Golpe sufocou trabalhadores e progresso para brasileiros, dizem militantes

Especial para o VERBO ONLINE

Ex-sindicalista Portugal fala no debate sobre 50 anos do golpe militar na Casa de Cultura Santa Tereza

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A Casa de Cultura Santa Tereza, em Embu das Artes, realizou no sábado, dia 29, debate sobre os 50 anos do golpe militar, que se completam nesta segunda, 31 de março. No evento, o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) fez lançamento do livro “A Doutrina de Segurança Nacional e o ‘Milagre Econômico’ (1969-1973)”. Participaram também do ato o ex-sindicalista Augusto Portugal e o ex-militante de organização de esquerda Stanislaw Szermeta, preso durante a ditadura.

Um dos líderes da histórica greve na fábrica de caminhões Scania em 1978, que foi o estopim da primeira paralisação geral no ABC, Portugal ressaltou que a classe trabalhadora teve papel fundamental no processo de redemocratização do Brasil, daí ter se tornado “o principal alvo do golpe militar”. Ao pesquisar arquivos da repressão, ele descobriu que em 1977 teve a documentação funcional entregue pela empresa ao Deops (Departamento de Ordem Política e Social) na região.

Ex-sindicalista Portugal fala no debate sobre 50 anos do golpe militar na Casa de Cultura Santa Tereza

“Muitos de nós fomos inscritos em listas-negras, um dirigente da ditadura falava que eram o sistema penal dos patrões. A classe trabalhadora não foi atingida só pela ausência de liberdade política, entre 1964 e 1985 sofria repressão policial-militar e também empresarial”, disse. Para ele, “democratizado o país após 1985, a ditadura continua, a nós trabalhadores não é dado o direito de organização no local de trabalho, as listas negras ainda existem e perseguem ativistas”, afirmou.

Portugal avaliou que, “50 anos após o golpe, o país segue com problemas não resolvidos” e citou como herança que “a sociedade continua profundamente autoritária para pobre, preto, jovem e trabalhador” e “a Justiça só existe para quem tem dinheiro, é um dos elementos mais sólidos de manutenção de privilégios das classes dominantes”. “É muito melhor lutar na democracia, e nossa missão é conquistar direitos negados aos trabalhadores e à população pobre do país.”

Stanislaw, o Stan, disse que o golpe militar “veio como uma bomba” para os trabalhadores e a população em geral que reivindicavam transformações sociais no país e causou como maior dano a interrupção da democracia. “Não adianta ter expectativa de realizações se o país não conserva o espírito de liberdade. O regime militar entrava na casa das pessoas, perseguia, destruía famílias, levava milhares e milhares de brasileiros ao desemprego e a situação de penúria”, afirmou.

Stan foi preso em Porto Alegre, em 1971, no “aparelho” do Partido Comunista Operário, e ficou detido por 18 meses na capital gaúcha e em São Paulo. Sofreu tortura com pauladas e choques. “O golpe retirou todos os direitos que podia levar, todas as esperanças que se podia ter na melhoria do Brasil, de fazer o país crescer como pátria e como povo que merecia usufruir das riquezas que produziu. 1964 foi uma interrupção do desenvolvimento do Brasil para os brasileiros”, afirmou.

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