte. “Fui do Imirim até Santos com um jornalista do ‘Jornal do Brasil’ que tinha acesso ao Pelé. Cheguei à Vila Belmiro de sopetão”, lembra, sobre o padre de 32 anos ansioso pelo encontro.

Kirano não poderia ter tido melhor acolhida. Com microfone em punho, ele entrevistou a “majestade”. “Após um treino, no vestiário, o Pelé me recebeu. Eu fiz algumas perguntas sobre a trajetória dele como jogador e como ele era como pessoa. Ele me atendeu muito bem, foi atencioso, espontâneo. Perguntei como um fã, admirador”, recorda. Era junho de 1975, vésperas de Pelé ir jogar no Cosmos – ele foi contratado pelo time de Nova York no dia 10 daquele mês.

Kirano foi presenteado com o encontro antes de “o maior” deixar o país. “Eu ia ao Pacaembu, ao Morumbi ver Pelé jogar. Foi o maior atleta que vi jogar. Parecia que sabia aonde a bola ia, era fatal em fazer gols, um gênio. Na época eu torcia por ele, era ‘Pelé Futebol Clube'”, diz, sensibilizado com a partida do “ídolo”. Mesmo inigualável, Pelé era referência de profissionalismo. “Ele se dedicava, nunca deixava de treinar pelo menos duas horas praticamente todo dia”, destaca.

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