Ney define aulas online em fevereiro devido à covid, apesar de escolas precárias

Especial para o VERBO ONLINE

Diante de Pedro Ângelo, Ney mostra caderno de atividades ao anunciar que as aulas da rede municipal seguirão a distância, como no ano passado | Reprodução

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O prefeito Ney Santos (Republicanos) anunciou na sexta-feira (15) que os alunos da rede municipal de educação de Embu das Artes não retornarão às aulas presenciais no começo de fevereiro e manterá as atividades escolares a distância ou online, como no ano passado. O governo justifica que a decisão visa evitar o problema real do risco de contágio do coronavírus, apesar de que praticamente todas as escolas estão em estado precário de conservação.

A Secretaria de Educação diz que tinha preparado o material didático – que nos últimos anos foi entregue com atraso – e o protocolo sanitário para o retorno às aulas, mas recuou após realizar reuniões com a equipe técnica de saúde, ao considerar que a maioria das crianças não apresenta os sintomas de covid-19, o que pode contaminar os professores e os próprios familiares. Ponderaram ainda que as crianças “têm dificuldade” de seguir os cuidados.

“Todo o protocolo sanitário foi criado para que a gente pudesse voltar às aulas agora no mês de fevereiro”, diz Ney em vídeo ao mostrar álcool gel, tapete higienizante, medidor de temperatura para uso das crianças, e proteção facial aos educadores. “Mas, pensando na segurança dos nossos alunos, profissionais e dos pais, decidimos segurar neste momento difícil, a pandemia não para de crescer”, afirma. Apesar do discurso, ele esconde dados da covid.

Ney disse que, por outro lado, pesou na decisão a vacina contra a covid. “Estamos nas vésperas de uma vacinação em massa, e aqui em Embu das Artes estamos trabalhando muito para que a gente possa vacinar todos os pais, alunos, profissionais para que volte a ter as nossas aulas tranquilamente, como sempre tivemos. Material didático, tudo pronto para o início do ano, mas infelizmente a pandemia que assola o mundo traz essa dificuldade”, diz.

Ney não cita, mas o governo diz que “fará uma nova avaliação na segunda quinzena do respectivo mês, já contando com a perspectiva do início da vacinação contra a covid-19 e seus efeitos”. A previsão é precoce, já que a vacinação só deve se encerrar em março, e apenas dos grupos prioritários. Além do mais, segundo especialistas, os efeitos da vacinação não serão vistos antes de seis meses, ou seja, distanciamento e uso de máscara ainda serão necessários.

Sem o conteúdo em sala, o secretário Pedro Ângelo (Educação) diz, ao lado de Ney, que o método já implantado será mantido. “Continuaremos com as aulas remotas, com as apostilas, com as aulas online para aqueles que conseguem e, acima de tudo, garantindo também as cestas básicas para as [crianças das] famílias que estão matriculadas na rede”, explica. Ele também não falou em nova avaliação para eventual volta das aulas presenciais.

Apesar do motivo da covid, as escolas municipais estão insalubres para o retorno dos alunos. Em discurso para se reeleger, Ney alardeou a reforma de 38 escolas no ano passado, mas era falácia, só tinha revitalizado sete em dois anos e recuperava apenas quatro, em ritmo muito lento. Já as demais, como a Villa Lobos, Jacarandá, Marajoara, Jequitibá, Iodoque Rosa, Suely Maria e Nilza Prestes, visitadas pelo VERBO, não passavam por qualquer reforma.

Prédios degradados, paredes descascadas, trincadas, pichadas e mofadas, vidros e grades quebrados, telhados que “vazam” água da chuva, banheiros mal conservados, torneiras arrancadas, quadras semidestruídas, sem aparelhos esportivos, fachada com matagal, terrenos com muita sujeira foram alguns dos problemas vistos pela reportagem. Com as escolas fechadas por mais tempo, o governo terá nova oportunidade para reparar o “discurso de fachada”.

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