Aprígio se recusa a assinar ‘carta-compromisso’ do movimento negro, se irrita e joga microfone

Especial para o VERBO ONLINE

Ao lado do candidato a vice, Buscarini (dir.), Aprígio ouve coletivo negro sobre carta-compromisso e joga microfone ao ouvir ser o único a não assinar | Divulgação

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O candidato a prefeito de Taboão da Serra Aprígio (Podemos) se recusou na terça-feira (27), no comitê de campanha, a assinar uma “carta-compromisso” de movimento negro com reivindicação de políticas públicas pela igualdade racial e gerou insatisfação do coletivo e repulsa de moradores nas redes sociais, inclusive pela reação. Aprígio se irritou ao ouvir que era o único dos prefeituráveis a não subscrever o documento e jogou o microfone.

Em um vídeo que circula na internet, no fim da reunião, Aprígio fala que vai continuar a conversar com o coletivo depois de não assinar a carta, em tentativa de contornar a situação. “Vamos conversando, não vamos abandonar ninguém. Se é lei, vamos cumprir a lei, podem ficar tranquilos, tá bom?”, disse. Um representante do coletivo se dirige aos membros e ressalta que “é o primeiro candidato que não assina, e vamos continuar a nossa luta”.

Aprígio, ao lado do candidato a vice, Buscarini (Podemos), já ia deixando a reunião, mas ao ouvir o membro do coletivo voltou a falar, contrariado. “Você está vendo que estamos assinando, estou recebendo e devolvendo para vocês, então não venha com esse papo de que é o primeiro que não assina, não venha fazer pressão porque na pressão vocês não levam nada mesmo”, respondeu, jogou o microfone na mesa, deu as costas ao grupo e saiu.

Aprígio disse entregar o documento assinado, mas não subscreveu a “carta de compromissos”. Antes do encontro com Aprígio, quase todos os outros prefeituráveis – sete – já tinham se reunido com o movimento para conhecer o teor da carta. Mesmo com pontos sem consenso, como a criação de uma secretaria do negro, subscreveram o documento e deram grande publicidade ao ato. Apenas Vitor Medeiros (PSL) ainda não se reuniu com o coletivo.

O coletivo, pela página “O Grito – Taboão da Serra”, publicou nota em que lamentou a conduta de Aprígio. Disse que, “pacientemente”, explicou “os pontos do documento, para que ficasse entendido que não era a invenção da roda, mas apenas um instrumento que desse segurança de que os eleitos iriam assumir o compromisso de cumprir a lei e medidas que foram apagadas e sucateadas. Mesmo assim o candidato se recusou a assinar o documento”.

“O grupo, educada e lucidamente, respeitou que o candidato se recusasse a assinar e um dos integrantes do coletivo fez uma fala de encerramento da conversa, sem alterar o tom de voz”, relatou o coletivo. Em outra nota, o grupo foi incisivo e disse que Aprígio, além de “posições preconceituosas”, deu demonstração de “total descontrole e anti-democrática para quem almeja governar nossa cidade”, e “que tal atitude racista, machista não nos calará”.

“Continuaremos lutando em defesa do nosso povo de pretos e pretas seja qual for o candidato eleito”, pontuou ainda o movimento. Procurada pela VERBO, a assessoria de Aprígio negou que o candidato se recusou a assinar a carta: “O que houve foi falta de comunicação entre o coletivo e a coordenação. Estamos conversando com o movimento ainda. Ele não tinha conhecimento do documento e pediu um prazo para avaliar as reivindicações”.

LEIA ‘CARTA DE COMPROMISSO’ POR POLÍTICAS DE PROMOÇÃO RACIAL NÃO ASSINADA POR APRÍGIO
VEJA VÍDEO EM QUE APRÍGIO SE RECUSA A ASSINAR DOCUMENTO DO COLETIVO DE NEGROS DE TABOÃO

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