ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra e Itapecerica da Serra
Eduardo Campos levaria a disputa pelo Palácio do Planalto para o segundo turno e não só apoiaria Aécio Neves contra Dilma Rousseff (PT), mas seria ministro no (eventual) governo tucano. Como simples torcedor – na condição de principal apoiador do candidato do partido na região – de que a eleição não acabasse em 5 de outubro ou não, o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) fez a análise dez dias antes da trágica morte do ex-governador de Pernambuco e presidenciável do PSB.
Em conversa informal com jornalistas no último dia 3, o prefeito de Taboão da Serra manteve a convicção mesmo diante da previsão de que Campos se manteria neutro no segundo turno influenciado pela candidata a vice, Marina Silva – que na eleição em 2010, com candidatura própria pelo PV, não declarou voto em Dilma nem em José Serra, candidato do PSDB. Fernando foi além. “Eduardo Campos vai apoiar Aécio, pela grande amizade entre os dois, e será ministro dele”, afirmou.
Interessado no fracasso das articulações político-eleitorais do rival Aprígio (PSB), no plano local, mas desejoso da subida de Campos nas pesquisas para forçar o segundo turno, ele criticou, em tom de reclamação, da organização da campanha de Campos a Taboão e região, em 18 de julho. Ele a chamou de “esvaziada” e até lamentou que partidários do presidenciável na cidade o deixaram ser fotografado por um jornal de circulação nacional ao conversar com uma eleitora sozinho.
Apesar do conveniente interesse pelo crescimento “necessário” de Campos, Fernando não teria facilitado a programação de campanha do pessebista, sugeriu equipe de Aprígio, o que foi atribuído ao enfrentamento com o virtual adversário nas futuras eleições a prefeito. O candidato não pôde conhecer o Centro de Integração e Apoio ao Deficiente Visual e Auditivo (Ciadeva), vinculado à prefeitura. “Agendamos no dia anterior, mas hoje está fechado. Estranho”, disse assessor de Aprígio.
PSB-PSDB
Ao lado do presidenciável em campanha na região, o deputado Márcio França (PSB-SP) falou em Itapecerica da Serra, ao fim do roteiro, sobre o papel da candidatura de Campos no país e no Estado. França atuou para o PSB compor a chapa do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e se tornou o vice. “Ela [candidatura de Alckmin] representa a nova política na medida em que se junta a um partido diferente como o nosso, ele vai adotar políticas públicas nossas, que são novas”, disse.
Questionado pelo VERBO se a escolha do PSB de não ter candidato próprio a governador não impediria desempenho melhor de Campos no Estado, França argumentou que a falta de palanque do partido não é determinante. “Não tem mais comício, é uma questão de identidade, a identidade e relações do Eduardo, casado, com monte de filhos, católico, são mais próximas ao Alckmin”, disse ele, que era um dos dirigentes mais ouvidos por Campos e controla 1/3 da executiva.
Disse, porém, que Campos era o único páreo ao PT. “Respeitamos o Aécio, tenho até admiração pessoal por ele, acho que é uma pessoa simpática, mas o Eduardo é mais competitivo no segundo turno por uma razão simples: Dilma ganhou por 12 milhões de votos, vieram do Norte e Nordeste. Ninguém tira da minha cabeça que uma pessoa do Norte e Nordeste tem mais chance. Trabalho para isso”, disse. Reconheceu, porém, que Campos só era “conhecido por 25% dos eleitores”.
“No Datafolha [pesquisa], um traço interessante, a Dilma cai, e o voto não se transfere para Aécio. Porque as pessoas querem mudança, mas não sabem ainda quem é a mudança. Quando põe [mostra na chapa] a Marina, identificam no Eduardo o candidato competitivo entre os desconhecidos. Agora, é preciso começar a televisão [propaganda], ela que populariza os candidatos”, avaliou França, sem manter boa relação com a vice de Campos, mas agora a candidata do PSB.