ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Pelo menos 19 municípios – das 39 – da Grande São Paulo estão com vagas ociosas do programa “Mais Médicos”, do governo federal, entre eles Embu das Artes e Embu-Guaçu, noticiaram nesta quarta-feira (8) o “Bom Dia São Paulo” e o “SPTV 2ª edição” (TV Globo). O jornal noturno apontou que a maioria das cidades desfalcadas de atendimento clínico já sofre com a carência de serviços básicos na saúde, caso de Embu, onde a falta de médicos chega a ser dramática.
No fim do ano passado, o VERBO informou que Embu sofreu baixa de médicos com a saída dos cubanos, que eram os profissionais do programa na cidade – depois que o então presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou mudanças nas regras de contratação. Embu tinha 20 médicos cubanos, que pararam de atender no dia 14 de novembro. “Sim, hoje já não foram trabalhar. O governo cubano antecipou a saída deles”, disse o então secretário José Alberto Tarifa.
A reportagem revelou que só no fim da noite anterior (22h18) o governo Ney Santos (PRB) informou a população de que “o governo de Cuba enviou ordens” para que os médicos do país não atendessem mais no país a partir daquela quarta-feira, “sendo antecipado o encerramento do contrato que iria até 20/12”. “Nossa cidade perde desta forma 20 profissionais que atendiam nas UBSs, dificultando assim o atendimento à população nestes próximos dias”, disse.
A dificuldade da assistência médica não se limitou, porém, aos “próximos dias”. De acordo com levantamento da TV Globo, seis meses depois, Embu tem sete vagas disponíveis, ou seja, sete médicos a menos nos consultórios nas unidades básicas de saúde, o que corresponde a 30% do total dos postos pelo programa – os cubanos davam consulta em nove UBSs da cidade. Conforme frisou a reportagem, o número interfere no dia a dia do atendimento clínico.
A população que depende do SUS em Embu que sabe o sufoco. Entre os inúmeros relatos de reclamação diários, um munícipe relatou em uma rede social, nesta quarta-feira mesmo, a situação caótica na rede municipal. “Sou morador de Embu das Artes há mais de 30 anos, mas quando preciso utilizar o sistema de saúde como pronto-atendimento tenho que recorrer a São Paulo, ao pronto-socorro do Macedônia”, disse, ao se referir a PA no bairro na divisa com Embu.
Ele explicou não ter outro caminho. “Pois a UPA Santo Eduardo está sucateada, os postos de saúde estão sem clínicos. A médica que atende na UBS Santa Emília foi embora, estamos sem nosso clínico há mais de quatro meses. Aí eu te pergunto, essa é a nova gestão de saúde, prefeito, onde o povo de Embu precisa buscar atendimento fora de Embu? Vamos dar atenção à saúde de Embu das Artes”, protestou o morador, em postagem com fotos do serviço na capital.
Há 15 dias, a acompanhante de uma usuária de outro posto na periferia de Embu procurou o VERBO para denunciar a falta de médico na UBS, em tom de apelo. “Espero que vocês possam ir à UBS Santo Eduardo e fazer uma reportagem, já que não está marcando nem pediatra e nem um simples clínico geral. Atendentes nos dizem que vai vir, mas não sabem quando. Fiquei indignada vendo o povo sofrido, procurando uma consulta para si e seus filhos e nada”, disse.
Em Embu-Guaçu, até o ano passado, dos 18 médicos formados no exterior, 16 eram cubanos. À época, a secretária Maria dos Santos (Saúde) estava apreensiva com a anunciada saída dos profissionais. “Vamos perder quase 100% dos nossos médicos. […] Ficaremos totalmente descobertos na atenção básica”, disse. Tinha razão em se preocupar. Segundo a reportagem, a cidade está com quase metade das vagas do programa em aberto – oito das 18 (44%).
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