Pai reage a Hugo e afirma que morte de Luan não foi fatalidade e Ney tem culpa

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Em reação a Hugo, José diz que a morte de Luan após diagnóstico errado da UPA de Embu não foi fatalidade e Ney tem também responsabilidade | Reprodução

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O pai do menino Luan publicou um vídeo no sábado (18) em resposta à tentativa do vice do prefeito Ney Santos (Republicanos) de eximir a empresa que gerencia a UPA de Embu das Artes e o governo de responsabilidade pela morte da criança, de 11 anos – que veio a óbito por apendicite após ter diagnóstico errado ao ser atendido por três médicos da unidade do Santo Eduardo. Hugo Prado (MDB) disse que o falecimento do garoto foi uma “fatalidade”.

Na segunda-feira (13), Hugo publicou o vídeo no Conselho Regional de Medicina em que disse protocolar pedido para que os médicos que atenderam Luan tenham o registro “cassado”, mas, em fala reveladora de como vê o caso, não citou negligência. “Desde que recebemos a notícia do falecimento do menino Luan nos comprometemos ao lado do prefeito Ney Santos em apurar e punir exemplarmente os responsáveis por essa triste fatalidade”, disse.

Luan morreu no dia 21 de agosto. A família percebeu a tentativa de Hugo de escamotear o fato. “Estou vindo aqui hoje porque minha esposa me mostrou a ‘live’ [vídeo] que o vice-prefeito fez. Abriram uma apuração interna dos fatos. Demorou quase um mês para ele poder fazer isso, sendo que se ele quisesse ou tivesse interesse, está tudo documentado aqui”, disse o pai José Manuel Gaspar com uma pasta de documentos sobre o óbito em mãos.

Em seguida, o pai rebateu que a morte de Luan não poderia ter sido evitada. “Não ‘é’ só os médicos que são responsáveis pelos fatos, e não foi uma fatalidade, como o vice-prefeito falou. Fatalidade é um atropelamento, uma queda. No caso, não foi um acidente, passou pela mão de três médicos da unidade e nenhum conseguiu diagnosticar que meu filho estava com apêndice [inflamada]. Isso não é uma fatalidade”, denunciou o morador.

José advertiu, ao se referir ao vice, que a gestão Ney deveria verificar o serviço da gestora que contratou para a UPA – a AMG (Associação Metropolitana de Gestão). “Ele vir a público responsabilizar os médicos, sim. Só que isso não tira a responsabilidade da empresa e não tira a reponsabilidade que a prefeitura tem como empregador desses médicos e dessa empresa. A responsabilidade de fiscalizar o que os médicos e a empresa faz é da prefeitura.”

Sereno e lúcido, o pai chamou a atenção de que a negligência da UPA com Luan não foi isolada e acusou omissão da gestão Ney. “Se não estava exercendo a função da maneira adequada, cabia à prefeitura, no caso, ter tomado uma atitude antes, porque já vinha acontecendo casos e casos. Aconteceu com o meu filho e com aquele senhor [que morreu após omissão de socorro]. Mas teve pessoas que não vieram a óbito, mas sofreram também”, disse.

José questionou ato da Câmara Municipal de aprovar uma lei com nome do filho, visto como tentativa dos vereadores (16 dos 17 membros aliados de Ney) de explorar politicamente o caso – uma semana depois de aprovar a matéria, os governistas concederam uma placa para a secretária Thais Miana (Saúde) e equipe, sob a alegação de homenagear “a linha de frente” contra a covid-19, mas claramente com o objetivo de tirar o foco do caso Luan.

“Fazer um projeto de lei agora é interessante para que não aconteça mais. Só que não vai resolver o meu problema, não vai trazer o meu filho de volta. A secretária ou a subsecretária [Vanessa Silva] poderia colocar a mão no coração e se sensibilizar com o fato. Nem uma assistência social, disponibilizaram para vir aqui um dia na minha casa para ver como os meus outros filhos estavam”, disse José, ao indicar que os irmãos de Luan estão abalados.

José reforçou a indignação da mulher, Carla Gaspar, mãe de Luan, sobre a visita de Ney, de que conversa de “alguns minutos” não é ajuda. “É muito fácil fazer uma ‘live’ e jogar na rede. Vocês não estão dando a mim nem a minha família nenhum tipo de assistência. O prefeito veio na minha casa, ficou dez minutos. A Vanessa da Saúde veio em um dia e no outro a gente já foi esquecido, passou a ser estatística. O meu filho não é estatística”, avisou.

José chamou Ney e auxiliares à consciência. “Queria que cada um de vocês que estivesse vendo este vídeo fechasse os olhos por dez segundos e tentasse imaginar o que é acordar e não ter o seu filho. Se estivesse no meu lugar, como estaria hoje, seu vice-prefeito?”, disse. Logo que o depoimento do marido foi postado, Carla procurou o VERBO. “Quero fazer barulho, pode soltar tudo [o vídeo]”, disse, indignada. Questionado, Ney preferiu o silêncio.

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