ADILSON OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
O frei dominicano Carlos Josaphat recebe da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo o título de “Doutor Honoris Causa”, nesta quarta-feira, 14 de agosto, durante sessão solene do Conselho Universitário. Frei Josaphat, 91 anos e padre desde 1945, é doutor em teologia e professor emérito da Universidade de Friburgo, na Suíça, na qual lecionou por 27 anos – saiu do Brasil logo após o golpe de 64, quando os militares fecharam jornal que tinha fundado.
Um ano antes de os militares tomarem o poder, frei Josaphat tinha lançado o semanário “Brasil Urgente”, com o apoio da Juventude Universitária Católica (JUC) e da Ação Popular (AP). “Fascistas preparam golpe contra Jango!”, dizia a manchete da última edição, a de número 55, publicada quando o fundador iniciava exílio de 30 anos na França, de onde seguiu para a Suíça, por ordem do Vaticano, após pressão do núncio apostólico em Brasília, de acordo com “O Estado de S. Paulo”.
“Fora padre comuna”, atacava uma pichação anônima na porta principal da Igreja São Domingos em Perdizes (zona oeste), na qual frei Josaphat superlotava missas com suas homilias. Parte da documentação se encontra no acervo do Centro de Documentação e Informação Científica “Prof. Casemiro dos Reis Filho” (Cedic), como também uma entrevista concedida pelo religioso mineiro em que fala sobre sua formação religiosa e ações junto à sociedade brasileira, paulistana.
Em entrevista ao repórter do VERBO, frei Josaphat relatou que, em 1964, o então arcebispo de São Paulo, dom Carlos Carmelo Motta (de quem era assessor), alertou o clero de que a Igreja era instrumentalizada no apoio ao golpe militar, ao qual se opôs – posição assumida pela hierarquia três anos depois, após denúncias de tortura. Alvo de hostilidade oficial, o cardeal foi transferido em menos de um mês para Aparecida (SP), apesar de trabalho grandioso na metrópole.