ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O vereador Gilson Oliveira (Republicanos), de Embu das Artes, está divulgando em uma rede social ter apoio de vários pastores a sua pré-candidatura a novo mandato na Câmara Municipal, entre eles duas figuras controversas que fazem mistura de religião e política capaz de fazer qualquer fiel perder a fé ou virar ateu: pastora Rose Pires e pastor Madson Pires. O casal, da Igreja Batista do Avivamento, não é afeito a dar bom exemplo aos seguidores.
Pastora Rose se candidatou a conselheira tutelar da região do Santo Eduardo em 2015 e foi eleita, com 2.217 votos, mas não levou, por demérito próprio. Ela teve a eleição impugnada pela Justiça após denunciada pelo Ministério Público por boca-de-urna e abuso de poder político, ou seja, ter tido apoio massivo do então vereador e presidente da Câmara, Ney Santos, então PSC. Pastora Rose concorreu de novo quatro anos depois. Não aprendeu a lição.
No ano passado, pastor Madson foi flagrado em um vídeo fazendo boca-de-urna para a mulher, a pastora Rose, em frente à escola Professor Paulo Freire, no Santa Emília. Após levar o eleitor para um canto, atrás de um carro, ele procurou em um bolo de propaganda para conselheiro o “santinho” da mulher e entregou ao homem, que ainda indagou: “Essa aqui é quem?”. “Pastora Rose”, confirmou Madson. Ele foi mostrado em close no crime eleitoral.
No episódio mais grave da eleição, porém, Madson agrediu a vereadora Rosângela Santos (PT) com um “mata-leão” ao ser questionado por entregar “santinhos” da mulher ante a escola. Apesar do grupo político de Ney tentar confundir a população e dizer que a agressão foi armada, o próprio pastor admitiu à polícia (BO) que, para evitar que tivesse o celular tomado pela vereadora, “numa ação espontânea lhe impediu e lhe abraçou pelo pescoço”.
Sobre “perfer a fé”, um membro da igreja de Rose e Madson procurou o VERBO à época para reprovar a atitude de ambos. “O pastor Madson realmente estava fazendo boca-de-urna. Isso é habitual desde a última eleição. Estou fazendo isso [denúncia] não por causa da acusação [de agressão]. Mas uma coisa é fato, eles [Madson e Rose] precisam reconhecer o erro de terem feito boca-de-urna! Isso é ilegal e não condiz com suas posições”, disse.
A pastora Rose foi eleita mais uma vez, com menos votos, mas suficientes 1.926. Porém, com a boca-de-urna encabeçada pelo marido, foi cassada de novo. Detalhe: Rose tinha usado o sobrenome “Pires” e evitou o “Lopes”, com o qual foi impugnada quatro anos atrás. Questionado pela reportagem se não via problema em exibir como apoiadores pessoas com conduta condenável, se esse era o perfil dos que o apoiam, Gilson preferiu o silêncio.
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