Por disparo de arma de fogo, TJ recebe denúncia contra Ney, que poderá ser preso

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo

O Tribunal de Justiça de São Paulo acolheu denúncia contra o prefeito Ney Santos (PRB) por disparo de arma de fogo na rua em 2015 durante a pré-campanha das eleições municipais de Embu das Artes. Depois da reunião de prova, a Procuradoria (Ministério Público em 2ª instância) apresentou acusação formal que foi recebida pelos desembargadores. Ele está sendo processado criminalmente – é réu – e, se for condenado, ficará inelegível. Poderá recorrer, mas preso.

Ney, que não fez proposta de aumento real aos servidores
Ney, que está sendo processado criminalmente por disparar arma de fogo em 2015 na pré-campanha eleitoral

A decisão – de 27 de fevereiro, mas somente publicada agora – foi unânime – quatro desembargadores, mas três com direito a voto. O processo foi deflagrado pelo Ministério Público após as eleições em 2016, antes da diplomação. Com a posse, foi remetido ao TJ diante do foro privilegiado do prefeito. Os juízes receberam a denúncia contra Ney com base no artigo 15 da lei 10.826/03 (disparo de arma de fogo em lugar habitado). O crime dá prisão de 2 a 4 anos e multa.

Em caso que foi noticiado pelo VERBO à época, em 18 de dezembro de 2015, por volta de 0h40, na esquina entre as estradas Jerusalém e Baviera, na Chácara Caxingui, em Embu, Ney disparou arma de fogo em via pública. O fato se deu depois que quatro pessoas que trabalhavam para Paulo César Israely de Oliveira (Paulinho Solidariedade) colocaram uma propaganda do pré-candidato a vereador onde já tinha uma de Ney e depois retiraram a faixa do adversário.

Ao tomar conhecimento, ainda segundo a denúncia, Ney foi ao local com um veículo oficial da Câmara, da qual era presidente, e, acompanhado de três homens da campanha, passou a discutir com os quatro “plaqueiros” de Paulinho, com arma de fogo em punho. Ele desferiu um soco contra Leandro Alves dos Santos, que revidou. “Ato contínuo, o investigado disparou a arma de fogo que portava e um dos seus acompanhantes recolheu a munição”, diz o MP.

A defesa tentou desmentir ao alegar que a narrativa do MP “é baseada exclusivamente na versão apresentada pelas supostas vítimas, que, ao tempo dos fatos, eram inimigos políticos” de Ney. Embora os acompanhantes de Ney – Rodrigo Fernandes, Diego Pedro, Wagner Mota e Milton Arenzon – tenham alegado em juízo que o investigado não portava arma de fogo, Leandro e os outros três foram ouvidos e denunciaram que Ney efetuou disparo na via pública.

Apesar da perícia de que “não foram perceptíveis danos na pavimentação asfáltica”, o exame consistiu em análise de fotografias fornecidas pelas testemunhas. Como a análise acerca da credibilidade e consistência dos depoimentos das testemunhas demanda exame aprofundado dos fatos, possível somente após a devida instrução, a denúncia deve ser recebida, argumentou o TJ. “Foi instruída com elementos que sustentam a viabilidade da persecução penal”, disse.

O TJ negou o sigilo do fato, na medida em que Ney “não demonstrou que a publicidade do processo viola a sua intimidade ou é essencial para a garantia do interesse público”. Ele alegou ainda que o processo poderia ser usado pelos adversários para prejudicá-lo. Mas o TJ não acatou, ao não ver “situação que possa interferir na manutenção da ordem” e ao considerar que ele dispõe de proteção na Justiça civil e criminal para impedir a distorção das informações.

“[…] Recebo a denúncia contra Claudiney dos Santos, […] como incurso no artigo 15, da Lei n. 10.826/03 [Estatuto do Desarmamento]”, diz o relator Leme Garcia. Ele recomenda que Ney seja interrogado somente ao final da instrução [coleta de elementos de prova] e afasta o segredo de Justiça. No ano passado, ao contrário do que depôs, um dos acompanhantes de Ney contou ao VERBO: “Ele [Ney] foi lá com o carro da Câmara, desceu e fez disparo, eu tava lá”.

> LEIA DENÚNCIA ACOLHIDA CONTRA O PREFEITO NEY SANTOS POR DISPARO DE ARMA DE FOGO
> LEIA TAMBÉM Acusado por Ney, Geraldo diz que vereador atirou contra equipe; rival nega
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE

comentários

>