Símbolo da luta por moradia popular em Taboão, Terezinha morre aos 69 anos

Especial para o VERBO ONLINE

Terezinha da Moradia, como chamada, presidente da associação que conquistou projetos de moradia popular em Taboão, que morreu de covid-19 | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Liderança-símbolo da luta por habitação popular em Taboão da Serra, Terezinha da Moradia, como conhecida pela causa que abraçou, morreu neste domingo (18), às 6h45, vítima da covid-19, aos 69 anos. Ela estava internada desde o dia 5 no hospital Lefort, em São Paulo. Paulistana, Terezinha da Silva Genuário militava no PT, mas deixou legado ao ajudar milhares de famílias a conseguir a casa própria em Taboão por meio do movimento social.

Terezinha foi agente de pastoral social da Igreja Católica (Diocese de Campo Limpo). Ela se dedicou à luta pela construção de casas populares depois da Campanha da Fraternidade de 1993, sobre moradia, que levou à criação da Associação de Moradia no Jardim Helena. Ela batalhou para viabilizar apartamentos para moradores de baixa renda no projeto Cigarreiras, no Recanto dos Pássaros, contra muita resistência por ser uma área nobre da cidade.

Presidente da Associação Habitacional do Bem Viver, Terezinha também concretizou a construção dos prédios populares no Jardim Mirna, o condomínio Vila Portugal. Na conquista sobre a qual estava debruçada nos últimos anos, também depois de muita luta, ela conseguiu, ao lado de companheiros de ideal, a aprovação de mais um projeto de moradia, o Santa Terezinha III, que vai construir apartamentos para 500 famílias no Jardim Maria Helena.

“A importância dela é enorme. Ela negociou a compra da terra, tudo começou por ela. A gente era Igreja, Pastoral da Moradia, não tinha CNPJ que o Ministério das Cidades pedia. A Terezinha foi atrás do Geru [Gerusael Ribeiro], que era o presidente da Família Feliz e pediu que entrasse com o CNPJ da associação deles, mas toda a história do Santa Terezinha III começou com ela. Ela foi fundamental”, disse a companheira de luta Telma Pinho ao VERBO.

“Não só neste projeto, como no Cigarreiras e Vila Portugal. Ela era super atuante, todos os dias ia à associação, corria para a Cetesb, para a Caixa Econômica [atrás de liberações].Queria estar presente em tudo, mesmo com 70 anos [faria em dezembro]. Perdemos uma grande liderança que tanto nos ensinou sobre moradia e autogestão. Tenho agora a responsabilidade de dar continuidade ao legado dela”, disse Telma, vice-presidente do Bem Viver.

Na militância partidária, no PT, Terezinha foi assessora do vereador Jair Cardoso, do PT (2001-04). Depois, trabalhou na prefeitura no governo Evilásio Farias (PSB, 2005 a 2012), “escudeira” da vice-prefeita professora Márcia (PT). Ela foi candidata a vereadora em 2008, quando alcançou 787 votos, e há quatro anos, quando teve 350 votos. Apesar do insucesso nas urnas, Terezinha tinha como outra bandeira cara a defesa das mulheres, em especial na política.

O candidato a prefeito pelo PT, professor Oderlan, suspendeu a campanha neste domingo em pesar pela morte da militante. “O Partido dos Trabalhadores de Taboão da Serra perde uma grande companheira, Terezinha Genuário. Grande na defesa por moradia digna para todos, lutadora na defesa das mulheres. Estamos em luto!”, disse. Presidente do PT de Taboão, Mauricio Lourenço disse que a morte de Terezinha “deixa um vácuo na luta social”.

A educadora Adriana de Souza trabalhou com ela na associação. “Sou muito grata por todos os ensinamentos, por sua sabedoria, bondade e compaixão que eram infinitas. Você foi minha primeira chefe, confiou na minha capacidade, me ensinou muitas coisas e me encorajou a tantas outras”, recordou. Terezinha será enterrada nesta segunda, no Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes, após velório, às 9h. Ela era casada e deixa dois filhos.

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