Com inflação de 35% na ‘era Fernando’, vereadores aprovam ‘só’ 9% aos servidores

Especial para o VERBO ONLINE

PEDRO HENRIQUE FEITOSA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

A Câmara de Taboão da Serra aprovou na noite desta segunda-feira, 1º de abril, projeto de lei do prefeito Fernando Fernandes (PSDB) que concede reajuste de 9% para o funcionalismo municipal, a partir de 1º de maio. O PL também fixa que os salários terão um “gatilho” pelo qual serão reajustados a cada 1º de maio conforme a inflação pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Apesar da promessa, abonos não foram incorporados aos vencimentos.

Por unanimidade, vereadores aprovam reajuste aos servidores
No 1º de abril, vereadores aprovam reajuste ao funcionalismo de Taboão da Serra, sob protesto de servidores

Os servidores inativos e pensionistas no sistema de paridade (sob mesma política salarial dos ativos) também serão beneficiados com os 9%. O aumento só vale para os concursados, não se aplica aos comissionados, que ficam com os salários atuais – bem mais altos. Apenas um grupo de servidores – reduzido – teve reajuste acima do percentual linear. Os conselheiros tutelares (cinco) passarão a receber R$ 3.500, quase 100% a mais – ganham hoje cerca de R$ 1.800.

Considerado o índice escolhido pelo governo, o INPC, o aumento concedido é bem superior à inflação acumulada de 2018, que fechou em 3,43%. Os 5,57 pontos percentuais além foram dados com a pretensão de recompor o salário dos servidores. Mas o projeto não visou corrigir o longo tempo em que os servidores afirmam estar sem aumento, cerca de 20 anos. Se considerado apenas o período atual em que Fernando é prefeito, desde 2013, a inflação ficou em 35,15%.

O presidente da Câmara, Marcos Paulo, o Paulinho (PPS), disse que o reajuste foi estudado com critério pelo governo e o índice concedido foi o máximo possível, de acordo com o portal “O Taboanense”. “A prefeitura está com as contas em dia, não adianta dar um reajuste maior e não conseguir fechar a folha no fim do mês como muitas cidades. […] Ficamos no limite de onde podíamos”, disse o vereador, ao ressaltar que o prefeito foi responsável com o reajuste proposto.

“É um início, há quanto tempo o funcionalismo não tinha nenhum centavo de aumento? E é importante lembrar que a partir de agora existe um gatilho automático que reajusta o salário anualmente, evitando perdas e o achatamento dos vencimentos”, acrescentou Paulinho. No entanto, diante da pretensão do prefeito de dar entre 8 e 10%, os então vereadores do “BIH” (“independentes”) diziam que iam querer o teto. “Pedimos 10%”, disse um parlamentar ao VERBO.

Vereadores do “BIH” diziam também que os abonos não cairiam. “O aumento vai ser em cima do abono”, disse um membro do grupo. O chamado “Bloco Independente e Harmônico” se dissolveu após a “negociação” com o prefeito, que incluiu a renomeação para o governo de parentes de dois vereadores do grupo, Olívio Nóbrega, secretário de Governo, pai de Eduardo Nóbrega (PSDB), e Walter Paulo, que voltou para a Segurança, pai do próprio presidente.

Servidores que acompanharam a votação ficaram insatisfeitos. “O nosso salário está muito abaixo da média geral. No caso de algumas categorias, o aumento deveria ser de no mínimo 50%”, disse uma funcionária. O grupo cantava “o nosso salário está errado / queremos salário igual de livre-nomeado”. André Egydio (PSDB), que era do “BIH” e foi para oposição, disse que 9% é baixo para quem ganha os piores salários. O projeto, porém, foi aprovado por unanimidade.

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