Após tentar se promover, ‘negacionista’ Ney recebe menos vacina do que vizinhos

Especial para o VERBO ONLINE

Ney anuncia chegada de 1.800 doses de Coronavac e início da vacinação em Embu, por profissionais da saúde, que receberão nos locais de trabalho | Reprodução

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Embu das Artes recebeu a Coronavac e vacinou cinco servidoras da rede municipal de saúde na noite de terça-feira (19). A cidade recebeu inicialmente 1.800 doses do imunizante, do Instituto Butantan. O prefeito Ney Santos (Republicanos) tentou se promover com a vacina, ao falar primeiro que Embu teria prioridade no recebimento ao visitar o Ministério da Saúde e depois ao “arranjar” visita ao Butantan, mas recebeu o menor lote entre os vizinhos.

Frustrado com as doses recebidas, apesar do “sorriso amarelo” ao anunciar o início da vacinação na cidade, nesta quarta-feira (20), Ney retomou o discurso de que, no Butantã, “protocolou a intenção de compra dessa vacina”. O vice Hugo Prado (MDB) faria parte da ofensiva de manipulação. “O Hugo vai assinar a compra das vacinas”, falou uma comissionada apadrinhada. A “compra” soaria até como um escândalo quando não há vacina para todos.

Ney admitiu, porém, que não pode comprar além das doses destinadas a Embu, ao receber o lote na noite de terça, que chamou de “memorável”. “É a vacina que vem com a solução do problema que o mundo está vivendo. O nosso sonho é conseguir vacinar 100% da nossa população embuense. Por enquanto, infelizmente não temos autorização para comprar as doses. Porém, o combate ao coronavírus continua sendo prioridade no nosso governo”, falou.

Apesar do discurso, Ney teve atitudes “negacionistas”, na prática. Ao longo de 2020, ele demonstrou que os pedidos de “fique em casa” e “evite aglomeração” para a população – inclusive deitado na cama, em tom dramático -, até ameaça a comércios não essenciais para não abrirem, não passaram de embuste. Com o ápice na campanha eleitoral, ele burlou inclusive a lei do uso obrigatório de máscara que assinou e até beijou eleitores sem a proteção.

Enquanto Embu recebeu 1.800, Taboão da Serra recebeu 4.360 doses e Itapecerica da Serra, 1.920 – Itapecerica, inclusive, tem 100 mil moradores a menos que Embu. Porém, o governo diz que, “neste momento”, a quantidade é suficiente para os profissionais da rede municipal, e quem atua exclusivamente na área privada deve aguardar a remessa de mais doses, que devem chegar semanalmente. “Para os demais públicos, ainda não há previsão”, diz.

Os servidores serão vacinados no próprio trabalho, evitando deslocamento e a interrupção do serviço prestado à população. “É com muita alegria e esperança que recebemos as primeiras doses das vacinas que serão capazes de iniciar um novo tempo na saúde de Embu das Artes. Iniciaremos a vacinação de toda equipe de saúde pública municipal atuante. Seguiremos o plano nacional e estadual de imunização”, disse a secretária Thais Miana (Saúde).

As primeiras servidoras da saúde de Embu vacinadas foram Geanne Gregio, coordenadora do programa DST/Aids, Rita Florentina Santos, coordenadora do Departamento Financeiro e Compras da Secretaria de Saúde, Silvia Medina, funcionária da UBS Itatuba, Olga Maria dos Santos, coordenadora do Programa de Saúde Bucal, e Rejane Aparecida Gusmão, enfermeira da UBS Centro, viúva do médico da rede Carlos Gusmão, vítima da covid-19.

Sem vacina suficiente, o governo diz que, em caso de sintomas da covid-19, “é recomendável” procurar o Pronto-Socorro Central ou a UPA Santo Eduardo para fazer o teste rápido swab. Embu tem 220 mortes pelo coronavírus e 5.021 casos, segundo o governo do Estado. Após dez meses de falta de transparência, a gestão Ney passou, enfim, a divulgar boletim diário da doença nesta semana – porém, o atual registra o número de casos errado (4.969).

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