Anti-Ney, Fernandes articulam para PSDB apoiar Geraldo, ‘que deixará PT’, em 2020

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

EXCLUSIVO. Em uma aproximação muito improvável e articulação mais impossível ainda até “ontem” por se tratar de adversários político-ideológicos históricos na região, a deputada estadual reeleita Analice Fernandes (PSDB) e o deputado estadual – não reeleito – Geraldo Cruz (PT) iniciaram conversas para que Geraldo possa ser o candidato a prefeito de Embu das Artes apoiado pelo PSDB. A inusitada união é para derrotar o prefeito Ney Santos (PRB) em 2020.

Geraldo presta conta do mandato
Geraldo presta conta do mandato em saída da Assembleia; Analice faz campanha para se eleger pela 5ª vez
Cavalcante, dirigente do PSDB de Embu,
Cavalcante, que revela diálogo Analice-Geraldo; ‘Ney é um mal para Embu e, segundo Caruso, Geraldo deixa PT’

A revelação foi feita ao VERBO pelo presidente do PSDB de Embu, Antonio Cavalcante. Analice foi reeleita deputada pela quinta vez consecutiva e toma posse para mais quatro anos de legislatura na sexta-feira (15). Geraldo fracassou no ano passado na tentativa de se reeleger para terceiro mandato e se despede da Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (14). Há menos de dois meses, Geraldo esteve no gabinete de Analice não só para tratar de assuntos da Casa.

Nas palavras do expoente tucano, Geraldo “abriu o coração” para Analice ao falar do desejo de voltar a ser prefeito de Embu, após derrota na tentativa de ser de novo deputado e reveses do partido no qual militou “a vida inteira”. Como o PSDB avalia não ter nome páreo para Ney, Analice ouviu atentamente o antes oponente. Ela é mulher do prefeito de Taboão da Serra, Fernando Fernandes (PSDB), casal que passou de aliado para o status de guerra declarada a Ney.

Na conflituosa negociação de apoios na eleição passada, Ney teria cometido um erro fatal ao não cumprir acordo de apoiar Analice à reeleição em retribuição aos Fernandes – “fiadores” de Ney para ser prefeito de Embu -, mas sobretudo por mirar o casal. “Alguém que fica na porta da outra pessoa dez dias, esperando sair, para pedir pelo amor de Deus para ajudar, e pelo cansaço a pessoa ajuda. Depois, vira as costas para a pessoa, é de confiança?”, diz o dirigente.

“Ney ficou dez dias na porta da casa do Fernando, esperando ele sair para pedir: ‘Eu preciso do PSDB no Embu [para se eleger], pelo ‘amorrrr’ de Deus'”, conta. Fernando foi convencido a apoiar Ney e evitou que o PSDB lançasse candidatura própria. O “virar as costas” foi Ney declarar que Analice integrava “facção criminosa” ao receber doação de campanha de empresas denunciadas por corrupção. “Ele fez um vídeo denegrindo a imagem da pessoa! Ele tem juízo?”, condena.

O episódio foi, porém, só a gota d’água de uma relação moribunda, Ney já tinha cooptado quatro vereadores do PSDB de Taboão contra Fernando e prometido fazer os próximos presidente da Câmara e prefeito da cidade. Não só. “Ele vai lançar candidato em Vargem Grande [Paulista], Cotia, Juquitiba, São Lourenço [da Serra], Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu. Apoiará alguém em Taboão. E se não for candidato em Embu, não adianta a gente se iludir, vai lançar alguém.”

A articulação Fernandes-Geraldo é para parar Ney. “O pessoal acordou, viu que o Ney está preocupado em montar um grupo político dele, ele ‘não vai me ajudar enquanto deputado [Jorge] Caruso, não vai me ajudar enquanto deputada Analice, enquanto deputado A, B, C, D’. Ou seja, ele não tem nada para oferecer. Ao contrário. Tem a usar, como usou todos os partidos [aliados]. Só que uma hora a máscara cai. Graças a Deus, caiu mais cedo do que imaginávamos”, diz.

“Temos que cortar o mal pela raiz para a árvore ruim não se expandir. A raiz está em Embu”, afirma. Sobre o apoio do PSDB, ele avalia que Ney “é um mal para a cidade” e que a sigla errou. Exemplifica que Ney não reconheceu que Chico Brito o “ajudou” na eleição e “influenciou” os vereadores a reprovar as contas do ex-prefeito. “A índole dele é negativa. Passamos por este momento e temos que reverter, consertar o nosso erro, e só podemos consertar tirando o Ney.”

A tratativa entre Analice e Geraldo, petista, gera ceticismo. Até surgir a “ponte” Caruso, que também acusa Ney de não cumprir acordos. “Ele falou: ‘O PMDB de Embu vai caminhar com Geraldo Cruz na próxima eleição. Precisamos do PSDB! Falei: ‘Deputado, não dá, apoiar alguém do PT é loucura! Ele falou: ‘Não, não, ele não vai ficar no PT. Vai para PDT ou Pros’. Perguntei se não tinha nenhuma chance [de apoiar Ney]. Ele: “Zero. Já tomei minha decisão e não volto atrás”.

Procurado, Geraldo confirmou que esteve com Analice recentemente, mas foi evasivo sobre a sucessão. “Sempre tive um relacionamento cordial com a deputada, nunca tive nenhuma desavença ou atrito político, até por conta de sermos deputados da região. Fui ao gabinete dela e conversamos sobre outros assuntos, emendas orçamentárias e projetos dela. O assunto da eleição de 2020 ainda não entrou em pauta”, disse. A reportagem não conseguiu falar com Analice.

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