Chamado de ‘enrolão’ pelo vice, Aprígio é criticado ao ‘lembrar’ do funcionalismo

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio na Usina; após prestar 'homenagem' pelo Dia do Funcionário Público, ele recebe como resposta dos servidores que não têm nada a comemorar | PMTS

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Após ser acusado pelo próprio vice de “enrolar” o funcionalismo de Taboão da Serra sobre melhoria salarial, o prefeito Aprígio (Podemos) virou alvo de inúmeras críticas de servidores ao postar uma “homenagem” pelo Dia do Funcionário Público – a data é comemorada em 28 de outubro, mas o prefeito transferiu para esta sexta-feira (29) para emendar com o feriado de Finados. Os trabalhadores da prefeitura afirmam não ter “nada a comemorar”.

Além de não ter aumento nem reajuste salarial, o funcionalismo sofre perdas sob o governo Aprígio. O abono de férias ou “14º salário”, depois de quase 30 anos pago aos servidores, foi extinto por decisão judicial, mas o prefeito teve 90 dias de prazo “dado” pela Justiça para enviar à Câmara projeto de lei para “compensar” o fim do benefício. Após alegar que “não se mostra como prazo razoável”, ainda ingressou com recurso “mal feito” e perdeu.

O funcionalismo teve aumento foi de desconto no salário, na contribuição previdenciária, de 11% para 14%, em fevereiro. No ano passado, Aprígio atacou o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) por propor a cobrança, que acabou não aprovada. Na cadeira, ao “pôr a mão no bolso” dos servidores, calou sobre o que dizia ser “confisco” – que aprovou “sorrateiramente”, em sessão extraordinária, de forma simbólica e em meio a outros projetos.

Cobrado a pagar pelo menos a reposição salarial por um grupo de servidores na porta da Câmara no aniversário da cidade, Aprígio alegou impedimento por lei federal, mas disse receber a categoria “mesmo para dizer não” – fala muito diferente na campanha, quando prometeu valorização do funcionalismo, inclusive salarial, como uma das principais bandeiras. Depois, em junho, ele passou a falar que herdou a prefeitura endividada e “quebrada”.

Na contra-mão do discurso, porém, Aprígio fez da prefeitura cabide de funcionários de indicação política. “No ano passado, praticamente os chefes que eram livre-nomeados e alguns servidores em cargos designados. [Na minha secretaria] Não tem mesa e computadores para toda essa gente que chegou”, disse uma servidora. Em ato mais “imoral”, Aprígio deu aumento de 50% (R$ 3 mil para R$ 4,5 mil) ao filho do secretário de Governo, Mario de Freitas.

Após Aprígio publicar a homenagem “na teoria”, os servidores reagiram, até em tom de “puxão de orelha”. “Mais atenção aos funcionários que trabalham duro por uma educação de qualidade e que estão perdendo os direitos. Precisamos de aumento real no nosso salário base. Reflita sobre isso”, escreveu uma professora. “Infelizmente, não temos nada a comemorar. Até agora só perdemos direitos e nada de melhoria”, escreveu outra servidora.

A desvalorização do funcionalismo taboanense vai além do salário baixo, também se revela na falta de pagamento de simples benefícios, que também desmotiva. “Por não receber o auxílio do vale-transporte, praticamente pago para trabalhar, utilizo duas conduções. Achávamos que esta gestão teria consciência pelo menos do básico. Estamos um tanto indignados com a situação da prefeitura de Taboão da Serra”, disse uma servidora ao VERBO.

Como resultado, a população é penalizada com a falta de serviços de qualidade pela perda de bons profissionais. “Muitos colegas estão indo embora para outras prefeituras”, lamentou a servidora, também de “saída”. Ela entende que “a situação do funcionário nunca foi das melhores”. “Mas a nova gestão fez promessas mesmo sabendo da situação do país e das impossibilidades que a pandemia e governantes impuseram aos municípios”, avaliou.

O próprio vice-prefeito disse, porém, que Aprígio está acomodado. “O ‘seu’ Aprígio está enrolando o funcionário público. Será que não dá para melhorar um pouquinho? Ele deu solução para o ’14º salário’? Tem solução, sim! Outras cidades pagam e encontraram. Ele está sentado, quer jogar tudo para o ano que vem, está empurrando em nome da lei da covid. E está se escondendo daquilo que pode resolver”, afirmou José Vicente Buscarini (PSD).

SERVIDORES REAGEM À DESVALORIZAÇÃO DO FUNCIONALISMO APÓS APRÍGIO FAZER ‘HOMENAGEM’

OUÇA BUSCARINI FALAR SOBRE APRÍGIO ROMPER COM ELE AO SE REFERIR AO FUNCIONALISMO DE TABOÃO

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