Hugo faz ‘exploração política’ de ato heroico e desvirtua título de cidadão de Embu

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O presidente da Câmara de Embu das Artes, Hugo Prado (PRB), entregou na sessão solene de aniversário de 60 anos da cidade, no sábado (23), o título de “Cidadã Embuense das Artes” a Leiliane Rafael da Silva, 28, que ficou conhecida ao fazer grande força para socorrer o motorista do caminhão atingido pelo helicóptero em que estava o jornalista Ricardo Boechat, no dia 11 passado. Apesar do ato heroico da jovem, Hugo desvirtuou a concessão da maior honraria de Embu.

Hugo (esq.) entrega título de cidadania de Embu a Leiliane
Hugo (esq.) entrega título a Leiliane; regimento fixa homenagem a pessoa que ‘tenha prestado serviço’ a Embu

De acordo com o regimento interno da Câmara Municipal (art. 122, alínea “d”), o título de cidadão de Embu deve ser conferido “a pessoa que, reconhecidamente, tem prestado serviço ao Município” – na íntegra, o texto diz que “Constitui matéria de Projeto de Decreto Legislativo: […] d) concessão de título de Cidadão Honorário ou qualquer outra honraria ou homenagem a pessoa, que reconhecidamente, tenha prestado serviço ao Município”. No entanto, não foi o caso.

Em justificativas para o projeto, a que o VERBO teve acesso, Hugo diz que a jovem vendedora seguia com o marido em uma moto na rodovia Anhanguera – em São Paulo – “quando, ao ver a queda do helicóptero, se prontificou a auxiliar o motorista, que sofreu ferimentos leves e estava com dificuldades para deixar a cabine do seu veículo”, e inclusive “ignorou mesmo o problema de saúde do qual sofre (malformação arteriovenosa) em razão de ajudar o próximo”.

Hugo justificou ainda o título ao concluir que “sua ação [da jovem] é exemplo concreto da força e determinação da mulher e deve ser lembrada no Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março”. Apesar de não mencionar nenhuma contribuição ou relação da homenageada com Embu, como exige a lei da honraria, Hugo diz, curiosamente, conceder o título à agraciada “pelos reconhecidos e relevantes serviços prestados à comunidade embuense das artes”.

Leiliane é moradora do bairro de Pirituba (zona oeste da capital). Na sessão solene, o próprio prefeito Ney Santos (PRB), a quem Hugo tem obediência canina, fez referência ao fato de a homenageada não ter ligação com Embu, ao citar inauguração no Jardim Valo Verde. “Hoje mesmo vamos entregar 115 apartamentos para nossa população, pessoas – Leiliane, que não é daqui, só para você ter ideia – que, desde 2001, estão morando em barracos em cima de rio”, disse.

Apesar do reconhecido ato da jovem no acidente (além de Boechat, morreu o piloto Ronaldo Quattrucci), Hugo, a quem como presidente caberia respeitar o regimento, foi tachado de fazer “exploração política” do fato e “oportunista” por parte dos moradores. Hugo não se manifestou. Há duas semanas, Annis Bassith, único emancipador de Embu vivo, disse que “eles [os vereadores] não imaginam o que é ser cidadão embuense”. “Eles dão o título a torto e a direito.”

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