Gavião não foi sacrificado; ativistas reforçam denúncia contra zoo de Taboão

Especial para o VERBO ONLINE

Gavião com perna amputada e feridas na pata é examinado no Depave, que recomenda que animal seja sacrificado

ALCEU LIMA
Do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O carcará transferido do Parque das Hortênsias, em Taboão da Serra, na terça-feira, dia 18, não foi sacrificado e segue sob cuidados do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depave) da prefeitura de São Paulo, mas a Divisão de Fauna do órgão afirma que a medida mais digna para o gavião, como popularmente conhecido, é a “eutanásia”. “É a postura nossa, ele não apresenta condições para viver em cativeiro”, disse um veterinário ao VERBO. Ele foi sedado para alívio de dores.

A ave deverá ter a vida abreviada pelo estado de sofrimento por conta de ter ferimentos graves. De acordo com a prefeitura, o animal não era aquisição do Parque das Hortênsias e foi abandonado em 3 de janeiro de 2012 com um olho furado e a perna esquerda necrosada, que foi amputada. À reportagem, o secretário Laércio Lopes (Cultura) afirmou que o gavião foi recolhido, tratado, nunca foi exposto para visitação do público e estava “com saúde” ao ser transferido.

Com perna amputada e feridas na pata, gavião é examinado no Depave, que recomenda eutanásia da ave

O Depave constatou, porém, a partir de exame clínico e comportamento do carcará no recinto, “significante perda de qualidade de vida”. “O animal está desenvolvendo lesões crônicas em decorrência da dificuldade adquirida pela amputação”, diz. Observou que o carcará se caracteriza por se deslocar no solo na caça a animais e revirar o solo atrás de grãos e que “a amputação e as lesões decorrentes impossibilitam este comportamento natural de uma ave de rapina”.

Os veterinários relatam que o gavião não se dirige ao alimento sozinho e que precisa do auxílio humano para comer, quadro desfavorável já que os animais silvestres, ao contrário dos domésticos, nem sempre toleram o contato dos seres humanos, percebidos como potenciais predadores. “Portanto, a manutenção dessa ave em cativeiro promove diariamente um estresse, impossível de ser calculado, uma vez que ela depende da presença humana para sobreviver.”

O Depave conclui que o gavião, “incapacitado para sobreviver em vida livre” e sob estresse pelas lesões adquiridas e convívio com humanos, está “destinado a perpétuo sofrimento em cativeiro”. “Essas condições não respeitam a natureza do animal, justificando a recomendação de eutanásia como forma mais digna de destinação”, diz o laudo, que foi parar nas redes sociais. O órgão reconhece o documento, mas diz que era interno e foi divulgado “de forma inadequada”.

Ativistas acusam o zoo de manejo errado. Afirmam que o gavião teve a perna amputada “muito acima do que é normal” e que, se tratado adequadamente, mesmo cego saberia se alimentar pelo olfato e não teria lesões na única pata. “Há três meses, quando pedimos a transferência, ele não estava com feridas. E vivia exposto no zoo estressado, como o próprio laudo diz. Essas sequelas não são motivo para eutanásia, mas não saber se readaptar com elas sim”, disse Antilia Reis.

> Colaborou a Redação

> LAUDO DO DEVAPE SOBRE GAVIÃO TRANSFERIDO DO PARQUE DAS HORTÊNSIAS

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