ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Pirajuçara, em Taboão da Serra
Líderes e seguidores da umbanda e do candomblé – inclusive crianças –, apoiadores e simpatizantes realizaram na fria tarde do último domingo, dia 27, a 2ª Marcha dos Orixás de Taboão da Serra. Os participantes se reuniram em frente a shopping popular no Pirajuçara, caminharam pela movimentada estrada Kizaemon Takeuti e se concentraram na esquina com a rua Antônio de Oliveira Salazar, ao lado de hipermercado. A manifestação religiosa reuniu cerca de 30 pessoas.
“Não importa quantos somos aqui, mas o sentimento que nos reúne. Estamos lutando contra a intolerância religiosa, que aceitem e entendam nossa religião. Orixá é vida, é água, mata, pedra, vento, saúde, alegria, paz. Vamos pedir aos orixás em prol da fé, liberdade, harmonia”, disse ao microfone o babalorixá Ribamar de Xangô. A marcha teve apoio da prefeitura, através da Secretaria de Cultura – viaturas da Guarda Municipal, de trânsito e ambulância acompanharam o grupo.
“Para quem nos chama de macumbeiros, a maldade não está no culto, está no coração das pessoas. Cultuamos a Deus, na nossa religião pregamos que cada um tenha sua vida com alegria, liberdade, e também buscamos a unidade religiosa com padres, pastores. Somos todos iguais perante aquele é maior”, salientou o sacerdote. O secretário municipal de Educação, João Medeiros, e o coordenador da Igualdade Racial, Antônio Sousa Santos, também participaram da manifestação.
Wanderley Bressan, da ONG Diversitas, apoiadora da marcha, apontou grandes desafios. “Em tempos de Marco Feliciano e Jair Bolsonaro [deputados federais], que atacam nossa cultura e tradições, temos que nos manifestar e dizer que nossa fé é legítima e deve ser respeitada. Esse é o grande exercício da cidadania para esta cidade, Taboão da Serra é dos orixás”, discursou. O evento, iniciado em 2012, teve como lema “Não calem nossos atabaques, não toquem nos nossos terreiros”.
Com típicas vestes brancas ou coloridas e dança em ginga com os braços ao som de canto e batidas do instrumento, os religiosos foram, porém, alvos de resistência. “Vai entender, né?”, disse uma jovem diante do VERBO ao ver o grupo no pátio do shopping. “Que coisa esquisita. Não é complexo, não, mas não gosto desse segmento. Estranho, né?”, falou um homem. Em marcha, os participantes foram olhados com curiosidade, mas muitas pessoas fizeram expressão de rejeição.
O segurança Eduardo Costa, 52, falou para um colega: “Tô fora, é candomblé, você tá doido?” À reportagem, contou ser evangélico e disse: “Sou indiferente, cada um tem que seguir o que acredita. Estava brincando”. O grupo também teve aceitação. O empresário João Gomes, 41, pegou o celular e gravou. “Para mostrar à namorada, achei curioso. Faço direito, acho normal, temos que respeitar as diferenças religiosas. Cada um tem sua crença, não é a minha, mas eu respeito”, disse.