RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Onze dos 15 cães de raças de médio porte descobertos em espécie de canil clandestino no fundo de quintal em imóvel no Jardim Santa Clara, em Embu das Artes, estão em lar provisório em Valinhos (84 km de SP, na região de Campinas). Os cachorros foram encontrados na terça-feira (15) em condições degradantes – muitos passavam o dia inteiro sob sol ou chuva, outros ficavam fechados em pequenas caixas, e alguns chegavam a praticar canibalismo para se alimentar.
O coordenadora do Instituto Eu Sou o Bicho em Embu, Mara Cruz, e outros ativistas, acompanhados de profissionais do Centro de Zoonoses e da Guarda Municipal, chegaram ao criadouro ilegal graças a denúncia anônima. O local tinha ainda cerca de dez pássaros e 15 ouriços pigmeus africanos, cuja criação é proibida. Duas aves criadas irregularmente e os ouriços foram apreendidos. Machucados e doentes, os animais dividiam espaço ainda com material de construção.
Os ativistas retiraram de imediato do imóvel uma parte dos cães. “Estou aqui ainda. A gente conseguiu transportar quatro animais. Falta transportar o restante ainda, a gente está esperando o transporte para finalizar isso hoje”, disse Mara ao VERBO na quarta-feira pouco antes das 22h. Ainda naquela noite, por volta de 23h30, o restante foi retirado do local. “Acabamos de resgatar todos os animais”, informou à reportagem a coordenadora do instituto no município.
Os 11 cães foram levados, para Valinhos, para a propriedade de um profissional que lida com os pets, provisoriamente. “O Symon [Castro], adestrador, tem um espaço grande e os abrigou até a determinação judicial”, afirmou Mara. Ela salientou que os cães não serão postos para adoção até autorização da Justiça. A ação teve a participação das ativistas Cris Lacet, Fátima Bom, da página “Bem Animal”, e de Symon. A veterinária Luciana Cortes atestou os maus-tratos.
Em rede social, Mara descreveu que “animais se comem vivos em criadouro de fundo de quintal em Embu” e advertiu contra o comércio ilegal. “Você que compra animais é responsável por esses maus-tratos, pois financia gigolôs de animais […]. Não seja colaborador de tanta maldade, as pessoas não têm noção do que esses animais passam em poder desses criminosos”, disse. O dono estava no imóvel durante a ação e foi levado à Delegacia do Meio Ambiente.
EXPLORAÇÃO POLÍTICA
Nesta quinta (17), o prefeito Ney Santos (PRB) fez uma postagem em que afirmou que o canil foi fechado pela GCM e se limitou a dizer “os cães foram resgatados pelos protetores da região e equipe de zoonoses da prefeitura”. Uma ativista na ação acusou exploração política. Ela disse que “terminamos a missão [levar os cães para Valinhos] quase às 3 horas da manhã”, e os outros quatro “foram para um hotel que teremos que pagar mensalidade, além de outros gastos”.
“Nós vamos arcar com todas as despesas, transporte dos animais, ração, vacina, castração, hotel, pagamos veterinária para fazer o laudo técnico, porque as duas veterinárias do CCZ [Centro de Controle de Zoonoses] estão de férias. A GCM fez o papel dela, eles [guardas municipais] são fantásticos, mas esqueceram de dar os créditos a quem realmente trabalhou. Nós que tiramos os animais de lá sozinhos”, protestou a ativista, que pediu para não ter o nome revelado.
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