ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no centro de Taboão da Serra
O presidente da Câmara, Marcos Paulo, o Paulinho (PPS), disse que na sessão solene em celebração aos 60 anos de Taboão da Serra, na terça-feira (19), ele e os demais vereadores opositores trataram o prefeito com deferência e “diplomacia”, mas Fernando Fernandes (PSDB) só teve a palavra para discursar por último, com o Cemur já com muitas cadeiras vazias, ao contrário dos anos anteriores, e foi hostilizado por apoiadores de Moreira (PSD) enquanto falava.
Os vereadores conferiram a medalha “19 de Fevereiro” (data da emancipação de Taboão) a dois indicados, cada, 26 homenageados no total. Ao passar aos agraciados a segunda maior honraria da Câmara – atrás apenas do título de cidadão -, os parlamentares do “BIH” (“independentes”) e o da oposição fizeram saudações formais ao prefeito. Por outro lado, Fernando ouviu menções efusivas ao adversário ex-prefeito Evilásio Farias (PSB), convidado especial.
Além do cumprimento quase imperceptível, Fernando não escapou de “indiretas” de rivais ao exaltar Paulinho, caso de Érica Franquini (PSDB), que também citou os servidores municipais, ainda sem aumento salarial. “O aniversário não é nosso, é dos munícipes, dos funcionários públicos, dos que fazem a diferença nesta cidade. […] E parabenizo você, presidente, a festa está linda, nunca vi a casa tão cheia”, disse. Fernando não apoiou Paulinho para presidir a Câmara.
Érica ainda cumprimentou o “meu amigo” presidente da Câmara de Embu das Artes, Hugo Prado, e a “minha suplente de deputada federal Ely Santos, minha amiga”. Antes, Carlinhos do Leme (PSDB) também saudou o vereador e a “minha amiga Ely Santos, suplente de deputada federal, irmã do [prefeito] Ney Santos”, hoje desafeto de Fernando. Antes de compor o palco das autoridades, Ely, ao saber que ia ser chamada, demonstrou receio e disse esperar não ser vaiada.
Paulinho se amparou no viés institucional e fez uma fala própria de quem não faz parte do governo, ao agradecer Fernando por dar “a honra nesta sessão solene de marcar presença e também ceder o espaço”, apesar do tom afável. Antes, Eduardo Nóbrega (PSDB), apesar de liderar o “BIH”, fez discurso de conciliação ao prefeito ao criticar a gestão Evilásio na causa animal. Ao chamar Fernando para receber flores e posar para foto, porém, ouviu apoiadores vaiarem.
Governista, Priscila Sampaio (PRB) evidenciou a “sisudez” dos opositores. Ela se referiu a Fernando como “um homem competente, que tem feito da nossa cidade uma cidade desenvolvida”, e mandou abraço à deputada Analice Fernandes (PSDB), “uma mulher guerreira que merece todo o nosso respeito”. Com a negativa de Fernando em apoiar Ely, os vereadores do “BIH” abandonaram o apoio à mulher do prefeito – que foi atacada por Ney e assessores próximos.
Se as alfinetadas passaram despercebidas a “olho nu” – por moradores alheios aos embates entre os vereadores dissidentes e o prefeito -, Fernando foi fustigado frontalmente, porém, ao discursar, com os convidados dos opositores nos principais lugares do espaço. Além de falar só depois de cada uma das homenagens, após duas horas de sessão, ele se dirigiu ao público após discurso de Moreira “acender” os apoiadores com referência à entidade Solar dos Unidos.
Ao contar lembranças sobre a vida dos homenageados conhecidos por estar há mais de 40 anos em Taboão e ser eleito quatro vezes para governar a cidade, Fernando foi alvo de protestos – contidos – de apoiadores de Moreira, sentados em frente à tribuna. Eles retrucavam falas do prefeito e cobravam a volta do convênio para a entidade, além de elogiar Moreira. Sem parecer que rebatia o grupo, Fernando fez uma inflexão no discurso e respondeu à “claque” do vereador.
“Falei que ia falar pouco e já estou falando ‘uma’ hora”, disse Fernando. “É verdade”, ironizou um apoiador de Moreira. “‘É verdade’ sabe por quê? Porque eu tenho história para contar desta cidade, vivi esta cidade, tenho trabalho, tenho honra, eu e minha esposa Analice […]. Por isso, eu tenho a consciência tranquila, trabalhei muito por esta cidade!”, falou. E encerrou em tom ufanista. “Viva Taboão da Serra! Viva a cidade onde criamos os nossos filhos e que amamos!”
Em entrevista, Fernando não citou o episódio e procurou falar sobre “gestos” de aproximação com os dissidentes, como ter abraçado Alex Bodinho (PPS), estopim da crise na base governista. “Sou conciliador, a minha experiência na política e minha idade [67 anos] não permitem que eu seja da guerra. Isso pertence aos jovens. Acho que estou cumprindo meu papel, procurando conciliar, e conciliar significa não ‘olhar no retrovisor’. Isso não é bom para a cidade”, afirmou.
Também à imprensa, Paulinho disse que a sessão teve ar “diplomático”, apesar das vaias. “Tentei ser o mais cordial possível com os vereadores, com as autoridades, com o prefeito. Comemoramos a cidade, independente de situação, oposição, bloco independente. […] Teve vaia da parte deles [governo], um pessoa da oposição foi infeliz [em vaiar], [mas] automaticamente peguei o microfone e agradeci o prefeito. Hoje foi uma sessão solene, de harmonia”, declarou.
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