Hugo rebate Geraldo e diz que ‘sujo é o senhor’, mas ‘esconde’ reforma do gabinete

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O presidente da Câmara de Embu das Artes, Hugo Prado (PSB), rebateu na sessão na quarta-feira (2) fala do deputado Geraldo Cruz (PT) de que o grupo político do prefeito Ney Santos (PRB), que inclui os vereadores governistas, é “sujo até o pescoço” e disse que o petista está preocupado que a CPI sobre a obra da UBS Nossa Senhora de Fátima revele “um dos maiores esquemas de corrupção”. Apesar de incisivo, Hugo omitiu a reforma em seu gabinete e gerou suspeita.

Presidente Hugo (PSB) rebate fala de Geraldo
Presidente Hugo rebate Geraldo sobre grupo de Ney e aliados ser ‘sujo’ mas omite reforma no próprio gabinete

Geraldo falou ao VERBO sobre os vereadores pró-Ney terem articulado a CPI com base em parecer do Tribunal de Contas sobre a obra da UBS, em 2008, quando era prefeito. “Esse povo está sujo até o pescoço, e agora quer fazer uma CPI sobre algo que já está caducando. A Câmara não vai apurar nada, o que está fazendo é politicagem”, disse. E mirou Hugo. “[Ele] que está fazendo obra superfaturada, a reforma na sala da presidência custou quase R$ 100 mil”, acusou.

Em tribuna, Hugo citou declaração do inimigo político e reagiu. “Eu me deparei com a fala do deputado estadual Geraldo Cruz de que esta Câmara é suja. Deputado, o senhor respeite esta parlamento, até porque sujo é o senhor, que mesmo indo para congresso denunciou 18 vereadores. Muitos deles perderam a vida e ficaram na miséria. Sujo é o senhor que mente descaradamente para o nosso povo, falando que mandou emendas para a nossa cidade”, afirmou.

Hugo também rebateu Geraldo criticar que a Câmara precise de seis meses para investigar um apontamento do tribunal – o petista sugeriu que o interesse dos vereadores é arrastar a CPI até próximo às eleições para ser desgastado em possível candidatura a novo mandato de deputado. “O senhor diz que nunca viu uma CPI com 180 dias. Leia o regimento interno [da Casa], no artigo 60, línea ‘c’ está estabelecido um prazo ao que compete uma CPI”, afirmou.

O vereador Bobilel (PSC) pediu aparte e engrossou o coro contra Geraldo. “Só foi a Câmara abrir uma CPI que se tornou suja? Por que ele não fala que o Ministério Público é sujo. Não é a Câmara que acusa ele, é o Ministério Público, que não é um órgão político, é um órgão sério. Deputado, se não dever, será honesto, mas tenho certeza que o desvio foi feito e o senhor vai pagar por todo o mal que fez à cidade”, disse. Na verdade, o parecer é do Tribunal de Contas.

De volta com a palavra, Hugo disse começar a entender o “desespero” petista. “Será que o ex-prefeito está preocupado com o desvio e superfaturamento da obra do Fátima, que pode trazer à tona um dos maiores esquemas de corrupção desta cidade?”, disse. Depois, falou que a Câmara está sendo pautada pelo TCE e repetiu se tratar de um grande caso de corrupção. Em flagrante contradição, disse que não ia “acusar ninguém antes da hora, não é nossa característica”.

Hugo deixou um recado a Geraldo. “Se o senhor não deve, não tema. Mas, tenha certeza, qualquer irregularidade ou corrupção apontada, seremos firmes para punir quem quer que seja”, finalizou, sem esclarecer a reforma que fez no próprio gabinete, levantando dúvida ou suspeita. Ele é o principal interessado na CPI. Apesar de ter sempre “comido no prato do PT”, como assessor em gestão petista, Hugo é candidato a deputado estadual de Ney para confrontar Geraldo.

Apesar do discurso ácido na quarta passada, Hugo tem sido hesitante. Em 23 de abril, ele disse ter a expectativa de dar “um basta na corrupção” e “de uma vez por todas passar o nosso país a limpo” ao se referir ao início dos trabalhos da CPI. Na sessão dois dias depois, ele já amenizou e disse que “não estamos acusando ninguém” e “ainda não concluímos que o senhor [Geraldo] é corrupto ou não”. Cobrado pelo núcleo duro do governo Ney, Hugo voltou a subir o tom.

Diante de um claudicante Hugo, a filha de Geraldo reapareceu nas redes sociais e contra-atacou. “Fantochezinho está esperando o mestre mandar”, disse Priscilla Cruz ao considerar Hugo “pau mandado” de Ney. Em outra reportagem deste site, ela disse: “A perseguição é decorrente de esse prefeito e seu fantoche saber que Geraldo Cruz atrapalha os planos deles, por não compactuar com as ações deles!”. Ficou sem resposta. Hugo disse que não fala com o VERBO.

> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE

comentários

>