Em votação ensaiada e ‘ilegal’, Renato é reeleito presidente da Câmara de Embu

Vereador é reconduzido ao cargo em eleição conturbada e com ausência de Abidan Henrique (PSB) e Gideon Santos (Republicanos)

Especial para o VERBO ONLINE

Renato, reeleito presidente da Câmara de Embu, Gilson, vice, Betinho, 1º-secretário, Alexandre (dir.), 2º-secretário, Abel, 3º-secretário, e a suplente Aline | Divulgação

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Renato Oliveira (MDB) foi reeleito nesta quarta-feira (14) presidente da Câmara de Embu das Artes, pelos vereadores da base do governo Ney Santos (Republicanos), em votação ensaiada e marcada por manobra articulada por Ney. A eleição da nova mesa-diretora deveria ocorrer no dia 20, na próxima terça-feira, mas foi antecipada para ontem, após a sessão ordinária. Em protesto, Abidan Henrique (PSB) e Gideon Santos (Republicanos) deixaram o plenário.

Os 14 governistas apresentaram um requerimento de antecipação da eleição, os mesmos que estiveram em reunião com o prefeito na segunda-feira (12). Na ocasião, segundo fontes do governo, Ney e os vereadores definiram a nova mesa-diretora, com recondução de Renato à presidência para o biênio 2023-2024. Renato dizia que não ia ser candidato de novo, mas Ney busca fazer o sucessor e vislumbraria dificuldade ainda maior sem o controle da Casa.

Abidan e Gideon não assinaram o documento. O vereador do PSB denunciou ilegalidade ao lembrar que a eleição da direção do Legislativo tem data fixada na Constituição municipal (artigo 28). “Os vereadores [governistas], junto com o prefeito, numa manobra, fizeram um requerimento sem qualquer base jurídica para adiantar a eleição da presidência. Para mudar a Lei Orgância, precisa ter duas votações com dez dias de diferença”, explicou Abidan.

“Como já têm os votos garantidos, eles adiantaram a eleição porque o prefeito vai viajar. A eleição deveria ser dia 20 de dezembro, segundo o que pregam a Lei Orgânica e o regimento interno da Casa, mas adiantaram para hoje [dia 14]. Isso é um crime. Fizeram requerimento em ‘papel de pão'”, enfatizou Abidan. Ele discutiu com Renato. “O senhor precisa ter respeito com esta Casa, o senhor não tem direito de estar nesta cadeira, é um moleque”, disparou.

Renato, porém, levou a escolha da mesa-diretora adiante. Além de Renato, reconduzido à presidência, os governistas elegeram Gilson Oliveira (Republicanos) vice-presidente; Betinho Souza (PSD), primeiro-secretário; Alexandre Campos (PTB), segundo-secretário; e Abel Arantes (PL), terceiro-secretário – Aline Santos (MDB) foi escolhida suplente. À exceção de Alexandre, todos defenderam Renato da denúncia de ato de racismo no Rio de Janeiro, no início do ano.

Adalto Batista (PSDB) e Alexandre foram os únicos que não seguiram o grupo sobre o nome para terceiro-secretário e votaram em Bobilel Castilho (PSC), além do próprio vereador. Bobilel, que sinalizou cassar Renato, também foi “punido” por Ney. Ele não escondeu a insatisfação por ser excluído da mesa. Sem citar nome, Bobilel disse que estava sem dormir havia dois dias por ter sido alvo de fofoca de um vereador, que teria levado inverdades ao prefeito.

“Eu não vou generalizar, mas tem uma pessoa no meio de nós que é sem-vergonha. Se quer puxar o saco do prefeito, puxe trabalhando, não indo lá me vender, inventar coisas que eu fiz”, disse. Ele indicou, porém, retaliação de Ney ao falar ser sabedor de que a escolha do comandante da Câmara tem interferência do chefe do Executivo municipal. “Quem escolhe o presidente é o prefeito junto com os vereadores, e eu sabia que nunca teria chance”, disse.

Em primeiro discurso como reeleito, Renato agradeceu ao prefeito e aos vereadores, em especial a Gerson Olegário – que assumiu sessões como presidente interino e manobrou para enterrar a investigação sobre racismo contra Renato. Ele adotou um tom de apaziguamento após atacar aliados. “Eu assumo o compromisso de observar todos os erros cometidos. […] Toda dificuldade que nós passamos vai ser revertida em um mandato tranquilo, de paz”, disse.

Ainda antes de deixar o plenário, Abidan prometeu, porém, questionar a eleição da mesa-diretora. “Já vou adiantar, nós vamos entrar com uma ação para derrubar esta sessão. Sem o prefeito, o Renato não teria dois votos, só teria o dele, ele não tem o respeito dos vereadores. Vamos entrar na Justiça contra a eleição da presidência da Câmara”, declarou. Durante a votação, vereadores indicaram que desistiram de pleitear o cargo por interferência de Ney.

comentários

>