Morre Paulo Giannini, 64, secretário de Geraldo e Chico e cofundador do PT de Embu

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Morreu na manhã desta quarta-feira (21), no Hospital Pirajussara, em Taboão da Serra, de infecção generalizada, o ex-secretário municipal de Embu das Artes Paulo Giannini, que chefiou a pasta de Governo nas duas gestões de Geraldo Cruz (PT) e Chico Brito (sem partido, ex-PT) como prefeito (2001-16) – por 16 anos. Respeitado por lideranças de vários partidos, Giannini tinha 64 anos – completados no dia 14, no leito hospitalar – e foi um dos fundadores do PT em Embu.

Ex-secretário municipal Paulo Giannini
Ex-secretário municipal Paulo Giannini, paulistano que foi agraciado com título de ‘Cidadão Embuense’ (2012)

Giannini estava internado no HGP havia 15 dias, após ter uma infecção urinária que evoluiu para uma sepse, quando bactérias acometem a corrente sanguínea e comprometem vários órgãos. No mês passado, ele se submetera a uma cirurgia para retirada de um tumor na cabeça, que foi bem-sucedida, mas veio a infecção. O VERBO tinha procurado ontem (20) um dos filhos para saber o quadro de Giannini. Paulo Giannini Filho acusou a gravidade do estado do pai.

“Meu pai está internado na semi-UTI do Hospital Geral do Pirajussara. A situação dele é grave, está com uma infecção generalizada, na corrente sanguínea. Ele está em coma, já faz alguns dias, não temos noção ainda do tamanho do dano cerebral que teve. Está na mão de Deus, as pessoas mais próximas da família já estão procurando se acostumar o máximo possível com a ideia dele partir. Só peço que não publique nada”, disse Giannini Filho, que embargou a voz.

Com a arte da política no DNA, Giannini era um conciliador e hábil articulador do PT, “pensador” do partido, de voz cavernosa, mas afável, experimentado pelas lutas que travou. Antes de fixar residência em Embu, em 1974, o jovem de 20 anos já tinha uma história política. Participou um ano antes, no período mais repressivo da ditadura militar, do Movimento de Oposição Sindical Metalúrgica, já formado torneiro ferramenteiro no Senai de Santo Amaro (zona sul).

Ele se mudou de São Paulo para Embu, mas não deixou a militância na capital em causas cruciais por qualidade de vida e para a organização popular. Em 1976, atuou no Movimento de Luta Contra a Carestia (Panela Vazia), em 1977, pelo fim da Lei de Segurança Nacional, e em 1978 em defesa da Anistia Ampla Geral e Irrestrita. Em 1979, também na periferia da metrópole, ele teve participação fundamental na regularização de loteamentos clandestinos em Embu.

Giannini militou nas Comunidades Eclesiais de Base (Igreja Católica), nas pastorais da Juventude e Operária, uma das frentes que originaram o PT que ajudou a fundar. Presidente da sigla por quatro períodos, no derradeiro de 2007 a 2010, ele se dedicou à assessoria política e atuou como coordenador da campanha de Chico a deputado estadual em 2006 e nas que Chico foi eleito prefeito em 2008 e reeleito em 2012. Em 1986, tinha concorrido a deputado estadual.

Giannini também participou das campanhas vitoriosas de Geraldo em 2000 e 2004. Secretário de Governo desde o início do primeiro governo petista em Embu (2001), ele encabeçou a realização de importantes projetos, como a criação da Guarda Municipal (2003), a reestruturação dos cemitérios Jesuítas e Rosário, a reorganização do transporte municipal, a implantação da Frente de Trabalho e o plebiscito que mudou o nome da cidade para Embu das Artes.

Homem de confiança de Chico, Giannini ficou do lado do então prefeito no racha entre Chico e Geraldo, em 2013. Em entrevista ao VERBO em 2014, chegou a chamar o grupo do deputado estadual e ex-prefeito Geraldo de “dissidência” do PT. Em 2016, Giannini foi o “apresentador” de festa do trabalhador copromovida por Geraldo e personificou a reaproximação entre o PT governista e “geraldistas”, que reataram em vista de o partido seguir no poder – em vão.

O paulistano da Mooca já tinha tido, porém, reconhecimento de ser homem de diálogo quatro anos atrás, quando recebeu o título de “Cidadão Embuense”, por escolha não de um petista, mas de um adversário político nos anos 1990, Milton do Rancho. “Giannini é um homem público e cidadão exemplar, de coerência política, conhecedor dos mais profundos problemas de Embu. É uma pessoa que muito contribuiu para o crescimento da nossa cidade”, disse.

Nas palavras daquele ato que o emocionou, Giannini lutou contra a ditadura e pela volta da democracia, foi um homem corajoso e humilde em busca do entendimento, empenhou a vida inteira pelo bem comum. Ele está sendo velado desde a noite desta quarta na Câmara Municipal e será sepultado nesta quinta (22), às 11h, no Cemitério dos Jesuítas – na região do Parque Pirajuçara, onde morava. Ele deixa mulher, Maria Aparecida Giannini, três filhos e um neto.

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