Hugo mente sobre maternidade; Índio admite que faz faixas que agradecem a ele

Especial para o VERBO ONLINE

Hugo, que mentiu ao falar que a gestão Ney recebeu maternaidade fechada, e Índio, que admitiu colocar faixas de agradecimento a ele próprio | Reprodução

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Os vereadores de Embu das Artes retomaram as sessões nesta quarta-feira (5) após dois meses de férias, mas dois membros da mesa-diretora protagonizaram os trabalhos, com falas que geraram espanto. Em possível desespero pela rejeição à gestão Ney Santos (Republicanos), o presidente Hugo Prado (PSB) mentiu ao falar em fechamento da maternidade e Índio Silva (Republicanos) admitiu que coloca faixas nas ruas que agradecem a ele próprio por obras.

Identificado pelo discurso demagógico e pontuado de inverdades, Hugo, ao procurar fazer balanço do governo, primeiro apelou sobre o tempo de espera no cruzamento antes da rotatória na divisa de Embu das Artes com Taboão da Serra. “Enfrentamos um desafio muito grande na avenida Rotary. Quem não se lembra do trânsito caótico que os moradores enfrentavam, onde passavam até 3 horas para atravessar uma das principais vias da cidade”, disse.

“Quantos prefeitos passaram. Mas quantas matérias a Rede Globo fez, atacando a nossa gestão, criticando o nosso trabalho”, continuou Hugo, ao contar só o que convinha. Os vereadores da base de Ney fizeram em abril do ano passado um requerimento para que a empresa contratada para a rotatória explicasse a demora na execução, mas apenas depois que a TV Globo mostrou a obra “largada” no dia anterior. A construção já estava atrasada três meses.

Em seguida, Hugo falou sobre a caótica saúde – com pelo menos três mortes sob indícios de negligência -, quando mentiu sobre a maternidade e omitiu a conivência do grupo político – de Ney – ao qual tinha aderido quanto ao Pronto-Socorro Vazame. “Sabemos que a saúde é prioridade e assim falamos para o povo na nossa campanha, mas assumimos a cidade com a maternidade fechada, com o pronto-socorro do Vazame fechado”, disse, descaradamente.

Em 2016, a maternidade foi fechada para reforma de seis meses, mas foi reaberta pelo prefeito Chico Brito (sem partido) no dia 20 de dezembro, 12 dias antes do início da gestão Ney. À época, o PRB Mulher foi contra a suspensão do atendimento por achar que a maternidade seria fechada. Ney, então pré-candidato a prefeito pelo PRB, não apoiou o ato por ser a favor da reforma de Chico. Em 2014, ele se aliara a Chico para virar presidente da Câmara.

O PS Vazame foi desativado após a abertura da UPA Santo Eduardo, na mesma região, em dezembro de 2015, e desde então é um hospital leito, só para internações. Apesar de Hugo ter discursado que o PS Vazame “foi fechado por eles”, em ataque ao PT, Ney apoiou a decisão de Chico de substituir o PS pelo novo serviço, tanto que, então presidente da Câmara, destinou R$ 123 mil para o hospital leito. Já Hugo, assessor pessoal de Chico, dizia “amém”.

Hugo se esforça em despistar que rejeita o PT, mas foi candidato a vereador em 2012 em aliança com o partido e em 2016 foi eleito com apoio de Chico, de quem foi o “secretário” por quase quatro anos – até representou Chico em inaugurações. Em 2014, ele foi apoiador entusiasta do PT, posou para foto, sorridente, com placa em que dizia “eu também voto” em Dilma Rousseff para presidente e outros candidatos da sigla – foi até “homem-placa” dos petistas.

Já Índio fez a “confissão” de que as faixas de agradecimento não são uma manifestação espontânea de moradores, mas que “a gente coloca”, ao expressar forte incômodo com críticas da população e lideranças. “O mais engraçado de tudo é que não tem o que falar, fica procurando pelo em ovo. Até uma faixa que a gente coloca na cidade, eles vão lá e fala [sic] mal da faixa. Ainda tem assessor de vereador que vai lá e comenta ainda”, murmurou o parlamentar.

Depois, ao notar o “ato falho”, Índio tentou consertar, mas escorregou de novo ao se referir à “faixa do Índio”, duas vezes. “Não tem o que falar, pôxa vida, fica quieto. Aí o povo ‘tá’ lá na casa do morador, o próprio morador colocando a faixa do Índio com a foto deles, e vai lá e fala da faixa do Índio”, disse. Ele disse ainda que se a oposição continuar “falando mal” da gestão “vai perder mais gente”, sobre lideranças que criticavam e foram “para o lado” do governo.

André Maestri (PTB) apontou, porém, que o governo passou a procurar lideranças por estar mal avaliado e que os que antes criticavam a gestão não passaram a apoiar espontaneamente. “Não fiquem afoitos com crescimento de grupo, sobretudo compra de lideranças. Ofereçam dinheiro a lideranças, mas as que aceitam sabem o tamanho da encrenca em que estão entrando. Tenho ouvido áudios de desespero, chamando lideranças para conversar”, disse.

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