GCM de Embu para motoqueiro em fuga, mas usa bala de borracha e fere populares

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

VERBOPlantão. Guardas municipais de Embu das Artes de motocicletas pararam um jovem de moto na avenida João Paulo II, quase na esquina com a rua Babilônia, no Jardim Santa Tereza, e o levaram, algemado, à Delegacia Central do município, na tarde deste domingo (24). Na ação, um guarda intimidou uma mulher ao dizer que estava filmando a “batida” e também um GCM efetuou um disparo para o chão que feriu dois rapazes na perna, com sangramento.

GCMs
GCMs em motocicletas detêm G., 18, na avenida João Paulo II, no Jardim Santa Tereza, na tarde deste domingo
GCM, após cruzar a rua, aborda mulher e questiona sobre
GCM aborda mulher e questiona sobre filmagem; após GCM atirar, jovem ferido (sem camisa) arrasta a perna

Às 15h10, dois GCMs detiveram G.B.A.J, de 18 anos completados no mês passado, que estava de moto vermelha, sem capacete. Com o veículo, ele foi levado para a calçada e colocou as mãos na cabeça. De acordo com testemunhas, o rapaz não tinha obedecido a ordem de parar dos guardas. Em seguida, um GCM cruzou a rua e abordou na outra calçada uma mulher: “Estou vendo que a senhora está gravando”. Intimidada, ela negou e disse fazer uma ligação.

Populares se juntaram ao redor dos GCMs com o rapaz detido. Em meio à aglomeração, segundo testemunhas, um dos guardas disparou uma bala de borracha em direção ao chão, mas estilhaços feriram os jovens na perna, que chegou a sangrar. G. foi conduzido à delegacia. Um dos rapazes foi levado por um familiar em busca de atendimento médico, o que ficou mais machucado – ele jogou água para lavar o sangue. O outro ferido voltou para casa arrastando a perna.

“Eu vi um chinelo cheio de sangue, falei ‘pegou na perna de um’. [Foram] Dois moleques, no que está sentado [no bar] pegou muito. No outro pegou pouco, ele foi lavar”, disse uma mulher. Carros da GCM chegaram em apoio. Moradores falaram que o atirador “agiu muito errado”. “Tudo bem, tinha um tumulto, mas já desceu da viatura, falou ‘vai, vai’ e já soltou o tiro”, contou um homem. “Ninguém estava em cima da viatura, e tinha mais de dez policiais”, criticou a mulher.

A mãe de G. conversou com o VERBO após voltar da delegacia. “Algemaram meu menino, levaram ele. Tivemos um ‘chá de canseira’, ficamos quase três horas lá. Ele assinou vários papéis, e queriam que ele os levasse onde comprou a moto. Só que ele comprou numa feira do rolo que tem aqui, onde são revendidas motos apreendidas no pátio. O meu filho comprou uma dessas. O rapaz [policial] disse ‘a moto vai ficar’. O papel que ele trouxe foi um termo pela moto”, disse.

J. também criticou a GCM. “Ele já voltou para casa. Mas eles [GCM] já passaram aqui algumas vezes, ficam olhando todo mundo. Nem precisava aquilo, o meu menino estuda, trabalha, ele se apavorou por estar sem capacete, nem foi por causa da moto. Deram tiro de bobeira num monte de pai de família, ali queriam proteger alguém que é conhecido de todos. Por isso estava todo mundo filmando, e eles não queriam. Se era certo, por que não pode filmar?”, disse a mãe.

Procurado, o secretário de Segurança de Embu, Denis Viana, disse que a ocorrência foi de “adulteração de veículo e numeração”. Questionado sobre o disparo e feridos, ele disse que “foi utilizado procedimento de controle de distúrbio civil, somente [bala de] efeito moral”. “Agora, qualquer situação onde o munícipe tem os direitos reprimidos, iremos agir. Peça a quem se sentiu lesado me procurar amanhã [segunda], de imediato iremos acionar a corregedoria”, disse.

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