Com PM e GCM, prefeitura retira ‘à força’ acampamento de ativistas em zoo

Especial para o VERBO ONLINE

Barracas de ativistas são desmontadas por GCMs e funcionários da prefeitura e jogadas em carroceria com pertences

ALCEU LIMA
Do VERBO ONLINE, da Redação

Com escolta de pelo menos três viaturas da Guarda Municipal e duas da Polícia Militar, funcionários da prefeitura em cinco veículos retiraram os ativistas e desmontaram acampamento ao lado do Parque das Hortênsias à força, na tarde desta segunda-feira, por volta das 16h20. O grupo ocupava barracas no local havia cerca de um mês em protesto pela retirada dos animais do zoológico, na região central da cidade, ao acusarem maus-tratos ou manejo errado com os bichos.

Viaturas da GCM em escolta a funcionários para retirada de barracas de ativistas de terreno ao lado do parque

“Só estavam quatro ativistas lá, falaram ou vão sair por bem ou por mal, e arrancaram o acampamento”, contou a líder Antília Reis, que não estava no local. Ela relatou ter dito que o grupo estava em terreno não público e perguntou se a prefeitura tinha mandado de desocupação, em vão. “A prefeitura de Taboão da Serra invadiu terreno particular, eles não tinham ordem legal para retirar. Sob proteção da GCM e da PM, levaram tudo numa kombi, não teve conversa”, acusou.

A ação da gestão Fernando Fernandes (PSDB) aconteceu a pouco mais de duas horas de reunião do grupo com o governo, na noite desta segunda-feira, articulada por um vereador da base do prefeito, para discutir transferência de animais e adaptação dos recintos para execução de reforma do parque com os animais remanescentes no espaço. A condição para realização do encontro era o cancelamento da manifestação neste domingo, dia 23, e a retirada das barracas.

“Mais uma vez, não dá para confiar. Suspendemos no sábado à noite, dia 22/03/14, o manifesto contra maus-tratos dos animais como sinal de boa fé para hoje haver a primeira reunião com os verdadeiros ativistas e o que houve? GCM, PM e funcionários da prefeitura expulsaram os quatro ativistas”, disse Antilia no Facebook. Segundo ela, o grupo negociou em 14 de janeiro com a prefeitura a retirada da leoa, um gavião a perna necrosada e olho furado e um pavão com artrite.

Barracas de ativistas são desmontadas por GCMs e funcionários da prefeitura e jogadas em carroceria

“Em 21 de janeiro, renegociamos a transferência, e nos pediram 15 dias. E o que houve? Assinaram, na surdina, em 7 de fevereiro, um TAC [termo de ajustamento de conduta] com o Ministério Público. Enquanto isso, animais estão sendo negligenciados, vide gavião, e com certeza irão morrer”, acusou. De acordo com os ativistas, o pavão “morreu agonizando em exposição”. O gavião foi sacrificado na sexta, dia 21, no Depave (departamento de fauna da prefeitura de São Paulo).

O VERBO não conseguiu contato com o secretário Laércio Lopes (Cultura), que responde pelo zoo, nem com o secretário de Segurança, Gerson Brito, para comentar a retirada do acampamento. No início do mês, Laércio disse que o protesto com barracas era legítimo. “As cobranças por mudanças [no zoo] são legítimas, temos um país livre, democraticamente, é um direito deles, e temos que aceitar. Só não admito que falem que os animais passam fome ou são maltratados”, disse.

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