Após Ricardo falar para Danilo ‘honrar as calças’, Câmara elege presidente nesta 5ª

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Os 17 vereadores da Câmara de Embu das Artes elegem o presidente, vice, o primeiro, segundo e terceiro secretários nesta quinta-feira (20), às 10h, com “carta marcadas” já sobre os que serão escolhidos, em obediência “cega” dos 13 governistas à ordem do prefeito Ney Santos (PRB) – que manda na Casa apesar da retórica de poderes independentes. Mas a definição da mesa-diretora para 2019-2020, em falsa calmaria, acontece após arranca-rabo há duas semanas.

Vereadores
Vereadores Hugo, Gilson, Doda, Daniboy e Carlinhos (a partir da dir.), que devem formar nova mesa-diretora

Na sessão no último dia 5, o vereador Ricardo Almeida (PRB), governista, apontou que Júlio Campanha, que se licenciou para assumir a Secretaria de Cultura, preparava a volta à Câmara, e para conquistar a presidência da Casa, com a “fiel” ajuda do vereador Danilo Daniboy (DEM), futuro genro do veterano parlamentar. Conforme apurou o VERBO, Júlio procurou a vereadora Rosângela Santos (PT), de oposição, para uma reunião, em ida atrás de votos para presidente.

Rosângela e os vereadores André Maestri (PTB) e Edvânio Mendes, da oposição, foram e levaram à reunião Ricardo e o vereador Joãozinho da Farmácia (PR). Fechado com a chapa imposta por Ney, Ricardo estranhou a conversa de Júlio se lançar candidato. Dias depois, Ricardo soube que Júlio e Daniboy tinham “tirado o corpo fora” e dito a Ney que ele e Joãozinho eram os que articulavam, com a oposição, uma virada de mesa para tirar a presidência do escolhido de Ney.

Em plenário, Ricardo soltou a fúria contra Daniboy, mas também ao futuro sogro do colega. “Temos que honrar as calças que vestimos, não podemos vender o nosso colega como o senhor fez, como o senhor Júlio Campanha fez, eu não vou aceitar. Se o senhor tem pretensão de sentar nesta cadeira e assumir esta presidência, seja homem e vá até o fim. Não vá com o projeto e depois volte para trás, e saia vendendo os companheiros de trabalho”, avisou Ricardo.

“Tome vergonha na cara! O senhor tem que tomar vergonha na cara! Homem que é homem honra as calças, fala na cara. Eu falo para o senhor: fofoca para mulher é feio, mas fofoca para homem é ridículo, não dá para engolir. Fica a dica para os 16 vereadores, me vendeu, a coisa vai ferver. Este governo tem dado o sangue para esta cidade melhorar, mas por causa de determinadas pessoas não andamos para frente, estamos atolados, num lamaçal”, disparou Ricardo.

Em aparte, Daniboy foi irônico. “Eu não estou entendendo esse showzinho que o senhor está fazendo”, disse. “Está entendendo, sim, toma vergonha nesta cara!”, falou Ricardo. “O senhor me concedeu o aparte ou não?”, disse Daniboy, que pôde prosseguir. “Primeiro, o Júlio Campanha nem voltou a assumir aqui a cadeira que pertence a ele, até porque está desenvolvendo um bom trabalho como secretário”, disse. Na galeria, o poeta Mané do Café discordou e protestou.

Daniboy criticou Ricardo. “O senhor faz uma fala irresponsável, em nenhum momento vendi o senhor para ninguém. Usou o meu nome de forma infantil, como sempre gosta de estar por cima das pessoas, só por ser da Igreja Universal [que tem potencial eleitoral] acha que nunca vai precisar de ninguém. Ao contrário do que disse, se o Júlio viesse para presidente, eu votaria nele, não escondo, sou homem suficiente para falar na frente do prefeito, de quem for”, disse.

Ricardo disse que nunca exaltou a Universal na sessão e ser vereador de todos os munícipes, independente de religião. “O senhor se diz preparado, mas não tem preparação nenhuma. Quando contar a história, conta direito, [conta] que levou [à reunião] os vereadores Edvânio, Rosângela, André, Joãozinho e eu para nos vender. Quer a presidência, tenha culhão! Vá até o fim, não me venda. Não tenho rabinho sujo com ninguém, ao contrário de alguns aqui”, engrossou.

André enalteceu Ricardo. “O senhor não está dando nenhum show, tudo o que o falou foi a pura verdade. Tenho dó de quem é covarde, de perder a oportunidade de ganhar a presidência. Ele [Júlio] demonstrou que não serve nem para ser vereador. Se tivesse postura de homem, teria mantido a candidatura que falou para nós”, disse. Júlio pediu exoneração, mas recuou após Ney ameaçar retaliação – ele deu a versão de que servidores pediram para que ficasse na secretaria.

André, que se lançou a presidente da Câmara logo após as eleições gerais, em outubro, reforçou, diante do “fogo amigo” na base governista, postular o comando da Casa, contra a submissão do Legislativo ao prefeito na gestão Hugo Prado (PSB). “Eu não tirei o meu nome, sou candidato, quem tiver em dúvida e quiser um presidente independente para defender o Legislativo, onde se defende o interesse do povo, vai ser muito bem vindo o voto de vocês”, declarou.

Como não vingou a articulação que contava com oito votos e faltava um para a virada de mesa para desbancar Hugo, a chapa definida por Ney com “amém” declarado dos governistas – em vídeo, há quase dois meses – deve ser a vitoriosa. A Câmara de Embu terá como presidente Hugo, reeleito, Gilson Oliveira (MDB), vice-presidente, Doda Pinheiro (sem partido, ex-PT), primeiro-secretário, Daniboy, segundo-secretário, e Carlinhos do Embu (PSC), terceiro-secretário.

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