À luz do dia, Embu tem caos com moradores ilhados, comércios inundados e vias intransitáveis

'Quem perdeu tudo com a inundação também vai pagar? Que vergonha, senhor prefeito', diz moradora, sobre cobrança de IPTU na rede social da prefeitura, que ignorou enchente

Especial para o VERBO ONLINE

Moradores enfrentam enchente; estrada Kaiko intransitável; região central ainda inundada por volta de 13h, mais 12 horas após chuva; apesar do caos, Ney 'some' e cala | Divulgação

Embu das Artes amanheceu debaixo d’água neste sábado (13) com várias casas inundadas e dezenas de pontos de alagamento pela cidade, principalmente no centro, após o temporal – mas previsível – na noite desta sexta-feira. Se os transtornos já eram visíveis após a chuva – o Corpo de Bombeiros usou até bote para atender possíveis vítimas -, Embu à luz do dia se revela um caos com moradores ilhados, carros “tragados” e comércios tomados pela água – suja.

À noite, o VERBO mostrou uma residência em meio a enchente no Jardim Santa Clara. A moradora culpou a construção de campo de futebol pela prefeitura. “Os dois rios estão se emendando, vai entrar água na comunidade inteira”, disse, indignada. “Minha prima […] me falou que a coisa lá ‘tá’ feia, que a água ‘tá’ na cintura em algumas casas, e tem gente ilhada que só bombeiro pode tirar”, disse Talita Guimarães. No entanto, o bairro não foi o único que inundou.

“Aconteceu o que todos aqui já esperávamos, as enchentes voltaram na estrada Kaiko depois de muitos anos, e é devido a contratações dos galpões sem fiscalização. E agora estamos sem nos locomover, nem a pé, e estamos sem ônibus também”, disse a moradora Leila Costa em postagem nas redes sociais na manhã deste sábado diante do “rio” formado na via, no bairro Embu Colonial. Vizinhos também publicaram fotos da via intransitável e veículos invadidos pela água.

Empresários também foram afetados. “A água invadiu o estoque, cozinha e banheiro”, disse o responsável por uma drogaria na avenida Elias Yazbek. Na via, um escritório de advocacia ficou com água na porta. O proprietário Alcionei Miranda – que já foi secretário do prefeito Ney Santos (Republicanos) – teria reclamado de que o rio subiu quase cinco metros. “Todo janeiro é a mesma coisa, já faz uns 2 anos que a prefeitura não desassoreia o leito”, criticou um lojista.

Empresários estariam insatisfeitos com o Executivo por não combater enchentes e gerar prejuízos. “Estão bravos, a água literalmente bateu na bunda da ‘elite’ da associação comercial, defensora do prefeito Ney Santos”, comentou o cliente de um lojista, em referência à Acise (Associação Comercial, Industrial e Serviços de Embu). A reportagem não conseguiu falar com a entidade. No site oficial e nas redes sociais, a Acise não se pronunciou publicamente sobre o transtorno causado.

Pouco depois das 13h, 12 horas após o fim do temporal, o morador Clovis Cabral publicou fotos de pontos da região central totalmente submersos e atribuiu o problema a obra mal feita. “A chuva parou já faz muito tempo. Qual a dificuldade de escoamento? Será que o complexo viário na [avenida] Rotary tem algo a ver? Minha opinião é: foi construída uma barragem no leito do rio, impossibilitando o escoamento”, criticou, com registros do córrego com muito mato.

“‘Bora’ com mais construções irregulares. Temos que começar a comprar barcos se o povo do Ney continuar nessa prefeitura”, ironizou um morador diante da Kaiko inundada. Às 7h38, a Secretaria de Mobilidade Urbana alertou, via rede social, sobre vias intransitáveis: Elias Yazbek, ruas Paulo do Vale, Andronico dos Prazeres Gonçalves, Apóstolo Doriel de Oliveira, Alberto Giosa, Marcelino Pinto Teixeira, Luis de Almeida de Carvalho e avenida Hélio Ossamu Daikuara – oito.

A secretaria não citou, portanto a estrada Kaiko. Só “deu fé” da via tomada pela água quatro horas depois. “Bloqueio viário. Ainda em decorrência das chuvas, a est. Kaiko tem pontos de algamento intransitáveis”, postou, às 11h33. Curiosamente, apenas a pasta fez os alertas. A prefeitura, na própria rede social ou site, não fez qualquer menção aos bloqueios, o que foi visto por moradores como ato do governo de evitar reconhecer oficialmente os inúmeros problemas.

OUTRO LADO
Por volta de 12h30, o VERBO questionou o prefeito sobre a enchente na Kaiko, especificiamente. Ney ficou calado. Apesar de o governo não usar o canal oficial para orientar a sobre a enchente, uma moradora aproveitou o fato de a prefeitura não deixar de avisar, na rede social, sobre a cobrança de IPTU e fez o Executivo “lembrar” os transtornos. “Quem perdeu tudo com essa inundação também vai pagar? Que vergonha, senhor prefeito Ney Santos”, disse Gardenia Salinas.

> Colaborou a Redação

VEJA IMAGENS DE EMBU DAS ARTES DEBAIXO D’ÁGUA NESTA SEXTA-FEIRA E INUNDADO AINDA NO DIA SEGUINTE, NESTE SÁBADO

Vídeos/fotos – Leitores do VERBO/Semob/Divulgação

POSTAGEM DA SECRETARIA DE MOBILIDADE SOBRE VIAS INTERDITADAS POR CAUSA DE ENCHENTE; GOVERNO NEY, NAS REDES SOCIAIS DA PREFEITURA, EVITA ABORDAR ASSUNTO, MAS MORADORA ‘LEMBRA’

Imagens – Redes sociais da Secretaria de Mobilidade Urbana e da Prefeitura de Embu das Artes

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