ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Ney Santos (PRB) descartou o candidato a governador Márcio França (PSB) para apoiar o postulante do PSDB, João Doria, como “jogada” para que, com o tucano vitorioso, eleitos da coligação venham compor o governo e a irmã Ely Santos (PRB) herde vaga de deputada federal, mas o próprio PSDB não quer a proximidade de Ney por ser réu por associação ao crime organizado. “Com Ney não tem acordo”, disse o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias.
A cúpula do PSDB comentou sobre as ligações de Ney no mês passado ao discutir o rompimento de quatro vereadores do partido em Taboão da Serra com o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e a possível expulsão do grupo pela desavença por Fernando não aceitar propaganda eleitoral da mulher, a deputada estadual Analice Fernandes (PSDB), com Ely. Tobias manifestou solidariedade a Fernando, quando não deixou de expressar repulsa a Ney pela “fama”.
“Sou presidente de partido [PSDB], defendo o partido. Estamos com você [Fernando], [tem nosso] apoio. Não sei como [os vereadores do PSDB em Taboão] foram perder a cabeça e apoiar o grupo político do prefeito de Embu. Todos nós sabemos a situação dele na Justiça. É lamentável”, afirmou Tobias, ex-deputado estadual. Fernando explicou que os dissidentes insistiram “várias vezes” para convencê-lo a autorizar a “dobrada” de Ely com Analice, mas não deixou.
O dirigente endossou a decisão do prefeito e criticou os “rebeldes”, quando subiu o tom da reprovação a Ney. “Fez bem. Não pode também juntar você com essa turma. Não pode. Tem muita diferença. Não é diferença política, ideológica. É diferença de caráter, de ética, de mais coisas”, disparou o presidente. Questionado, Fernando disse que não se arrependeu em não permitir a “dobrada” diante da crise política gerada com quatro dos cinco vereadores do PSDB.
“Não me arrependo nenhum segundo, nenhum milésimo de segundo da atitude que tomamos. Nunca tive problemas com dobrada [nas várias campanhas]. Mas nesse particular [vida pregressa de Ney] para mim é um problema”, disse Fernando, que evitou falar sobre o tema. No entanto, dias antes, ele alegou que não quis a dobrada por Ney ser denunciado pelo Gaeco (promotores contra o crime organizado). “Ele teve que se tornar foragido da polícia”, disse.
A polêmica foto de Geraldo Alckmin (PSDB) com Ney em 2010 foi lembrada, mas Tobias desdenhou. “Coitado. Um governador chega a uma cidade e tira mil fotografias, nem sabe com quem está tirando. E um deles foi o Ney. Pagou a conta”, disse. Ele até lembrou, em tom pitoresco, que um dia o deixaram “com medo” quando parou em um posto de gasolina, viu um Porsche vermelho e falaram que Ney estava no local. “Na época, eu o atacava muito na Assembleia.”
Fernando procurou distinguir a situação da briga em Taboão e, de quebra, desvincular o ex-governador do réu. “Geraldo era candidato a presidente da República [na verdade, a governador], o Ney era candidato a deputado federal. Foi num evento político em que o Ney se aproximou, e Geraldo foi cortês, falou que era um candidato novo, era renovação. Ele foi apresentado naquele momento. E naquela época não pesava contra o Ney tudo isso de agora”, disse.
Ao longo da coletiva, Fernando evitou a todo custo abordar o processo a que Ney responde, ao contrário do dirigente. Indagado se apoiava Fernando em não querer proximidade política com Ney pela “ficha” dele, Tobias louvou a decisão. “Sem dúvida nenhuma! É nossa sugestão não só para ele, mas para todos os nossos prefeitos. Não tem meio termo. Com o Ney Santos não tem! Não tem acordo!”, declarou. Questionado sobre as afirmações de Tobias, Ney silenciou.
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