Casas que sofreram deslizamento são demolidas; moradores apontam infiltrações de piscina

Especial para o VERBO ONLINE

Máquina faz demolição nesta 4ª-feira (5) de uma das casas que desabaram parcialmente em cima de prédio na rua das Camélias, em Taboão | TV Globo/Reprodução

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

As seis casas que desabaram parcialmente na manhã da terça (4) na rua das Camélias, no Parque Assunção, região central de Taboão da Serra, foram demolidas nesta quarta (5). Os fundos de pelo menos três imóveis desmoronaram sobre o prédio que fica abaixo das construções. O condomínio, com 78 apartamentos (incluídos os de duas torres pequenas), segue interditado. Mais de 80 famílias foram retiradas das residências e do edifício. Ninguém se feriu.

Segundo a Defesa Civil, das seis casas demolidas, quatro eram habitadas e duas estavam em construção. A demolição foi executada por uma empresa especializada contratada pela construtora do prédio e pelos proprietários das residências – ela foi autorizada a derrubar os imóveis, numa área de barranco, pelo risco iminente de desabamento. A empresa deve agora fazer a drenagem do terreno, que está encharcado e pressiona a estrutura do prédio.

Os moradores entraram no prédio apenas por alguns minutos para retirar poucos pertences. Com as demolições, a Defesa Civil vai fazer nova vistoria para que possam entrar no condomínio com segurança. Mesmo com a derrubada das casas, o órgão alerta que ainda existe risco de deslizamento e afirma que o proprietário do terreno terá que entrar com um projeto para a construção urgente de um muro de arrimo, já que a situação ainda é preocupante.

A montanha de terra e o resto de construções das casas atingiram até pelo menos o sexto andar do prédio residencial – e invadiram apartamentos, que ficaram destruídos. “A minha casa não tem mais nada, acabou tudo, só tem água, terra. O meu filho foi encontrado debaixo dos escombros, um rapaz que foi lá e conseguiu tirá-lo”, disse a auxiliar administrativa Thalita Aparecida à TV Globo. As famílias desalojadas foram para casas de parentes e amigos.

Na terça, a Defesa Civil recebeu um chamado de madrugada de um dos moradores e foi vistoriar a casa. Constatou rachaduras no imóvel, mas não mandou a família sair. “Tinham trincas que não eram nada absurdas, na primeira avaliação não tinha risco na casa. Agora, era 3 horas da manhã, não tinha como avaliar embaixo das casas. Decidimos que íamos voltar às 8 e meia da manhã para reavaliar por baixo”, disse o engenheiro do órgão Edson Galina.

As causas do desmoronamento serão apuradas. O advogado do responsável pela construção do prédio disse que a empresa optou pela demolição por conta de que as residências, se viessem abaixo, iriam “prejudicar o sexto ou sétimo andar” e negou que foi uma irresponsabilidade construir em um terreno tão íngreme. “Eu não diria irresponsabilidade, o que parece neste momento é um evento da natureza, água em excesso”, disse Waldemar Lima.

O deslizamento foi por volta de 6h30, depois da chuva que caiu na madrugada, mas pode ter outra causa. “No fundo dessas casas havia duas piscinas, ninguém sabe quem construiu, se tem laudo. A questão é que desde dezembro havia um vazamento dessas piscinas. Eu moro colada ao muro, acompanhava a água descendo”, disse a moradora Jéssica Hellen. Moradores apontam que a quase tragédia era anunciada e acusam os responsáveis pela construção.

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