Após não fazer BO, Aprígio oculta relatório sobre sumiço de centenas de vacina

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio, que publicou portaria dando por encerrada sindicância sobre sumiço de doses contra covid, mas de forma oculta e sem comunicar à população | PMTS

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) publicou portaria sobre a conclusão da sindicância que instaurou acerca da denúncia do sumiço de vacinas contra a covid-19 em abril na UBS Santo Onofre – em maio -, mas não fez qualquer menção ao desaparecimento das doses no ato oficial e tampouco divulgou à população o resultado da investigação interna, em evidência de ocultação do caso. O relatório final foi divulgado pelo VERBO com exclusividade na sexta-feira (2).

A apuração se encerrou em 10 de maio. Um dia depois, Aprígio homologou o relatório e publicou no “Diário Oficial do Município” de 14 de maio: “José Aprígio da Silva, prefeito de Taboão da Serra, no uso das atribuições que lhe são conferidas por Lei, decide pela homologação dos trabalhos da Sindicância do Processo nº 9.312/2021, conforme relatório final (folhas 63 a 79), determinando que sejam tomadas as medidas para prosseguimento do feito”.

Aprígio não fez qualquer comunicado sobre a apuração, mesmo com a preocupação da população sobre a vacina recebida e após grande repercussão, inclusive em TVs. O sumiço das vacinas foi descoberto no dia 8 de abril, mas o governo ocultou. O fato só veio a público após denúncia publicada por este portal, no dia 13. Questionada pela reportagem à época, a Secretaria de Comunicação disse que “ia buscar informações”, mas não retornou o contato.

Na terça-feira (29), este portal questionou o governo sobre o fato. Indagou: “Quando será divulgado o relatório da sindicância sobre o caso da denúncia do desvio de doses de vacina contra a covid-19 na UBS Santo Onofre, ocorrido há mais de dois meses? Qual a conclusão dos trabalhos da sindicância?” Mesmo após três dias, a pasta de Comunicação, com viés político-partidário – comandada por um empresário -, e não institucional/público, ignorou.

Aprígio ocultaria a conclusão pelo resultado produzido. Conforme este portal revelou, com base no relatório final, o governo, apesar de não apontar desvio, admite desorganização, falta de controle e nenhuma supervisão sobre o processo de vacinação na UBS que resultou no sumiço do imunizante. Substituto da diretora Fernanda Nascimento Cruz – exonerada antes da apuração -, Vilson Louzada, espécie de “interventor”, acusou “erros” primários na gestão.

Louzada apontou os problemas no preenchimento de filipetas, falhas primárias da gestão e providência tardia. “Desde a letra ilegível, falta de dados, tinha uns que só tinham os nomes ou CPFs inválidos, data de nascimento errado, nome da mãe errado, nome da própria pessoa errado, erros básicos que não deveriam ter acontecido. Estamos lançando em tempo real agora, foi disponibilizado um tablet agora pela secretaria [de Saúde]”, disse.

A sindicância chega a falar em “leniência por parte da direção”, em esforço por concluir pela responsabilização apenas da diretora. Porém, sobre a vacinação de funcionários de farmácias e sobras de doses, observa falha da pasta ao dizer que “detectou certo desencontro no que tange à esperada uniformidade em relação à aplicação da normativa […], vez que não há notícia da orientação de caráter geral, por parte da Secretaria Municipal de Saúde”.

Em flagrante descompasso, a sindicândia concluiu que 233 doses “desapareceram”, após o coordenador de Vigilância Epidemiológica depor. “O novo diretor sr. Vilson informou que já chegamos ao limite, sobre as 1.000 [doses cogitadas] chegamos a 233 doses que não há documentos que justifiquem”, disse Milton Parron. Porém, ouvido três dias depois de Parron, Vilson depôs que “hoje até a hora que eu saí estava em 229 [doses sumidas]”.

Aprígio já não tinha registrado ocorrência na polícia – mas o Ministério Público pediu investigação. O jornalista David da Silva analisou: “Omisso. Sem explicação nenhuma à população, Aprígio publicou portaria na edição nº 979 (14/05/21) da Imprensa Oficial. Dando por encerrada a apuração (que nada apurou) sobre o sumiço de centenas de doses da vacina contra a covid. […] Quem leu a portaria na época não tinha condições de saber do que se tratava”.

VEJA RELATÓRIO FINAL DA SINDICÂNCIA SOBRE SUMIÇO DE VACINA EM UBS, OCULTADO POR APRÍGIO

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