Após reforma, Ney entrega escola para deficientes sem mangueira de incêndio e com tomadas que vazam

Armando Vidigal tem goteiras em escada, fios expostos, consultório sem isolação, e não possui vistoria dos bombeiros; show de irresponsabilidades, aponta pai de aluna

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Escola Armando Vidigal, com escada com goteiras e caixa de incêndio sem mangueira, entre outros problemas, em risco até a vida dos alunos, com deficiência | Divulgação

Após dar “boas-vindas” às crianças e jovens com deficiência com o Centro Educacional Armando Vidigal totalmente comprometido na volta ao ensino presencial (pós-covid-19) no ano passado – a ponto de uma sala desabar -, procurar outro imóvel apenas depois da pressão de pais, e entregar a reforma só depois do início das aulas, quase no fim de fevereiro, o prefeito Ney Santos (Republicanos) reabriu a escola com a obra mal feita, com graves problemas.

Um prefeito ter a capacidade de entregar a reforma de uma escola e para alunos com deficiência com os vários problemas encontrados na unidade de ensino no Jardim São Marcos chama a atenção. Áreas de acesso apresentam goteiras, inclusive em escada, em situação propícia para acidentes – funcionários têm que providenciar baldes para minimizar o risco. Várias salas de aula têm infiltração e também gotejamento, em desconforto a estudantes e professores do colégio.

Durante a chuva, a água também sai pelas tomadas, em possível ocorrência de curto circuito, entre outros riscos. Várias salas estão com tomadas expostas, não afixadas na parede, que igualmente representam perigo inclusive por conta de que a escola tem muitos alunos autistas. A caixa de mangueira de incêndio está vazia, inutilizável em caso de fogo. Segundo o pai de uma estudante, o Armando Vidigal não tem auto de vistoria do Corpo de Bombeiros.

Outros problemas são uma combinação de negligência e má gestão da Secretaria de Educação. A pasta pôs na escola mobiliário inadequado, como cadeiras sem apoio, para pessoas com paralisia cerebral, que têm convulsões repentinas. O colégio tem identificação dos espaços de convivência, mas a piscina não funciona por falta de profissionais, e a sala de “atividades básicas da vida diária” (ABVD) e a sala multiuso também estão, de acordo com os pais, “inoperantes”.

Outra temeridade seria a falta de aterramento ou isolação do compressor da sala de dentista do equipamento. “Impossibilita a doutora de prestar seus serviços aos alunos PCDs [com deficiência] e pessoas indicadas ao serviço odontológico da instituição”, reclama o morador Raimundo Azevedo, pai de uma aluna com paralisia cerebral e conselheiro escolar do colégio – que se declara “questionador do descaso desta administração com essa população carente”.

A reforma da escola, sob supervisão da pasta de Serviços Urbanos, foi realizada pela Teto Construtora. “Um crime, amputando a população contribuinte. O cúmulo do absurdo é que tudo isso acontece com a batuta de três engenheiros. Engenheiros?”, questiona Azevedo. “Alexandre Almeida, alocado na Secretaria de Serviços Urbanos, um engenheiro da Teto e um da J Almeida, terceirizada pela Teto. Enfim, um enorme balaio de gatos, um show de irresponsabilidades”, critica.

O pai da aluna do centro educacional lembra o calvário imposto pelo governo municipal desde o início, ainda sem fim. “Depois da pandemia, a prefeitura autorizou o retorno das aulas em um prédio deteriorado, com pisos soltos, vazamentos no telhado, entupimentos em tubulações e paredes com enormes rachaduras com riscos iminentes à via. Pais acionaram a Promotoria Pública, e foi firmada a intervenção na escola Armando Vidigal para reforma”, relata.

“Em 2023, depois de três prorrogações de entrega do espaço para retorno às aulas, teve um showmício de inauguração em 18 de fevereiro pelo mandatário do poder e sua corja”, recorda ainda Azevedo, indignado, sobre a entrega da reforma com “pompa”, por Ney, no aniversário de Embu. “A retomada das aulas foi em 27 de fevereiro. Mas, após dois meses, há um monte de irresponsabilidades, da pasta de Educação e das empresas contratadas”, aponta.

OUTRO LADO
O VERBO questionou o prefeito sobre a obra no Armando Vidigal – “O senhor entregou a reforma com goteiras em áreas de acesso e salas de aula, com tomadas das quais sai água em dias de chuva, e soltas com fiação exposta, compressor sem aterramento, caixa sem mangueira de incêndio, e sem vistoria do Corpo de Bombeiros, em grande risco até a vida dos alunos. Como foi capaz de reinaugurar a escola com tantas falhas estruturais?”. Ney permaneceu em silêncio.

VEJA OUTROS PROBLEMAS NO CENTRO EDUCACIONAL ARMANDO VIDIGAL E MORADOR RAIMUNDO AZEVEDO COM A FILHA

Fotos: Divulgação

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