Com gestão feita de desmandos e confusões, réu Renato se despede da Comunicação

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O secretário de Comunicação do governo Ney Santos (PRB), Renato Oliveira, deixou oficialmente a pasta nesta quinta-feira (25) ao fazer uma reunião para se despedir da equipe de trabalho e passar o cargo – o substituto é o diretor de Comunicação, Kleiton Sousa, com experiência em publicidade. Na terça (23), Renato anunciou pedir exoneração para se dedicar a um “movimento social”, depois de apenas três meses de gestão. Ele é denunciado por tentativa de homicídio.

Renato Oliveira, que deixou
Renato Oliveira, que deixou Secretaria de Comunicação de Ney, faz ‘café com jornalistas’ 20 dias antes de sair
Subsecretário do prefeito Ney Santos tenta se esconder, ajudado por advogado, e deixa delegacia
Flagrado pelo VERBO, Renato tenta se esconder e deixa delegacia ao ser indiciado por tentar assassinar Binho
Postagens em que Renato ameaça de investida
Renato faz a filha do dono ameaça de perseguir pizzaria; menos de 12 horas após o ‘aviso’, GCM baixa no local

O VERBO procurou Renato no fim da tarde desta quinta-feira e perguntou “que contribuição acredita que deixou para Embu das Artes no tempo em que foi secretário-adjunto e secretário de Comunicação na cidade?”. Ele não respondeu. Em 13 meses e meio em que foi auxiliar do então secretário Jones Donizette e de janeiro a abril quando comandou a pasta, Renato teve uma atuação controversa, no mínimo. A rigor, marcada por confusões, desmandos e “fake news”.

Renato “mostrou a que veio” logo no início do governo. Em vez de, como gestor público, servir a população embuense, pagadora de impostos, o então subscretário ficou nas redes sociais para hostilizar moradores. Em março de 2017, quando uma munícipe reagiu a um comentário agressivo do auxiliar de Ney e questionou “Pensei que era evangélico, vai entender”, Renato, seguidor do grupo de direita MBL (que combate ao PT), respondeu: “Petralha chata da porra”.

O morador Donisete Manja frisou que “não é a primeira vez que esse tal de Renato insulta munícipes e fica por isso mesmo”, ao se referir ao insulto à cidadã. No mês seguinte, Renato atacou o “Taboão em Foco” ao chamar o site de “fake news” e o proprietário Allan dos Reis de “mentiroso” após o jornalista publicar reportagem sobre a realização de rodeio (“Embu Country Fest”) em área pública, no Parque Francisco Rizzo (centro), sem compensação à prefeitura.

Renato atraiu a repulsa maciça de jornalistas da região e leitores que defendem a liberdade de informação. “Tem sido recorrentes seus ataques, cada vez mais sem propósito aos profissionais da nossa área, no exercício digno de sua atividade profissional. Sua atitude fere todo jornalista de verdade. O senhor agride, denigre, ataca, difama e não cumpre seu papel como funcionário público da prefeitura”, disse a jornalista Sandra Pereira, dona do “Jornal Na Net”.

Em setembro de 2017, após o VERBO revelar que o chefe Jones fora “cabide de emprego” e “funcionário fantasma” no governo (Chico Brito) do PT – partido que tanto a dupla hostilizava -, Renato atacou também este portal. Em grupo de WhatApp do governo com a imprensa, ele disse ser “bizarro responder alguma coisa do VERBO“. “Mas vamos continuar trabalhando, porque ter que perder tempo, respondendo a um portal extremamente político é até triste”, disse.

O VERBO disse no grupo ser “estranho” Renato ser tão hostil se curtia as reportagens até recentemente. À manchete “Secretário de Ney deixa buracos e mato para trás e vai entregar material escolar”, sobre Léo Novais, ele disse: “Vocês fodem nós. Mas tenho que confessar. Sou fã de vocês. Ainda vou ter vocês escrevendo na nossa equipe”. Este site citou que Renato deu também “like” em texto crítico a Jones. Ridicularizado, escreveu: “Eu e minha mania de curtir o VERBO“.

Em dezembro de 2017, Renato fez o ataque mais ardiloso – até então. Diante do protesto da filha do dono de uma pizzaria de que “não vai ter taxa de lixo e aumento abusivo do IPTU”, Renato escreveu: “[Nome da munícipe] Espero que você esteja 100% em dia com os compromissos de cidadã, inclusive as licenças de uma pizzaria aí. Vocês falam. Ney faz. Forte Abraço”. Menos de doze horas depois do “aviso”, a Vigilância Sanitária, com GCMs, baixou na pizzaria e a notificou.

Também em dezembro, ao se servir de novo do cargo para retaliação, Renato publicou um vídeo nas redes sociais em que afirmava que Geraldo Cruz (PT), adversário do governo, devia IPTU na cidade, inclusive com citação de supostos valores devidos pelo então deputado estadual. Moradores ficaram aflitos com a ação de Renato de obter “informações privilegiadas” e temeram também ser vítimas. A Justiça mandou Renato excluir a postagem sob pena de R$ 5 mil/dia.

Em maio de 2018, durante greve dos caminhoneiros, quando Ney e aliados passaram à frente na fila de abastamento em posto de combustíveis no centro de Embu, Renato chegou a tirar “sarro” de motoristas que aguardavam ser atendidos. Ele ainda mandou o segurança pessoal Lenon Roque abordar e afastar a fotógrafa de um site da região que registrava a “carteirada”. Lenon a agarrou pelo braço, para intimidar. Àquela altura, Renato era só assessor de Ney.

Renato foi para a campanha de Ely Santos a deputada federal. Como um dos coordenadores, em agosto de 2018 ele teve bate-boca violento e chegou a se atracar com o vereador Daniboy (DEM), que foi tirar satisfação por “estar passando por cima dos vereadores”. Em dezembro, quando ia à inauguração de creche no Itatuba, Renato foi parado pela Polícia Militar por não portar CNH – suspensa por excesso de multas. Ele só foi liberado após chegada de Ney.

Renato “passou dos limites”, porém, em dezembro de 2017, quando, com Lenon, derrubou da moto na rodovia Régis Bittencourt, de madrugada, o repórter do VERBO Gabriel Binho, que sobreviveu. Ele só confessou após descoberto, em fevereiro de 2018, por pressão da imprensa, o que também fez Ney exonerar o “pupilo” da subsecretaria. Apesar de criar falsos “álibis”, foi mandado a júri popular ainda sem data. Apesar do processo seguir, foi promovido a secretário.

Renato fez a propaganda “fake” de que Ney entregou 200 apartamentos no Valo Verde – lá foram 118. No “café com jornalistas”, voltou a mentir que convidou o VERBO. Antes, mandou checar se este site iria. Depois, como o site soube o teor, mandou achar quem “vazou”. “Sem moral” com a imprensa, fará “assistencialismo” para tentar ser vereador. Antes de Renato deixar a pasta, a Promotoria pediu para que seja julgado por tentativa de homicídio triplamente qualificado.

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