Justiça proíbe ‘manobra’ de Ney de fundir Conselho da APA Embu com Meio Ambiente

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A Justiça de Embu das Artes concedeu na quarta-feira (19) liminar contra a fusão dos conselhos municipais da Área de Proteção Ambiental Embu Verde e do Meio Ambiente (Comam) com a determinação de que a prefeitura e a Câmara não tentem apresentar e votar qualquer projeto de lei sobre a fusão dos dois organismos. A decisão foi pleiteada pela Sociedade Ecológica Amigos de Embu (Seae), que apontou ilegalidade na “manobra” do governo Ney Santos (PRB).

Assembleia do Conselho da APA em que
Assembleia do Conselho da APA em que governo Ney afirmou levar proposta da fusão adiante; Justiça barrou

Na ação civil pública que impetrou, a Seae apresenta extensa lista de argumentos contra a fusão e acusa retrocesso na defesa do meio ambiente e na participação da sociedade. “O conselho gestor [da APA Embu] é um órgão democrático e não pode ser atacado ou ter a o seu alcance diminuído. A tentativa de extinguir o conselho, instituído há dez anos, é uma ação antidemocrática patrocinada pela prefeitura”, afirma o advogado Heitor Tommasini, que assinou a ação.

A Seae acusa que a real intenção da prefeitura com a fusão é aprovar empreendimentos controversos ou suspeitos na área de proteção, já que o Comam é controlado pelo governo. “O conselho da APA possui vagas garantidas aos moradores, como exige a lei federal do Snuc [Sistema Nacional de Unidades de Conservação]. Os membros têm lutado pela preservação ambiental e resistido a pressão”, diz o presidente da Seae, Rodolfo Almeida, ouvido pelo VERBO.

“A prefeitura quer diluir essa força, aparelhando o conselho com moradores e entidades dos seus currais eleitorais, criando conflitos que não existem”, afirma Almeida, que não tem dúvida sobre a finalidade. “Especulação imobiliária. As cooperativas habitacionais querem terra barata, movimentam volumes financeiros enormes e pressionam o governo. Querem as áreas florestadas para expansão urbana, sem passar pelas ferramentas democráticas de controle social.”

A decisão judicial ocorreu após conselheiros da APA e o Seae irem à Justiça, ao fim da última assembleia do conselho, na quarta-feira (19), que foi tensa. A prefeitura alegou que a unificação trará melhorias ao meio ambiente da cidade, mas não apresentou projeções e soluções para os problemas atuais. Moradores lotaram a assembleia, questionaram e se posicionaram contrários à união dos conselhos, o que levou à suspensão da reunião, sem qualquer votação.

O secretário Evandro Sartori (Meio Ambiente) deixou clara a intenção de levar a fusão adiante mesmo após o Ministério Público se manifestar contra. A gestão Ney tentou encaminhar a “manobra” ao consultar o MP sem antes apresentar e debater a proposta com a população. “No momento da consulta, essa promotora de Justiça entendeu que, se não houvesse óbice legal e se a legislação municipal fosse modificada, a unificação seria possível”, disse Adriana Delbuc.

“Entretanto, analisando detidamente a lei 9.985/2000, […] na medida em que a lei federal prevê a necessidade de um conselho próprio para a APA, verifica-se que não é possível a unificação dos conselhos, eis que a lei municipal não pode contrariar a lei federal. Ante o exposto, recomenda-se que esta prefeitura se abstenha de propor legislação municipal para unificação […], ante a impossibilidade legal da proposta”, manifestou-se a promotora Adriana, ainda em outubro.

Sobre a decisão judicial contra a fusão, que proíbe que o governo apresente e a Câmara vote projeto pela unificação, o presidente da Seae avaliou que “foi a melhor coisa que poderia acontecer ao meio ambiente da cidade neste final de ano”. “Mostrou que a comunidade tem razão e os conselhos precisam ser respeitados”, diz Almeida. O VERBO procurou o prefeito para comentar declarações de Almeida sobre o interesse do Executivo com a alteração. Ney não respondeu.

> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE

comentários

>