RACHA NO PSDB E DEDO DE NEY. Oposição e governo de conveniência e cinismo

Especial para o VERBO ONLINE

JOSÉ AFONSO DA SILVA
Colunista do VERBO ONLINE

Com dois anos de antecedência, a disputa pela prefeitura de Taboão da Serra já mobiliza e divide os grupos políticos do município, resultando num racha sem precedentes, em que quatro dos cinco vereadores do PSDB rompem com o prefeito Fernando Fernandes, também do PSDB. FF acusa o grupo, autodenominado “BIH” (Bloco Independente Harmônico), de orquestrar um golpe contra o governo, e que na época, inclusive, teria ganho o apoio do vice-prefeito.

'Já como oposição, os tucanos que romperam com Fernando começaram a fazer questionamentos ao governo'
‘Já como oposição, os tucanos que romperam com Fernando começaram a fazer questionamentos ao governo’

O gatilho para a formação do bloco foi uma briga entre FF e o vereador Alex Bodinho, que, segundo a imprensa local, discordava do apoio do prefeito à candidata tucana a deputada federal Bruna Furlan, enquanto o vereador exigia o apoio da prefeitura à candidata Ely Santos, irmã do prefeito de Embu das Artes, Ney Santos. O que está por trás do racha do PSDB em Taboão da Serra?

Como é sabido, FF está em seu segundo mandato, ficando assim impossibilitado de se candidatar pela terceira vez consecutiva e, ainda de acordo com a lei eleitoral, parentes em segundo grau do prefeito não podem ser candidatos. O que significa que FF teria que indicar um “não parente” do seu grupo político. O candidato visto como natural para sucedê-lo na prefeitura em 2020 seria o vereador do PSDB Eduardo Nóbrega.

No entanto, FF sabe que se eleger um membro da família Nóbrega dificilmente continuará dando as cartas na política taboanense, uma vez que a família Nóbrega tem seu projeto próprio de poder. Isso explica a contratação de uma claque para vaiar a presidente da Câmara de Taboão da Serra e possível candidata a suceder FF, Joice Silva, durante visita do candidato tucano João Doria ao município. Nóbrega negou estar por trás das vaias, no entanto, os acontecimentos seguintes jogam dúvidas sobre essa negativa.

O dedo de Ney Santos
Obcecado por eleger sua irmã Ely Santos e o presidente da Câmara de Embu das Artes, Hugo Prado, Ney Santos percebeu a divisão entre os clãs de Taboão da Serra e decidiu entrar na disputa. Primeiro, ofereceu a secretaria de Esportes de Embu das Artes a Anderson Nóbrega, irmão de Eduardo. Em troca, ele retiraria sua candidatura a deputado federal; Segundo, Ney tomou as dores do vereador Bodinho, chegando ao ponto de dizer que elegerá o próximo presidente da Câmara e o próximo prefeito de Taboão da Serra.

Dessa forma, Ney conseguiu o apoio dos cinco vereadores do PSDB de Taboão da Serra para apoiarem suas candidaturas proporcionais e, de quebra, ainda conseguiu que esses mesmos vereadores embarcassem na campanha de Paulo Skaf ao governo do Estado de São Paulo, ato visto por FF e pela executiva estadual do PSDB como um ato de traição a candidatura de João Doria, do PSDB.

Mesmo com todos os problemas jurídicos/criminais envolvendo o nome de Ney, com denúncias de abuso de autoridade, agressões e ameaças de morte a jornalistas envolvendo seus assessores diretos, o prefeito de Embu tem sido eficiente em interferir na política das prefeituras da região e, no caso de Embu das Artes, até os vereadores do PT embarcaram em sua cantilena. A continuar nessa rota, as disputas regionais tendem a descambar para uma violência sem fim.

Oposição de conveniência e cinismo
Já se posicionando como oposição, os tucanos que romperam com o governo começam a fazer questionamentos ao governo. Um deles tem a ver com o fato de o funcionalismo não ter reajuste salarial há 20 anos. Por outro lado, FF anuncia reajuste ao funcionalismo para janeiro de 2019.

A pergunta é: por que esses vereadores não brigaram por reajuste antes e por que só agora FF decide reajustar os salários do funcionalismo? A resposta é simples: disputa política eleitoral, nada mais.

*José Afonso da Silva, militante do PSOL de Taboão da Serra e responsável pela secretaria do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), tem coluna publicada às sextas-feiras, com exclusividade, no VERBO ONLINE

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