RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O vereador Júlio Campanha (PRB), que assumiu a Secretaria de Cultura em junho, deve voltar à Câmara na quarta-feira próxima (21). Ele pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira e já teve portaria assinada hoje. Júlio virou secretário para Gideon dos Santos (PRB) ocupar a vaga em troca de apoio de um grupo político ao qual é ligado, a Casa Rosada, por votos aos candidatos do prefeito Ney Santos (PRB), o mentor do “acordão” eleitoreiro – que, porém, fez água.


Gideon estava no centro de uma manobra que se revelou mais “descarada” por não ser o primeiro suplente do PRB. Dedé (PRB), que teve mais votos (1.326) que Gideon (1.202), é quem deveria herdar a vaga. Ele estava apto a assumir, mas foi “rifado” da vereança por ser “empecilho” para o acordo. Dedé, que estava em cargo braçal na Secretaria de Serviços Urbanos, recebeu de Ney a “compensação” de secretário-adjunto de Emprego – para não criar problema.
Com a obediência “servil” de Hugo, diretamente interessado na manobra, Ney cooptou Gideon em evidência de que reconhecia que já enfrentava alta rejeição ao governo, diante de medidas “desastrosas” como ter criado a taxa de lixo, e consequente dificuldade de emplacar os candidatos que estava lançando. Diante da insatisfação da população com a gestão que tocava, Ney procurou garantir muitos votos fora da cidade aos apadrinhados para também não fracassar.
Gideon, que tinha sido descartado por Ney ao não se eleger vereador e fazia críticas ao prefeito, topou o “acordo” logo. Ele, curiosamente, rejeitava a taxa de lixo criada por Ney – na gestão Marta Suplicy, ele, que antes atuava em São Paulo e era do PT, condenou a “Martaxa”. Com a Casa Rosada por trás, Gideon garantiu a Ney que ia conseguir na zona leste da capital e região, “curral eleitoral” do grupo político, 40 mil votos para Ely e Hugo, com sorriso de convicção.
As urnas revelaram, porém, um grande fracasso da estratégia, um fiasco da “transferência de votos” da Casa Rosada, e Ely e Hugo perderam a eleição. Na cidade de São Paulo como um todo, Ely teve desconcertantes 3.719 votos, do total de 49.426 (7,5%) – ficou com a segunda suplência. Hugo teve pífios 4.567 votos, de 46.757 (9,8%) – quinto suplente. Considerados os votos só na região de influência do grupo político, ambos receberam ainda menos votos, nem 10%.
Na primeira sessão após as eleições, no dia 10 de outubro, o vereador Edvânio Mendes (PT) tripudiou na derrota de Ney em não eleger Ely e Hugo e ironizou o grupo com o qual fez “jogada” eleitoreira. “A decepção veio acompanhada de um grande vexame do prefeito. Até alertei para ele não ter a foto nos santinhos, porque está com 80% de rejeição na cidade. Podem falar que não, mas a população deu a resposta […]. A Casa Rosada amarelou. Era rosa, amarelou”, disse.
No pedido de exoneração, Júlio fez protocolares agradecimento a Ney e elogio à equipe da pasta que chefiou por cinco meses, mas alegou precisar voltar à Câmara – logo após as eleições. “Tal decisão se faz necessário [sic], pois tenho q reassumir ao [sic] meu verdadeiro compromisso que é o de ser representante da nossa querida população embuense na qual [sic] fui eleito vereador, para isto”, escreveu. “Pedi exoneração da prefeitura”, confirmou Júlio ao VERBO.
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