Após proibir Adote no CCZ, gestão Aprígio se reúne com grupo apoiado por aliado

Especial para o VERBO ONLINE

Coordenadora do Adote, Fabiola, e voluntárias do grupo informam que vão continuar com as atividades no CCZ após se reunirem com vereadores | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O governo Aprígio (Podemos) fez uma reunião nesta quarta-feira (13) após o Projeto Adote, de proteção aos animais, ter denunciado que foi proibido de realizar trabalho voluntário no Centro de Controle de Zoonoses, mas não tratou com nenhum membro do grupo prejudicado pela decisão. A gestão se reuniu com uma outra ONG da causa animal, apoiada pelo ex-vereador e atual secretário Eduardo Nóbrega, e gerou mal-estar entre os ativistas.

O Adote denunciou na segunda (12) que foi proibido pela diretora do CCZ, Andreza (sobrenome não divulgado), de realizar trabalho no centro. O grupo atua no CCZ há oito anos, aos sábados, na sociabilização de cães e gatos para terem novo lar e ajuda com tratamentos fora do CCZ e remédios aos animais que chegam debilitados ao órgão. “Essa parceria foi construída ao longo de anos”, disse a coordenadora do Adote, Fabiola Ampessan.

“Ontem [dia 12] recebi uma ligação da nova diretora da Zoonoses, comunicando que todas as atividades estavam canceladas, onde não poderemos mais ir no CCZ todos os sábados e nem podemos mais ajudar nos tratamentos dos animais. Que isso seria agora de responsabilidade da Zoonoses, conforme a lei orienta, que animais não podem ser tratados no CCZ“, relatou o Adote uma nota. O grupo questionou então quem cuidaria dos animais.

“Ela disse que isso era competência da Zoonoses, conforme a lei. Lembramos que a lei permite eutanasiar animais agressivos e doentes. Isso nos causou pânico, pois o [é um] retrocesso a todo trabalho da proteção animal feito nesses últimos anos. Eu questionei se ela gostaria de conversar pessoalmente e ela disse que a decisão já estaria tomada e não mudaria”, completou. A diretora assumiu o cargo há quatro dias, nomeada pelo novo governo.

Em uma “live”, Fabiola e outra voluntária do Adote, Francine Barcellos, relataram a proibição. Ao ver a denúncia, o secretário de Saúde, José Alberto Tarifa, comentou na postagem de Fabiola que teria ocorrido um mal entendido e que ia resolver o impasse. Na manhã desta quarta-feira, o secretário se reuniu com protetores da causa animal, mas da Patre – acompanhada pelo vereador Anderson Nóbrega (MDB), irmão de Eduardo -, e não do Adote.

“Falaram que resolveram, só que não estávamos juntos. O Adote não foi chamado, não foi convidado. O Tarifa conversou com esse pessoal, não com a gente. Esse grupo, Patre, não gosta da gente. São pessoas que não são voluntários no CCZ, pisam lá esporadicamente para fazer foto de animais, e querem sair nos holofotes. Aconteceu tudo isso com a gente, e falaram que foram os ‘resolvedores da pátria’, com o Anderson Nóbrega”, afirmou Fabiola.

Em áudios, uma integrante da Patre, Cynthia Gonçalves, criticou o Adote. “Nem estou assistindo a ‘live’, quero saber da fonte, e a fonte é a administração. Não quero me comover com sensacionalismo político. […] O nosso braço político é o Anderson, ele vai falar com o prefeito e acabou o problema. […] Existe uma questão política por trás, a Fabiola era Daniel Bogalho. […] Não adianta fazer escândalo na internet sem saber o que está acontecendo”, disse.

O Adote procurou a Câmara e se reuniu com os vereadores Joice Silva (PTB) e Gallo (Republicanos), da Comissão de Defesa dos Animais, na tarde desta quarta. “Estivemos em sete pessoas, fomos muito bem recebidos”, contou Fabiola. O secretário Mario de Freitas (Governo) compareceu. “Ele esteve na reunião [de Tarifa com a Patre] e estranhou porque eu, que fiz a ‘live’, não estava. Falaram que não pude ir. Mentira, não fomos chamados”, disse.

“Quem pediu a reunião foi o Anderson Nóbrega, porque agora faz parte do governo. Existe uma grande distinção, os que fazem parte do governo têm acesso fácil. Como eu apoiei Daniel Bogalho, eles me rejeitaram. Eles não pensaram na causa”, afirmou Fabiola. Porém, o Adote ouviu do secretário uma boa notícia. “Ele foi muito ético. Ele disse que nós vamos poder continuar, sim, com a nossa atividade, e vão apurar o que aconteceu”, contou.

Joice frisou que o Adote já pode retomar o trabalho neste fim de semana. “O secretário atendeu as representantes, e ficou decidido que elas podem voltar com os trabalhos voluntários no sábado agora e que na semana que vem vai ter uma reunião entre o secretário de Saúde, o secretário de Governo e os responsáveis pelo CCZ, juntamente com elas, para se adequarem. Mas elas voltam normalmente às atividades”, disse a presidente da comissão.

O VERBO procurou Freitas e questionou por que o governo se reuniu com a Patre e não com o Adote. Ele disse não ter entendido a pergunta e não se pronunciou sobre o episódio, nem acerca da reunião na Câmara. Indagados sobre a reunião não ter contado com integrantes do grupo que fez a denúncia, Anderson silenciou, e Tarifa não respondeu. A Patre também foi procurada sobre as críticas à coordenadora do Adote, mas não se manifestou.

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