ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Depois de 15 anos em que não era realizada pela prefeitura, a Paixão de Cristo em Embu das Artes recebeu muitos elogios, mas antes de começar o clima foi outro. Na sexta-feira (19), a encenação atrasou mais de uma hora e suscitou sonora vaia do público à gestão Ney Santos (PRB). É que diante da demora para o início do espetáculo auxiliares de Ney tiveram a ideia de transmitir pelos telões vídeo institucional do governo e deixaram os espectadores muito furiosos.
A Paixão de Cristo no centro de Embu teve duas apresentações, a outra foi no sábado, com início anunciado sempre às 19h. No dia tradicional, na sexta-feira, a estreia, porém, começou apenas às 20h10. A líder comunitária Adriana Araújo, moradora do Jardim Vista Alegre, estava entre as cerca de 3 mil pessoas reunidas em frente ao palco montado dentro do Parque Francisco Rizzo (região central) que se revoltaram com o atraso e a “atração” colocada durante a espera.
“Uma moça no palco falou que a gente tinha que esperar, porque tinha gente que estava chegando e tinha que assistir a peça. Só que uma hora de atraso foi muita falta de respeito com as pessoas que estavam ali. Atrasar 15 minutos ‘é de boa’, mas quase uma hora achei desrespeitoso”, disse Adriana, 36. O VERBO perguntou quem a organização estaria aguardando. “Devia ser algum político, que para eles é importante. Mas a gente quer ação, não politicagem”, criticou.
Parte do público pensou que o atraso foi por conta da espera pelo prefeito, mas, conforme apurou a reportagem, Ney chegou no horário. Um outro morador, que preferiu não se identificar, também confirmou as vaias, e falou que o chefe de gabinete de Ney, pastor Marco Roberto, tentou contornar a situação e que o prefeito já estava no local. “Após passar o vídeo do governo e com uma hora de atraso, o pastor Marco foi vaiado e o Ney nem pegou no microfone”, contou.
O leitor enviou um vídeo do incidente. Nas imagens, o público vaia, entre outros momentos, quando o locutor, o então secretário de Comunicação Renato Oliveira, exalta, com falas exageradas, a “fila zero” da saúde e a educação – quando o uniforme ainda não foi entregue depois de quase três meses do início das aulas e o material foi distribuído com dois meses de atraso. As pessoas, impacientes, gritam: “Começa, começa!”. “O povo está revoltado”, comenta um homem.
OUTRO LADO
Procurado pela reportagem, o idealizador da Paixão de Cristo em Embu admitiu o atraso, mas disse que não foi por causa de política. “Teve um contratempo na maquiagem artística que acabou atrasando. Mas foi meramente por culpa da direção do espetáculo, eu assumo toda a culpa pelo atraso, que aconteceu em virtude da maquiagem, que tem que ser artística, e aí demorou muito, tínhamos que fazer a maquiagem de 120 atores”, disse o produtor Ivo Amorim.
Amorim, que é ator há quase três décadas, disse ainda que a caracterização do protagonista era muito exigente. “A maquiagem de Jesus também era extremamente delicada para fazer, atrasou por isso. Foi culpa da direção do espetáculo, não foi nem da administração. Sim, realmente aconteceu esse atraso, mas isso não tira o brilho e o encanto do espetáculo”, enfatizou. Do total de atores, a Paixão de Cristo no centro teve 50 profissionais e 70 amadores.
Ele falou que a peça não teve política. “Nenhuma autoridade falou, o prefeito não falou, o presidente da Câmara não falou, nem vereador, nem secretário. Não houve discurso político. Nem no começo nem no fim”, disse. Ele foi tachado de trair grupo de oposição ao se aliar ao governo para a Paixão – chamado de “Judas”. “O Ivo Amorim não foi Judas. Mas não teria problema nenhum em fazer o Judas, porque eu sou ator. Ator há 28 anos. Mas eu fiz o Barrabás”, ironizou.
> VEJA VÍDEO DE VAIAS DO PÚBLICO À PROPAGANDA DO GOVERNO NEY DURANTE ATRASO DA PAIXÃO DE CRISTO
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