Fernando demite secretário Walter Paulo após Marcos Paulo votar contra governo

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) demitiu nesta quinta-feira (10) o secretário municipal de Segurança, Walter Paulo de Oliveira, pai de Marcos Paulo (PPS), horas depois de o vereador aprovar o orçamento de Taboão da Serra para este ano com inclusão de emendas e rejeição de remanejamento livre de 30% das receitas orçamentárias, não aceitas pelo prefeito. Além do voto, Marcos Paulo reafirmou a postura de oposição com discursos fortes contra Fernando.

Marcos Paulo
Marcos Paulo conversa com advogado de Aprígio na votação do orçamento; Fernando quando nomeou Walter

Marcos Paulo rompeu publicamente com o prefeito no dia 4 de dezembro, quando se elegeu presidente da Câmara após se unir aos seis vereadores do chamado “bloco independente e harmônico” (“BIH”), que votam contra o governo – apesar de dizerem não ser oposição. Ele é opositor de Fernando nos bastidores, porém, desde bem antes. Ele fingiu apoiar a gestão a partir de 10 de novembro, quando se aliou ao “BIH” em acordo para ser eleito chefe do Legislativo.

Acusado de “enganar companheiros” ao dizer até o último minuto votar no candidato apoiado pelo prefeito, Marcos Paulo diz ter sido traído por Fernando. “Todos sabiam, em especial o prefeito, do meu sonho [de ser presidente], e ele disse que me apoiaria. Não apoiou. Eles [governistas] não podiam votar em mim, o prefeito não podia deixar. Quase fui às vias de fato com alguns apoiadores [da oposição], defendendo o governo, mas nada disso foi o bastante”, disse.

Apenas dois meses antes, em setembro, na inauguração de ginásio de esportes, Marcos Paulo estava no palanque do prefeito e recebeu afago, que foi ainda maior para o pai. “Walter Paulo, secretário de Segurança, trabalhando com humildade, com respeito não só à população, mas à corporação. Tem feito um grande trabalho. Estou muito orgulhoso do seu trabalho à frente da Guarda viu, Walter?”, exaltou Fernando em discurso, sob aplausos. A realidade é outra.

Na votação do orçamento, Marcos Paulo, de pé e braços abertos, chamou a presidente Joice Silva (PTB) ao suspender a sessão de “empregada do prefeito”. “A população está clamando pela aprovação, pela peça orçamentária, que está judicializada, não por nós, mas pelo prefeito Fernando Fernandes, que tentou de todas as formas um ‘cheque em branco'”, disse, ao se referir ao remanejamento livre de 30% do orçamento pretendido pelo chefe do Executivo.

Antes, em entrevista à imprensa na sexta-feira (4) que concedeu, quando ainda não tinha sido proferida decisão judicial que mandou apreciar de novo o orçamento a aprovar, Marcos Paulo disse que era “problema” do prefeito a demissão ou não do pai. “Sou tão independente que estou batendo [no governo] e ele não mandou meu pai embora ainda. O funcionário é dele, não é meu. Se não me sentisse independente, não estaria votando da forma que eu quero”, disse.

Após a eleição de Marcos Paulo na Câmara, contra as pretensões do governo, Fernando minimizou o desconforto. “Não me preocupei com isso até agora. Vamos conversar com o Walter Paulo, o Marcos Paulo deve vir conversar com a gente. É lógico que se ele se tornar oposição ao governo – as votações vão dizer -, não é questão de eu manter ou não, acho que eles vão pedir para sair. Não vai ter essa fratura”, disse. O secretário não saiu. O prefeito teve de exonerar.

Walter Paulo havia assumido o cargo em março do ano passado após anos de cobrança do filho vereador, que se sentia desprestigiado por conta de o pai, com história política na cidade, ex-vereador, não ser nomeado quando outros vereadores têm ou tiveram parentes secretários. Fernando buscou aplacar o desgaste que estava sofrendo na Câmara, já que Marcos Paulo era crítico a algumas ações do governo e centralização do prefeito sem diálogo com aliados.

Fernando também tentou isolar o oposicionista Moreira (PSD), aliado de Aprígio, de quem é “inimigo” político. Marcos Paulo estreitou relação com Moreira e o incluía sempre em projeto de comando da cidade. Em episódio então recente de “parceria”, ele fez críticas ao prefeito por romper convênio com ONG fundada por Moreira. Fernando “amansou” Marcos Paulo, mas só até a eleição na Câmara. O prefeito chamou a imprensa para coletiva nesta sexta-feira (11).

OUTRO DEMITIDO
Outros funcionários da prefeitura indicados por Marcos Paulo devem ser demitidos em breve. Apesar de não indicado, um conhecido de longa data do vereador também perdeu o cargo. O coordenador de Igualdade Racial, Antonio Sousa Santos, foi demitido, segundo “O Taboanense”, que noticiou a exoneração de Walter Paulo. Em postagens recentes, Sousa Santos exaltava Marcos Paulo pela eleição como presidente. Ele diz que o vereador é um “amigo de infância”.

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