Papa Francisco nomeia dom Orani e outros 18 bispos cardeais da Igreja

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
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Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, e mais 18 bispos foram oficialmente instituídos cardeais pelo papa Francisco, neste sábado, dia 22, em celebração na Basílica de São Pedro. Eles receberam das mãos do pontífice um anel, símbolo do compromisso com a Igreja no mundo, e o barrete (chapéu quadrangular) vermelho, como o sangue dos mártires que deram a vida para defender a fé cristã, além do título de nomeação, com titularidade de uma igreja de Roma. Dom Orani será o “pároco-mor” da Igreja Santa Maria Mãe da Providência – que terá foto e brasão do religioso.

Monge da Ordem dos Cistercienses, dom Orani nasceu em 23 de junho de 1950 – tem 63 anos -, em São José do Rio Pardo (SP), foi ordenado padre em 1969, nomeado bispo da Diocese de São José do Rio Preto (SP) em 26 de fevereiro de 1997 pelo papa João Paulo 2º e ordenado em 25 de abril daquele ano. Em 2004, foi promovido a arcebispo, para a Arquidiocese de Belém do Pará. Em 2009, foi elevado a arcebispo do Rio de Janeiro, segunda principal arquidiocese do país e primeira a ter a nomeação de um cardeal – dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, o cardeal Arcoverde, em 1905.

Capa dom Orani
De joelhos diante do papa Francisco, d. Orani recebe título de cardeal em celebração em basílica do Vaticano

Homem de personalidade acolhedora e hábitos simples, dom Orani preza o contato com as pessoas e a comunicação. “É um comunicador, muito antenado, usa redes sociais, televisão, Facebook. Fez um trabalho de comunicação importante quando esteve no Pará. E no Rio de Janeiro, ele gosta de subir o morro, encontrar as pessoas, sobe mesmo onde não há UPP, com ou sem bandido”, disse o teólogo Fernando Altemeyer Júnior à “Folha de S. Paulo”. Em 2007, durante visita do papa Bento 16 a São Paulo, dom Orani conversou com a reportagem e voltou a valorizar e incentivar a mídia católica.

CELEBRAÇÃO
Em homilia, o papa citou as necessidades da Igreja, que precisa de colaboração, comunhão, coragem e compaixão dos cardeais, principalmente em relação às comunidades eclesiais e aos cristãos que sofrem perseguições, ante “a dor e o sofrimento de tantos países do mundo”. “A Igreja precisa de nós como construtores da paz, por meio de obras, desejos e orações”, afirmou. Francisco concluiu com invocação da paz e reconciliação para os povos “que, nestes tempos, vivem provados pela violência e a guerra”. A celebração durou duas horas e teve a presença do papa emérito Bento 16.

Após instante de silêncio, foram feitas a leitura da fórmula de criação e a proclamação solene dos nomes dos novos cardeais, que em seguida fizeram a profissão de fé e o juramento de fidelidade e obediência a Francisco e seus sucessores. Ao se ajoelharem diante do papa, receberam, individualmente, as insígnias cardinalícias. O momento é selado com o abraço da paz. Após o fim da cerimônia, o brasileiro, dom Orani, receberia na sala Paulo 6º cumprimentos dos convidados que foram até o Vaticano para sua instituição, entre eles a presidente Dilma Rousseff e autoridades do Estado do Rio.

Além do Brasil, os novos cardeais são da Itália, Alemanha, Reino Unido, Nicarágua, Canadá, Costa do Marfim, Argentina, Coreia do Sul, Chile, Burkina Faso, Filipinas, Haiti, Espanha e Santa Lúcia. Dos 19, 16 têm menos de 80 anos e poderão votar em eventual eleição de novo papa. Com as nomeações, os eleitores passam a 122, dois a mais do que o máximo de 120 que participam de um conclave, mas dez se tornarão octogenários em 2014. A presença de nomes de países muito pobres – como o Haiti – e em desenvolvimento indica que Francisco que fazer um pontificado mais voltado aos pobres.

Décimo cardeal brasileiro, dom Orani recebe cumprimentos da presidente Dilma
Décimo cardeal brasileiro, d. Orani recebe cumprimentos da presidente Dilma após cerimônia de duas horas

COLÉGIO CARDINALÍCIO
No total, a Igreja Católica conta hoje com 218 cardeais, oriundos de 68 países. O Brasil tem agora dez cardeais, dos quais cinco eleitores: o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Raymundo Damasceno Assis, 77; o arcebispo emérito de São Paulo dom Cláudio Hummes, 79; o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e arcebispo emérito de Brasília, dom João Braz de Aviz, 66; o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, 64, e o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, 63.

Os com mais de 80 anos são o arcebispo emérito de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns, 92; o arcebispo emérito de Belo Horizonte, dom Serafim Fernandes de Araújo, 89; o arcebispo emérito de Brasília dom José Freire Falcão, 88; o arcebispo emérito do Rio, dom Eusébio Oscar Scheid, 81; e o arcebispo emérito de Salvador, dom Geraldo Majella Agnelo, 80. Além de eleger papa e ser responsável por uma igreja de Roma – ocupar pontos cardeais para ajudar o bispo da sede da Igreja a governar, daí o título -, os “purpurados” têm a função de auxiliar o pontífice nas decisões, com cargos na Cúria Romana.

CONHEÇA OS NOVOS CARDEAIS NOMEADOS
(com menos de 80 anos, eleitores de papa)
1 – Dom Pietro Parolin, 59, arcebispo de Acquapendente, Itália, secretário de Estado
2 – Dom Lorenzo Baldisseri, 73, arcebispo de Diocleziana, Itália, secretário-geral do Sínodo dos Bispos,
ex-núncio apostólico no Brasil
3 – Dom Gerhard Ludwig Müller, 66, arcebispo-bispo emérito de Regensburg, Alemanha,
prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé
4 – Dom Beniamino Stella, 72, arcebispo de Midila, Itália, prefeito da Congregação para o Clero.
5 – Dom Vincent Nichols, 68, arcebispo de Westminster, Inglaterra
6 – Dom Leopoldo José Brenes Solórzano, 64, arcebispo de Manágua, Nicarágua
7 – Dom Gérald Cyprien Lacroix, 56, arcebispo de Québec, Canadá
8 – Dom Jean-Pierre Kutwa, 68, arcebispo de Abidjan, Costa do Marfim
9 – Dom Orani João Tempesta, 63, arcebispo do Rio de Janeiro, Brasil
10 – Dom Gualtiero Bassetti, 71, arcebispo de Perugia-Città della Pieve, Itália
11 – Dom Mario Aurelio Poli, 66, arcebispo de Buenos Aires, Argentina
12 – Dom Andrew Yeom Soo jung, 72, arcebispo de Seul, Coreia do Sul
13 – Dom Ricardo Ezzati Andrello, 72, arcebispo de Santiago do Chile
14 – Dom Philippe Nakellentuba Ouédraogo, 68, arcebispo de Ouagadougou, Burkina Faso (África)
15 – Dom Orlando Beltran Quevedo, 74, arcebispo de Cotabato, Filipinas
16 – Dom Chibly Langlois, 55, bispo de Les Cayes, Haiti

(com mais de 80 anos, não-eleitores de papa)
1 – Dom Loris Francesco Capovilla, 98, arcebispo de Mesembria, Itália
2 – Dom Fernando Sebastián Aguilar, 84, arcebispo emérito de Pamplona, Espanha
3 – Dom Kelvin Edward Felix, 81, arcebispo emérito de Castries, Santa Lúcia (Caribe, América Central)

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