Instituição que acolhe idosos em Taboão recebe ‘visita’ de saruê, o maior marsupial brasileiro

Especial para o VERBO ONLINE

Saruê fica sobre o portão de instituição que acolhe idosos na região do Jd. Salete, na 4ª; o animal, comum na área urbana, deixou o local pouco depois | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Em vez de receber familiares dos assistidos e visitantes interessados em conhecer o trabalho, uma instituição que acolhe idosos em Taboão da Serra experimentou a quebra de rotina com “visita” inusitada na quarta-feira (29). A Casa dos Velhinhos Santa Terezinha, na região do Jardim Salete, teve a presença de um saruê, também conhecido como gambá. O animal provocou susto, mas ficou na área externa e não representou risco aos atendidos e funcionários.

O saruê visitante, preto com o peito e cara marrons, impressionou pelo tamanho. “É um bicho que parece um rato ou até um gato de tão grande. Tinha um enorme no portão, pendurado. Estava salivando. Que desespero. Nunca tinha visto”, contou a assistente social Hilda Alves. Quando uma funcionária tentou afugentar, o animal se armou, sem atacar. Em seguida, correu para a igreja vizinha à instituição e depois atravessou a rua para entrar em uma fábrica.

Também chamado de timbu ou cassaco (“Didelphis albiventris”), o saruê é um animal silvestre comum na América do Sul. Mamífero, é um marsupial, possui estrutura como uma bolsa na qual carrega os filhotes, daí que nem sempre é possível ver as crias. “É o maior marsupial brasileiro. Diferente da Austrália, que tem marsupiais grandes como o canguru, aqui ele teve mais predadores e não evoluiu tanto, ficou menor”, explica o biólogo Richard Rasmussen.

O saruê se adapta facilmente ao meio urbano, pela disponibilidade de alimento e abrigo. Pode entrar em casas atrás de comida, proveniente de lixo mal acondicionado e sobras de ração nos comedouros de cães e gatos, ou à procura de local seguro para cuidar da ninhada, como forros. “Pode aparecer com maior frequência próximo às residências, caso haja intervenção em seu habitat, como desmatamentos e realização de obras”, diz o biólogo Ivan Vanderley.

O saruê pode morder, mas se se sentir ameaçado – tem dentes pontiagudos, mas não é considerado agressivo. Ele se alimenta de aves, roedores, insetos e frutos. Vive em árvores – possui cauda relativamente comprida para se pendurar. Pode transmitir doenças, como raiva (pela mordida), se infectado, e leptospirose. “Caso o animal entre no imóvel, o mais seguro é chamar o órgão responsável pelo resgate de animais silvestres na cidade”, diz Vanderley.

Contudo, o saruê só deve ser resgatado se entrar nas casas, estiver ferido ou representar risco às pessoas, não é uma anormalidade pela simples presença – maltratar ou matar animal silvestre é crime ambiental (lei 9.605/98). Se o saruê estiver no quintal, o morador pode pôr uma madeira que simule escada para facilitar que saia. Após o bicho fugir ou ser retirado, é importante desinfetar o local com água, sabão e álcool para evitar transmissão de doenças pela urina.

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