Secretário de Aprígio é acusado de abuso de poder e assédio moral a GCM mulher

Especial para o VERBO ONLINE

Base da GCM no Intercap; secretário de Segurança, Rodrigo Falcão, que é acusado de abuso de poder e assédio moral contra uma GCM, no dia 14 | Reprodução

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O novo secretário de Segurança de Taboão da Serra, Rodrigo Falcão, é alvo de denúncia de que cometeu abuso de poder e assédio moral contra uma guarda municipal feminina e quis desarmar a agente, na base da GCM (Guarda Civil Municipal) no Intercap, na madrugada (por volta de 4h) da quinta-feira (14). Ainda segundo o relato, Falcão apresentava sinais de embriaguez e sugeriu que a guarda estava praticando atos sexuais no local de trabalho.

O VERBO teve acesso a áudios da discussão na base, onde também estava Sandro Leo, comandante da GCM até dia 31. Falcão diz: “Você não está cumprindo?” A GCM diz: “Cumprindo o quê?”. Ele: “O que estou mandando fazer”. E fala várias vezes para abrir a porta. Após falar que Sandro “era mais um funcionário do [ex-prefeito] Fernando Fernandes”, Falcão diz que “não é mais bagunça, a população que tem que entrar aqui, é assim que funciona”.

Falcão diz a Sandro “é isso?” Como que contrariado, ele fala: “Passa o pano, está fudendo aqui dentro, batendo punheta na sua cara”. A GCM se revolta: “Está fazendo o quê, senhor? Está fazendo o que aqui dentro?”. Ele fala: “Não sei o que está fazendo, não estou acusando. Abre a porta”. Ele ameaça fazer “comunicado” contra os guardas e diz que o GCM falou que não teria sido nomeado oficialmente. “Eu não falei absolutamente nada”, rebate Sandro.

Em outro áudio, com o secretário já dentro da base, a GCM diz: “Então o senhor me conduza para a delegacia e fala qual o crime que estou cometendo, por favor”. Falcão diz: “Administrativo”. A agente reage: “Administrativo nenhum também, eu conheço a nossa lei”. Ele passa a perguntar para o GCM “eu tomo ou você que toma?”, sobre desarmar a GCM. Ela diz: “Ele [colega] vai fazer documento [de entrega da arma] e assino, não tem problema”

Falcão repete sobre retirar a arma da guarda: “Eu tomo ou você toma?” Diante da insistência, a GCM diz: “Eu quero a nomeação dele de secretário”. “Quer amanhã?”, diz o secretário. “Toma a arma agora!”, ordena em seguida. Ele teria tentado desarmar a GCM. “Tira a mão! Tira a mão! Tira a mão! Está errado! Não encosta em mim!”, repele a GCM. Sandro diz: “Não vai tirar a arma dela”. Falcão: “Vou tirar a sua também”. Ele continua a hostilizar os GCMs.

O secretário aparenta estar com a voz alterada nas gravações. Uma mulher que diz ser amiga da vítima procurou a reportagem e falou que Falcão estava embriagado. “Não acho certo o secretário fazer isso, chegar bêbado no local. Se ele faz isso com ela, faz com qualquer pessoa”, disse. Ela falou que a acusação de que a GCM pratica atos sexuais no trabalho é “mentira”. “Ela é casada. E está mal psicologicamente. Por isso, decidi me pronunciar”, disse.

Falcão é delegado da Polícia Civil. Embora se apresente como secretário, ele ainda não foi nomeado oficialmente. Na posse do secretários, o prefeito Aprígio (Podemos) omitiu o titular da pasta. Porém, no dia 5, ele já acompanhou a ação da PM contra assaltantes no Parque Pinheiros. “Sim, esteve comigo”, disse o secretário-adjunto, tenente Dacal. Na própria pasta, ele é visto com reserva. “É para ficar de olho, o cara é polêmico”, disse um integrante.

OUTRO LADO
Procurado, o secretário alegou que estava “fiscalizando” e negou ter se excedido. “A base do Intercap estava fechada. Não vamos mais admitir tanto desrespeito com o dinheiro da população. Acabou a mamata. Quando não podem atacar a fiscalização, atacam o fiscal”, disse Falcão. Ele insinuou que os agentes estavam dormindo no local. “A população exige segurança públia, e não cochilantes noturnos, como havia anteriormente”, atacou, sem provas.

Questionado sobre ter se voltado contra a guarda, e não o GCM homem, Falcão disse: “Sabe quem é o atual comandante da GCM?” A reportagem falou: “Uma mulher”. Ele: “Exato. A única na história”. “Não me voltei contra ela. Pedi que o ex-comandante a desarmasse, quando ela colocou a mão na própria arma. E ele se negou a fazer”, disse. Ressaltou que pediu que o GCM a desarmasse “porque ela colocou a mão na arma e veio em minha direção”.

“Agora lhe questiono: o que acha que eu estava fazendo ali?”, disse Falcão. “Trabalhando. Fiscalizando. E eles???”, falou. Indagado sobre o que viu ao chegar à base, ele disse que encontrou “tudo fechado”. “Preciso muito da imprensa. Gostaria que fizesse uma reportagem sobre as bases da GCM, por que estão posicionadas como estão, por que estavam fechadas”, disse. Ele negou ter acusado a GCM de praticar atos sexuais no local. “Nunca”, falou.

Contatado, Sandro Leo disse preferir falar só após reunião com o prefeito, marcada para a tarde desta segunda. “Posterior a isso, posso relatar a verdade dos fatos, não o que este senhor está alegando. A GCM feminina é a parte ofendida dessa história. Estou sendo vítima também de ofensas constantes dele, e tenho me mantido calado, e vou me manter até que eu leve ao conhecimento do senhor prefeito”, disse. Procurada, a gestão Aprígio silenciou.

OUÇA ÁUDIO EM QUE SECRETÁRIO DE SEGURANÇA DISCUTE COM GCM FEMININA E EX-COMANDANTE

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