Secretário quer gavião de volta e ativistas não aceitam retorno para zoo

Especial para o VERBO ONLINE

Recintos do setor de aves de rapina, como o carcará, que a prefeitura quer de volta ao zoo municipal

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O secretário municipal de Taboão da Serra responsável pelo zoo, o vice-prefeito Laércio Lopes, disse nesta quinta-feira, dia 20, ao VERBO que busca reaver o carcará transferido do Parque dos Hortênsias. Ele alega não aceitar a recomendação do Departamento de Parques e Áreas Verdes, que recebeu a espécie de gavião, de sacrificar o animal. Veterinários do Depave afirmam que o “perpétuo sofrimento” da ave em cativeiro justifica a “eutanásia como forma mais digna de destinação”.

“Assim que soube desse episódio [recomendação de eutanásia], pedi para ligar no Depave e verificar a possibilidade da devolução do animal. Tentei um pedido junto ao Defau para possibilidade de mais algumas opiniões [outras destinações]”, disse Laércio à reportagem. “Eu, Laércio, não acho certo sacrificar o animal, mas estou falando com o meu coração, não sou técnico, se o animal esteve conosco durante dois anos e não foi sacrificado, por que agora sacrificá-lo?”, falou.

Recintos do setor de aves de rapina, como o carcará, que a prefeitura quer de volta ao zoo municipal

O gavião foi deixado há dois anos na entrada do parque e acolhido com a perna esquerda necrosada e um globo ocular perfurado. “Eu sei que é um animal que não empoleira, não enxerga com um olho, não pode voltar à natureza, é um animal estressado por conta de tudo que passou, mas em momento nenhum pedi a transferência dele para sacrificá-lo. Se for para fazer isso, que ele retorne então, mas, como disse, falo com o coração, com amor, e não como técnico”, declarou.

Questionado se não devia ter checado a possível destinação da ave no Depave antes de decidir pela remoção, Laércio sugeriu não ter sido esclarecido. “Trabalho com técnicos, sabíamos que tínhamos que transferir o animal, porém não se cogitou em momento nenhum para mim que seria sacrificado, senão não teria transferido”, afirmou. Apesar de não aceitar a recomendação da eutanásia, ele disse que a transferência foi autorizada pelo DeFau (departamento estadual de fauna).

Apesar da justificativa do secretário, a irritação do governo Fernando Fernandes (PSDB) com o Depave, órgão da prefeitura de São Paulo, motivou a decisão de tentar reaver o gavião, conforme apurou o VERBO. Laudo interno do órgão vazou à opinião pública, divulgado pelos ativistas, com conclusão de que a ave está com a saúde muito comprometida. O Depave, pressionado pela prefeitura, pediu que o laudo fosse retirado das redes sociais e evitou a imprensa sobre o assunto.

Grupo em defesa dos animais acampado em frente ao Parque das Hortênsias fala em não permitir que o gavião retorne ao local. Nesta quinta-feira, ele continuava no Depave após ser sedado para alívio de dores, não foi transferido. “Mas não deixarei que volte para o zoo”, disse a ativista Antilia Reis. “O embate agora é entre DeFau e Depave, o DeFau quer que volte para o zoo, e o Depave é terminantemente contra porque lá o carcará não era tratado adequadamente”, afirmou.

HELGA
Laércio falará como será a transferência da leoa Helga em entrevista na manhã desta sexta-feira na Secretaria de Cultura, no centro. Solitária após a morte do macho, o único felino que restou no zoo será levado à ONG Mata Ciliar, em Jundiaí (SP). Até a tarde de ontem, o DeFau ainda não tinha assinado a guia de remoção de animal. “Sem a guia de transporte assinada, não há transferência. Em janeiro a prefeitura anunciou a transferência e até agora a leoa está la”, disse Antilia.

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