Não quero acreditar que Chico apoia Ney, que denigre o PT, afirma Geraldo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O deputado estadual reeleito Geraldo Cruz (PT) diz que não pode ser Chico Brito apoiar Ney Santos (PSC) a presidente da Câmara ao apontar que o vereador “denigre a imagem do PT”. “Não quero acreditar que o Chico declarou apoio ao Ney”, disse. Ele evitou se pronunciar quando ainda os vereadores do PT declaravam voto em Ney. Depois de falar ao VERBO ONLINE, na segunda-feira, dia 1º, três parlamentares petistas recuaram e afirmam agora só declarar o voto no dia 20 de dezembro, quando acontece oficialmente a eleição da nova mesa-diretora do Legislativo. Geraldo disse que o partido irá se posicionar em reunião, que acontece neste domingo, dia 7. Confira primeira parte da entrevista a seguir:

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VERBO ONLINE – Com o sr. vê a escolha de Ney Santos para presidente da Câmara?
Geraldo Cruz – Já aconteceu a eleição da mesa?

VERBO ONLINE – Faltaria ser oficializada. Dia 20 de dezembro é a eleição.
Geraldo – Só posso falar qualquer coisa no dia 20 de dezembro. Eu já vi mesa de Câmara se formar e na hora da sessão mudar totalmente. E não tenho acompanhado a discussão política da formação da mesa-diretora da Câmara, estou totalmente por fora. Alguma coisa que eu ouvi foi através dos sites, do VERBO ONLINE, mas não tenho maiores informações.

VERBO ONLINE – Como vê o apoio do prefeito Chico Brito a Ney em relação a essa escolha para presidente da Câmara?
Geraldo – Não sei se o Chico está apoiando. Sinceramente, não sei. Estou falando de coração, não sei mesmo, não conversei com o Chico. Conversei com ele só uma vez depois das eleições, para discutir um pouco [campanha para] o segundo turno da Dilma. Não tivemos mais oportunidade, o Chico está lá no trabalho dele, e eu estou para cá na correria danada de fim de ano, natural, por causa do processo de votação do orçamento e de alguns projetos de fim de ano na Assembleia [Legislativa], não estou tendo muito tempo de acompanhar a política local.

VERBO ONLINE – Ele declarou que apoia a escolha de Ney Santos para presidente da Câmara, inclusive disse que não vê Ney nem Carlinhos de Embu como oposição.
Geraldo – Ele deve estar falando o que ele viu até agora. Também não vi nenhum fazer oposição ao governo. Que bom, né, que o governo pôde trabalhar sem ter oposição na Câmara, o prefeito trabalhar com toda Câmara o apoiando é mais fácil desenvolver projetos. Não vejo nada de mais, isso é normal. Agora, como não faço parte da discussão política desse assunto, não posso emitir parecer. Só acho que, se o prefeito tem o apoio de toda a Câmara, é meio caminho andado para um desenvolvimento da administração. Câmara trabalhando contra pode atrapalhar em muitas coisas.

VERBO ONLINE – Caso se confirme a eleição de Ney Santos com apoio de Chico Brito e dos quatro vereadores do PT, o que vai significar, uma vez que o Ney foi eleito na oposição e tem feito ataques ao PT?
Geraldo – Como eu disse, não posso falar em cima de hipótese. Como não participei das discussões políticas, não sei se o Ney vai ser presidente ou não. Se for, se a Câmara achou que o Ney tem que ser o presidente, paciência, tem que respeitar o que as pessoas decidem lá. Ney Santos é uma pessoa que eu conheço há muito tempo, que entrou na política faz pouco tempo, foi um vereador bem votado na cidade, tem que ser respeitado enquanto vereador. Não tenho nada contra, nem a favor, cada um faz o seu trabalho. Mas como não estou acompanhando o debate político na Câmara, faz dias que não vou à Câmara, não posso fazer juízo de valor a respeito. Se fosse pelas eleições nacionais neste ano, foram colocadas algumas posições. Um vereador do PSDB hoje apoiando um vereador do PT é muito difícil ou vice-versa, o debate ideológico entre PSDB-PT é mais acirrado. Não é o caso dos outros partidos [caso de Ney], às vezes estão na base [governista] municipal, às vezes, na base nacional ou estadual, a questão partidária é muito fragilizada no Brasil. Então, é possível que um vereador dê apoio local e não apoie o governo Dilma [Rousseff] ou vice-versa, todas essas possibilidades existem. Com relação à mesa da Câmara, não posso falar porque não sei o que está acontecendo. Já ouvi outras conversas, de que o presidente ia ser o Gilvan [da Saúde (Pros)], ouvi que ia ser a Rosana [do Arthur (PMDB)], já ouvi que ia ser o Doda [Pinheiro (PT)]. Por isso, não posso afirmar em relação a nenhum.

VERBO ONLINE – Deputado, o prefeito Chico Brito declarou em público que apoia Ney Santos presidente da Câmara, os quatro vereadores do seu partido declararam votar em Ney. O sr. não quer se posicionar ou não quer discutir sobre uma mudança de postura de seu partido?…
Geraldo – Tá bom…

VERBO ONLINE – …O seu partido está dando apoio a um vereador da oposição, que pediu voto em Geraldo Alckmin, Aécio Neves, contra Alexandre Padilha e Dilma.
Geraldo – Você está me dizendo que eles declararam apoio. O partido não se posicionou ainda em relação a isso, provavelmente o PT aqui de Embu vai se posicionar enquanto partido. Uma coisa é um mandato [do vereador]… Estou falando que vai ter reunião, o partido vai se posicionar contra.

VERBO ONLINE – Vai se posicionar contra?
Geraldo – Provavelmente, contra. [Em relação a] Uma pessoa que trabalhou contra nós, contra o governo, não só fez campanha contra, mas tem feito discursos denegrindo a imagem do PT, evidentemente é muito difícil o PT aprovar apoio a um candidato desse, acho muito difícil. Mas não dá para eu me posicionar sobre algo de que não participei, o partido não fez reunião ainda para discutir, não tive nenhuma reunião com os quatro vereadores do PT, o que eu soube foi por uma parte da imprensa. Segundo, a eleição vai ser no dia 20, hoje é dia 1º. Se tem isso mesmo, vamos ouvir provavelmente na próxima semana os vereadores fazerem oficialmente esse anúncio, e vamos ouvir o que o partido vai dizer. Eu, particularmente, Geraldo Cruz, não acredito que se viabilize isso, não quero acreditar que o Chico declarou apoio ao Ney. O Ney estava falando outro dia nas redes sociais que o PT, o Chico, e eu cassei o mandato dele, uma informação inverídica das piores. O que tem na Justiça contra Ney Santos é sobre abuso de poder econômico. A coligação que apoiou Chico Brito em 2012 entrou na Justiça contra esse abuso do poder econômico. Não tem ação do PT [isolada], tem ação dos partidos que faziam parte da coligação. Não é o Chico nem o deputado que faz essas coisas caminharem, caminhou no ritmo da Justiça. Mas se for vermos nas redes sociais, tem informação contrária. Em cima disso eu falo porque é concreto. Mas sobre a nova mesa da Câmara, de fato, não sei quem é, não estou falando isso porque não quero responder. Se se concretizar, vou falar sobre algo que está formado.

VERBO ONLINE – Conforme apurou o VERBO ONLINE, 13 vereadores inicialmente declararam votar em Ney Santos presidente da Câmara. Antes, porém, após Chico anunciar Ney como presidente, os quatro vereadores do PT pediram um instante para conversar reservadamente sobre o anúncio. E voltaram dizendo que apoiavam a escolha. Acontece que eles foram acompanhados pelo [secretário de Governo de Chico] Paulo Giannini, numa indicação de que Chico procurou influenciar os vereadores a escolher Ney. Como o sr. vê esse cenário?
Geraldo – Até que eu tenha maiores informações, com base no que você está dizendo não acredito que foi feita uma engenharia dessa pelo Paulo e pelo Chico, não posso acreditar que o presidente do PT já tomou essa decisão. Evidentemente, os vereadores podem sentar e conversar com qualquer um, podem ter discutido, pode ter saído essa proposta, mas pode ser que ainda não tenho sido consolidada. Não estou dizendo que você está mentindo, estou dizendo que não tinha essa informação, você tem mais informação que eu. Vou procurar o povo do partido para saber se é isso mesmo. Como eles não me procuraram para fazer uma discussão em relação a isso…

VERBO ONLINE – O que acha disso, de não ter sido procurado, o sr. é uma das principais lideranças do partido.
Geraldo – Eles estão achando que têm que resolver sozinhos, talvez seja isso. Que vou ficar sabendo na reunião do partido, sou militante do partido. Que não precisaram de mim até agora. Que bom, estão resolvendo as coisas sem que a minha presença seja necessária. Para mim, tanto faz, se eles acharam que resolvem sem precisar falar comigo, tá bom, toca a vida. Quanto à posição pública de um ou outro, vou ter que ouvir, estou ansioso para a reunião do diretório para saber se vai discutir essa questão ou não. Normalmente, quando tem eleição da mesa da Câmara, é discutida no diretório, foi sempre assim na minha gestão [como prefeito] e sempre na do Chico até agora. Pode ser que o diretório remeta a decisão para o prefeito, que ele monte a [mesa da] Câmara conforme seja melhor para o governo, e o PT vai emitir parecer nesse sentido. Uma coisa é o PT, outra somos nós, militantes, parlamentares. Eu não posso falar em nome do PT, posso dizer que nenhum lá está falando em nome do PT, eu faço parte do partido e não fui ouvido. A discussão política, os 15 vereadores podem fazer, os vereadores do PT podem ter reunião com todos eles, o Ney Santos nada mais é do que um vereador da cidade, tem lá suas questões polêmicas, mas é um vereador eleito pelo povo. Se ele optou por apoiar o governo, que bom.

VERBO ONLINE – Deputado, não se trata de Ney Santos, mas dos vereadores do PT, o que acha de eles declararem voto a um vereador que, como o sr. disse, denigre a imagem do PT? Se na reunião do diretório do PT, essa decisão for oficializada pelos vereadores do partido… Eles posaram para fotos ao lado de todos os vereadores com o prefeito no meio…
Geraldo – Eu não vi essas fotos.

VERBO ONLINE – Está na imprensa, nas redes sociais…Quando essa posição for confirmada, qual vai ser o posicionamento do sr.?
Geraldo – Como disse, é muito precipitado falar. Primeiro, vou ouvir o partido e os vereadores. Depois disso, vou emitir minha posição. Às vezes, dentro do parlamento, a gente necessita de fazer algum acordo que pode ser levado a público, pode sair na foto e mostrar. Mas eu não sei o que eles discutiram, o que está acontecendo na Câmara no momento. Eu sei que, de fato, ele [Ney] é oposição ao PT. Seria bom você perguntar a eles porque apoiam Ney Santos, se é que apoiam. Vou sair dessa conversa contigo dizendo que não tenho a verdade sobre isso. Você está trazendo informação que para mim é nova, não posso dar minha opinião sobre algo que não se concretizou. Se o governo municipal tiver o apoio de toda a Câmara, tem tudo para fazer as coisas certas. Que bom que na Câmara ninguém quer ser oposição, todo mundo quer apoiar o governo, tomara que isso facilite para que as coisas avancem na cidade. Eu sei que quando você tem oposição é muito ruim, atrapalha muito, quando eu fui prefeito e tinha oposição, oposição intransigente, que não dialoga, é ruim para governar. Quando tem oposição que dialoga, discute os projetos, fica mais fácil. E se não tiver oposição nenhuma, fica melhor ainda.

VERBO ONLINE – O sr. acredita que na cidade de São Paulo, governada pelo PT, um vereador da oposição poderá presidir a Câmara?
Geraldo – A maioria das Câmaras Municipais, principalmente a de cidades grandes como São Paulo, tem por tradição que a bancada majoritária acaba presidindo a Câmara, quem preside é uma pessoa ligada ao governo. Se for o contrário aqui no Embu, vamos ter que analisar depois de acontecer. Eu fui vereador 14 anos, já vi mudar mesa de Câmara dentro de 5 minutos, já vi mudar depois que tinha sido votada metade dos vereadores. E depois de o prefeito ter declarado apoio. Enfim, eu já vi Câmara mudar na hora, eu mesmo já participei de uma [eleição] em uma ocasião em que no meio do processo de votação levantamos uma questão de ordem e apresentamos uma chapa, depois foi eleita uma mesa totalmente diferente, inclusive contra a do prefeito. O voto, o cara [vereador] decide na hora. Muitas coisas mudaram, o voto hoje é público, pode ser que não mude. Para finalizar sobre esse assunto: tem reunião do PT no dia 7 [neste domingo], vou me inteirar melhor sobre a política na cidade… Eu estava envolvido, como eu disse, na Assembleia Legislativa, e no evento que fizemos, sábado [dia 29], que era um festa em comemoração à nossa vitória, então, não estava discutindo essa questão. O que estou discutindo agora para o município? Emendas para o orçamento para trazer recursos para a saúde aqui na região, estou tentando passar alguma coisa para ampliação do Hospital Pirajuçara – meu sonho é a ampliação do Pirajuçara –, do Hospital de Itapecerica da Serra, ampliação de ambulatório de especialidades na região que atenda mais as nossas necessidades… Estou discutindo isso agora. Não que essa questão que você está abordando não seja importante, ela é.

VERBO ONLINE – Lideranças políticas aqui da cidade falam que a aliança entre Chico Brito e Ney Santos tem o único objetivo de enfrentar o sr. em eventual candidatura a prefeito em 2016.
Geraldo – Sinceramente, não acredito que o Chico articule alguma candidatura contra a do PT, salvo ele sair do PT. Se continuar, ele não vai lançar outra candidatura, vai apoiar a do PT. Se a candidatura do PT for a minha, ele não vai articular ninguém contra, não acredito nisso. Está muito cedo para as eleições em 2016, estamos ainda em 2014, saindo de um processo eleitoral muito desgastante, toda a classe política saiu, de alguma forma ou de outra, com um desgaste muito grande. É muito cedo falar das eleições em 2016. Mas eu não consigo ver a possibilidade de um prefeito do PT articular uma candidatura de outro partido para trabalhar contra a candidatura do próprio partido.