Rodrigo Martins, do PSOL, anuncia voto em Aprígio, é afastado da presidência e pode ser expulso

Especial para o VERBO ONLINE

Rodrigo Martins faz vídeo em que declara voto em Aprígio, contra decisão do PSOL mesmo como presidente; ele participa da campanha do candidato | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O presidente do PSOL de Taboão da Serra, Rodrigo Martins, contrariou a decisão do partido, de neutralidade no 2º turno, e declarou apoio ao candidato Aprígio (Podemos). Pela postura, que gerou mal-estar entre os militantes, Martins foi afastado da presidência e poderá ser expulso do partido. A vice Luciana Pereira assume como presidente. O PSOL, com Najara Costa, a única mulher na disputa da sucessão municipal, teve votação histórica.

Quarta colocada entre nove candidatos, Najara teve 8.734 votos (6,30% dos válidos) e superou o então melhor resultado obtido pelo PSOL, 7.075 votos (5,23%), em 2012, com Stanislaw Szermeta, o Stan. Antes do encerramento da apuração, no dia 15, diante da iminente ida de candidatos de centro-direita ao 2º turno, a candidata já manifestou neutralidade. Com a definição dos postulantes, o partido ratificou a posição e cravou o voto nulo.

Martins declarou apoio e voto em Aprígio em um vídeo que postou em uma rede social no início da madrugada desta sexta-feira (27). Ele alegou que “quem se anula não tem o direito de cobrar” – em colisão direta com a posição do partido -, classificou a candidatura de engenheiro Daniel (PSDB) de “continuísmo” e disse que procurou Aprígio antes de se decidir pelo candidato que definiu como “alguém que está trazendo uma novidade, algo novo”.

“Refleti sobre as duas candidaturas que estão presentes. Uma é uma candidatura que já está no governo, já tem uma construção nesta cidade – e não estou aqui para falar mal de ninguém […]. Pensei sobre as propostas de governo, sobre as ações e o continuísmo do número partidário que [aí] já está. Por outro lado, temos alguém que está trazendo uma novidade, algo novo para a cidade, uma pessoa que nunca governou a cidade”, disse Martins.

Ele disse que “pediu” para conversar com Aprígio, “em especial”, por ter feito um vídeo com “colocações” sobre o candidato por não ter assinado carta por políticas de igualdade racial do Coletivo Negro – evitou falar em duras críticas, que proferiu. “Aprígio, muito solícito, me disse: ‘Nós não sabemos tudo e precisamos aprender dia após dia. Por isso, quero sua ajuda para construir um plano que seja autêntico, anti-racista, plural e coletivo'”, disse.

“Pensamos com carinho, pensamos com muita… cautela. E vim aqui falar que a minha decisão está tomada, eu vou apoiar e votar no 2º turno no candidato José Aprígio. Aprígio tem a oportunidade de trazer uma nova política para a cidade e, como se comprometeu comigo, que seja participativa, inclusiva e anti-racista”, afirmou Martins. “Quem fica em cima do muro toma tiro dos dois lados e quem se anula não tem o direito de cobrar”, completou.

A direção do PSOL, em nota, reafirmou voto nulo e anunciou a destituição de Martins. “Nem Aprígio/Podemos, nem Daniel Bogalho/PSDB. Não temos acordo político e programático com nenhum dos dois, […] não representam os interesses do povo pobre e trabalhador. O posicionamento do ex-presidente Rodrigo Martins reflete uma posição unilateral e pessoal, absolutamente contrária a deliberação democrática do diretório municipal”, declarou.

Najara disse que o PSOL soube da posição de Martins “pela internet”. “Fiquei surpresa de ele não ter comunicado o partido antes de fazer o vídeo, mas ele já dizia que não apoiava o voto nulo. Fiquei triste com o que houve, mas respeito o rumo político que ele segue. Como a nossa proposta é outra, não faria mais sentido a permanência dele no PSOL. Ele mesmo entendeu isso. Decidimos coletivamente e foi unânime a decisão pelo seu afastamento”, disse.

Najara disse que Martins teve conduta grave por ser o presidente. “A fala dos companheiros revelaram que sim. Foi pelo fato de infringir o estatuto e por ele ser o presidente”, afirmou. Ela disse que a situação de Martins será levada à direção estadual. “Não sabemos ainda”, completou. Um membro da executiva foi mais resoluto. “Foi afastado e depois será expulso”, falou à reportagem. Neste sábado (28), Martins já esteve com Aprígio em campanha.

VEJA ÍNTEGRA DA NOTA DO PSOL DE TABOÃO DA SERRA SOBRE 2º TURNO E POSIÇÃO DE MARTINS
“O Partido Socialismo e Liberdade vem a público esclarecer que, no segundo turno de Taboão da Serra, o partido se posicionará pelo voto nulo: nem Aprígio/Podemos, nem Daniel Bogalho/PSDB. Não temos acordo político ou programático com nenhum dos dois, assim como entendemos que os mesmos não representam os interesses do povo pobre e trabalhador.
O posicionamento do ex-presidente do partido, Rodrigo Martins, reflete uma posição unilateral e pessoal, absolutamente contrária a deliberação democrática do diretório municipal do partido.
Seguimos firmes, fortes e coerentes com o programa apresentado durante as eleições e nos colocamos ao lado daqueles que estarão lutando por direitos para a população, na defesa de um serviço público de qualidade e pela valorização do funcionalismo.
Partido Socialismo e Liberdade de Taboão da Serra”

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