Não comprei voto e provarei ser inocente, o PT não vai me calar, diz Ney Santos

Especial para o VERBO ONLINE

Ney Santos (PSC) recebe, pela segunda vez, diploma de eleito vereador, após recontagem que o confirmou com 8.026 votos
Ney Santos (PSC) recebe, pela segunda vez, diploma de eleito vereador, após recontagem que o confirmou com 8.026 votos
Ney Santos (PSC) recebe, pela 2ª vez, diploma de vereador, após recontagem que o confirmou com 8.026 votos

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no centro de Embu das Artes

O vereador Claudinei Alves dos Santos, o Ney Santos (PSC), reconduzido à Câmara de Embu das Artes após anulação de sentença que o cassou por captação ilícita de sufrágio, disse que não cometeu crime nenhum e negou estratégia de que com a volta do processo à primeira instância tentaria ganhar tempo e manter o mandato enquanto o processo se arrastasse. Desembargadores do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), por unanimidade, determinaram – sem julgar o mérito, se o delito eleitoral ocorreu – que a ação retroceda à Justiça de Embu por “cerceamento de defesa” – não tomada de depoimento de testemunha pró-Ney e ouvir acusador sem a presença de advogados do vereador.

“Não comprei voto de ninguém, não sou presidente de ONG nenhuma”, disse Ney. “A maior pressa é minha, de julgar o mais rápido possível e provar minha inocência”, completou. Ele falou ao VERBO no cartório eleitoral no centro, nesta quarta-feira, dia 18, após receber da Justiça o diploma de apto a assumir como vereador, que já havia recebido antes de ser cassado. “Sou o único vereador que tem dois diplomas”, brincou. Ney chegou para o ato pontualmente às 17h30, mas teve de esperar 50 minutos pela recontagem que o confirmou com 8.026 votos tidos. Ele interrompeu a entrevista antes do fim, quando a reportagem perguntava sua posição política em relação ao governo Chico Brito (PT).

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VERBO – O sr. foi diplomado, pela segunda vez, neste fim de tarde de quarta-feira, 18 de dezembro, mas como recebeu a decisão [do TRE (Tribunal Regional Eleitoral)] que anulou a sentença que cassou o seu mandato?
Ney Santos – Já era para ter acontecido lá atrás, a estratégia política que eles adotaram acabou adiando o julgamento. Mas eu estava bem confiante que o resultado seria positivo.

VERBO – Por que confiante?
Ney – Pela forma como eu fui cassado, houve várias falhas no processo, e o tribunal está aí para corrigir esse tipo de coisa.

VERBO – Como o sr. classifica a decisão do juiz em primeira instância que o cassou?
Ney – Não posso dizer nada, quem entende de lei é ele, só ele que julgou para saber.

VERBO  – Foi uma decisão política, como dizem os advogados do sr.?
Ney – Não posso afirmar, até porque não entendo de jurisprudência. Mas que foi feita uma sentença cheia de falhas, todo mundo sabe que teve.

VERBO – Poderia apontar uma falha?
Ney – Uma delas, a mais gritante, foi não ter ouvido testemunhas na presença dos advogados [de defesa]. Agora, [o processo] vai voltar à estaca zero, e vai precisar ouvir.

VERBO – A acusação diz que com a anulação da sentença o sr. procura ganhar tempo para que o processo se arraste por muito tempo e não seja julgado [o mérito] até o fim da legislatura [até o término do mandato dos vereadores]. O que acha?
Ney – Não. Quem não deve não teme, não devo nesse processo, a maior pressa é minha, de julgar o mais rápido possível e provar minha inocência.

VERBO – A acusação sustenta que as provas seriam robustas, inclusive com testemunho de pessoas que participaram [trabalharam] de ação da entidade e apontam a presença do sr. [em promoção pessoal] durante a campanha eleitoral. E [prevê] que o sr. estará novamente cassado em março ou, no mais tardar, até o primeiro semestre do ano que vem. O que acha da expectativa?
Ney – Se estão falando isso, eles têm certeza de alguma coisa que eu não sei, até porque não sou juiz nem advogado para entender de lei. O que eu sei é que eu não comprei voto de ninguém, não sou presidente de ONG nenhuma. O apoio à ONG já vem desde lá trás, independente de campanha eleitoral, de política, desde 2009. Não só eu como outras empresas apoiam a ONG Vida Feliz. Nunca participei de ação de chegar e falar para alguma pessoa que foi atendida que eu fosse candidato a alguma coisa… Vamos deixar a Justiça decidir, juízes que vão julgar o caso são competentes e vão julgar da maneira correta. É o que eu creio. [Ele se levanta e fala com os assessores] Vamos embora…

VERBO – Só mais uma pergunta, vereador… O sr. disse, assim que saiu a cassação, que o PT queria calar a voz do sr. Por quê?
Ney – Disso não tenha dúvida, amigo. Desde quando [houve] ameaça… Você pode puxar de alguns anos para cá, no Embu, o PT não deixou ninguém se criar, qualquer pessoa que se forma como oposição, eles querem matar no ninho, comigo não é diferente. Mas comigo não vão conseguir, primeiro, porque tenho Deus, segundo, quem está comigo são pessoas sérias, não vão deixar isso acontecer.

VERBO – Em 2010 o sr. foi candidato a deputado federal e tinha a imagem [de propaganda eleitoral] em algumas placas do candidato e hoje deputado estadual Geraldo Cruz [PT]. O que mudou de lá para cá?
Ney – Eu não fiz placa nenhuma, aquelas, quem fez foram eles, na época. E a gente quando é candidato quer voto, né? Infelizmente, aconteceu isso, sim, eu também vi algumas placas, mas sem a minha autorização.

VERBO – Qual a posição política…
Ney – [com a interferência de advogado e assessores, interrompe a entrevista, sem demonstrar irritação; já na rua, ele, sorrindo, diz à reportagem: “Você foi muito maldoso, suas perguntas foram muito comprometedoras”. E deixa o local].

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